quinta-feira, 23 de maio de 2013

Fumetti: Sharaz-de, Dr. Morgue.


Sergio Toppi (2000). Sharaz-De. Saint Égrève: Mosquito.

Um sublime revisitar das lendas das 1001 noites, esse texto que alimenta os mais exóticos sonhos orientalistas. Sergio Toppi, um dos grandes mestres italianos da banda desenhada, dá-nos um olhar muito pessoal sobre alguns dos contos do clássico literário. Mas não é da narrativa que vive esta obra deslumbrante. O que a faz pulsar é o traço único deste autor, fortemente expressionista, com um trabalho espantoso de linha que confere uma solidez pétrea às suas imagens. Não há limites nas vinhetas, as imagens dissolvem-se entre si num misto de ilustração e banda desenhada. O trabalho a preto e branco é espantos,e  meio do álbum Toppi brinda-nos com umas etéreas páginas de cor, onde o traço pétreo se mescla com a cor difusa. Mais do que narração sequencial, temos neste livro uma narração pictórica, em que os diversos elementos se conjugam num todo dentro de cada prancha. O traço de Toppi marcou uma época, contemporâneo do barroquismo de Druillet e fortemente influenciador do trabalho de desenhadores mais recentes como Dave McKean ou Bill Sienkiewicz, autores que transformam a banda desenhada em espaço de experimentalismo pictórico estéticamente belo. Sharaz-De é uma obra deslumbrante que nos dá um fascinante vislumbre de um dos grandes nomes do fumetti.


Rita Porretto, Silvia Mericone (2011). Dr. Morgue: La Morte Perfetta. Perugia: Star Comics.

Um intrinante giallo com uma premissa interessante: um médico legista quase autista, incapaz de compreender as relações humanas mas capaz de falar com as vítimas de assassínios que investiga. Meticuloso, é capaz de discernir os padrões mais difusos e assim consegue encontrar os culpados de crimes aparentemente insolúveis. Há um elemento conspiratório onde uma elementos de uma poderosa organização sombria se divertem a congeminar crimes complexos para intrigar o idiosincrático doutor Morgue.