"That cadaver-shell is just container-support. I live here now, in the Over-World. Pat this avatar on the back, I feel it." (p. 751)
Um dos personagens de Existence de David Brin, é uma jornalista que é ferida com gravidade quase terminal num ataque terrorista que consegue debelar graças ao seu faro profissional e a colaboração de um grupo de interesse na internet (crowdsourcing em tempo real, aproveitando os esforços de indivíduos curiosos, como a wikipedia, mas no imediato). Profundamente ferida, com danos corporais irrecuperáveis, é enfiada num casulo médico e sujeita a terapias que a mantém viva. O seu cérebro é invadido por nano-sondas que mapeiam as conexões neuronais e a ligam à rede global de comunicações. A jornalista aceita tornar-se num ser virtual ancorado no real, um corpo ligado a máquinas cuja mente vagueia livremente pelas redes globais e mundos virtuais.
"Come on, people and people-helpers. Feedme here! Tear yourselves away from the TV and do what you are good at. Bugging the universe with curiosity." (p.784)
Palavras saídas da personagem que mescla o real e o virtual, mas que resumem sucintamente o apelo das redes de comunicação e informação. Chatear o universo com a curiosidade humana.
Pois. Existence é viciante. Não é um dos melhores romances de ficção científica que li, e a qualidade literária de Brin não é grande coisa. Mas como infodump massivo de ideias futuristas contemporâneas, conceitos bleeding edge e extrapolações verosímeis de impactos tecnológicos ou tendências culturais e sociais? Está genial!