segunda-feira, 25 de junho de 2012

Criatividade e ferramentas digitais

Nos contextos sociais e educativos atuais pensamos que já não é possível dissociar a utilização de meios digitais da aprendizagem de técnicas artísticas. As ferramentas computacionais de expressão plástica marcaram um território próprio, abrangendo formas de expressão que vão do desenho digital à tridimensionalidade hiper-real e à utilização de código e hardware como elementos plásticos. No ensino das artes consideramos ser desejável que mesmo nos níveis mais elementares se tire partido da riqueza destas novas linguagens como mais-valia conferida à aprendizagem dos alunos. Não queremos desvalorizar o ensino de meios tradicionais, apenas apontar as novas possibilidades trazidas pelos meios digitais. Para além da descoberta das suas potencialidades plásticas, a utilização do computador como meio de criação por crianças e jovens estimula usos do digital que vão para além do consumo de produtos mediáticos e da recolha e tratamento de informação.

Mitchel Resnick fez no artigo Computers as Paintbrush uma apologia do uso de tecnologias digitais como estimuladoras da criatividade, focalizando as suas ideias numa observação do estímulo ao uso criador e propondo ferramentas e abordagens que permitam às crianças e jovens fazer uso criativo das tecnologias digitais, referindo que “children have many opportunities to interact with new technologies – in the form of video games, electronic storybooks, and “intelligent” stuffed animals. But rarely do children have the opportunity to create with new technologies” (2006, p. 4). Nesta perspetiva, os computadores são mais do que máquinas de informação, sendo meios de expressão criativa que possibilitam aprendizagens eficazes se baseadas em mais do que interação com conteúdos pré-elaborados, apontando para uma construção ativa e criativa de conhecimento alicerçada no potenciar os uso da tecnologia através do envolvimento dos interesses pessoais dos alunos na construção de projetos em grupos utilizando formas distintas de trabalho.

A tecnologia na escola pode oferecer à generalidade dos alunos de forma estruturada e abrangente aquilo que alguns já fazem individualmente, potenciada com enquadramento pedagógico que aproveite capacidades de uso criativo de meios digitais integradas na construção de conhecimento.