quinta-feira, 10 de maio de 2012

Black Kiss

Howard Chaykin (2000). Black Kiss. Seattle: Eros Comix.

É capaz de haver uma narrativa algures neste livro, mas Chaykin está tão preocupado em mostrar dinamismo e ritmo alucinado que qualquer tentativa de coerência se perde numa vertigem de contrastes a preto e branco. Reflecte o trabalho de um estilista com uma iconografia muito própria e fundamentalmente imutável. Em parte, lê-se como uma lista onde foram colocadas cruzinhas a cada item retratado. Um pouco como uma versão resumida dos temas da obra de Marquês de Sade, espalhada em pranchas que vão demonstrando cada item. Obra criada para chocar, Black Kiss lê-se pelo que é, um artefacto datado elaborado para pisar o risco moral com uma ilustração soberba. A linha narrativa assemelha-se a um catálogo de perversões onde o leitor é lançado a um ritmo alucinante ao tom do estilismo retro que caracteriza o traço de Howard Chaykin.