segunda-feira, 31 de outubro de 2011

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Terror da realidade.

Porque hoje é véspera de finados... saúdem a bruxinha que vive dentro de vós. Deixem os esqueletos sair do armário. Evitem comidas temperadas com alho para não causar azia a algum vampiro mais incauto. Se ouvirem rosnar, uivar ou ganir... atirem um osso ao lobisomem. Digam um olá à escuridão e talvez uma alma penada vos sorria. Cozinhem um petisco no caldeirão, e deixem uns cérebros fresquinhos à porta para um qualquer zombie incauto. Ou então vistam um buril, e encapuzados rodeiem a estátua de um animalesco tentaculado enquanto entoam vocalizações dissonantes na invocação dos grandes anciães. Que, diga-se de passagem, se voltassem a este plano de realidade e pusessem tudo a ferro, fogo e vísceras não nos deixariam pior do que as acções combinadas de uma qualquer troika e classe política. Esta é a noite de nos divertir-mos com os horrores da imaginação, esquecendo um pouco o verdadeiro terror da realidade.

Voodoo #2


Voodoo é um daqueles novos títulos da DC Comics - 52 que se lê pela qualidade do argumento. Brinco, claro. A aposta é numa sexualização indisfarçada neste comic sobre uma alienígena capaz de mudar de forma que, por acaso, é sempre a forma de uma bela mulher. Curioso. Faz lembrar a playboy, em modo de comic de ficção científica.

150 Movies You Should Die Before You See


Steve Miller (2010). 150 Movies You Should Die Before You See. Cincinatti: Adams Media.

Confesso que gosto deste tipo de livros por a) me pouparem o visionamento de obras sofríveis mas por isso divertidas, b) serem escritos num tom jocoso que arranca sempre um sorriso inesperado. Esta obra não escapa a esta regras. Apresenta cento e cinquenta dos discutíveis piores filmes de sempre - uma classificação que depende de gostos, é certo, mas há obras perfeitamente inenarráveis que até têm estatuto de cinema comercial. Miller é particularmente agressivo com argumentos incoerentes e desempenhos de envergonhar os piores amadores, embora muitas vezes o absurdo está logo na premissa do filme. É com alguma pena que noto que boa parte dos maus filmes são de terror, mas isso talvez se deva ao carácter de curiosidade. Um mau filme de terror tem sempre algo de divertido. Um mau filme de outro género... é que nem há paciência para ver mais do que uns minutos. Essencialmente, estes são filmes que nos levam a pensar em como é que alguém os escreveu, produziu, filmou e desempenhou papeis em tão grandes monumentos de incompetência, se bem que isto seja característica comum a boa parte da cultura popular comercial (liguem a rádio ou a televisão e têm mais exemplos deste algoritmo cultural). É daquelas coisas que deixam o mais comum dos mortais estonteado pela falta de capacidade cerebral.

sábado, 29 de outubro de 2011

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3D


Já naquela altura... e agora ainda na mesma. O 3D ilusório é uma boa treta.

Science at School - Exponor

We were at Fundação Ilídio Pinho's exhibition Ciência na Escola (Science at School) at Exponor, Oporto, showing some of the science education projects selected for last year's science at school contest. Our booth showcased Agrupamento de Escolas da Venda do Pinheiro entry, Viagem de um Glóbulo Vermelho, a virtual world created by students who modelled elements of the blood and assembled a virtual museum after research and experimental activities under guidance from teachers Sónia Azevedo, Ana Piano and Artur Coelho.

Our booth at the exhibition.


Digital tecnhologies allow very zen-like presentations. We displayed an offline mode of the virtual world, projected on screen, another experiment in the crossing of science, arts and ICT, and an under the hood section, displaying original VRML models, Vivtay Studio files and other apps, to show how it was done. Unfortunately, we did not have internet acces, making impossible a demonstration of virtual interactions using Babel X3D.


We also used this opportunity to spread the word about the Babel X3D community. In a science fair full of models (non-virtual ones), posters, powerpoint presentations, scientific equipment and robotics we atracted quite a bit of attention from teachers and high-school students over the how-to build virtual worlds, educational uses applications used and the abilities of elementary school pupils in 3D and VRML/X3D. Representants from the portuguese Ministry of Education and Science central and regional structures, and Fundação Ilídio Pinho were dazzled by these virtual spaces, one of wich had been distinguinshed with a prize in the previous year iniciative.


As for elementary school students present... they loved to play in this virtual world. We hope to be present in the next year's iniciative, showcasing other virtual worlds created in class interconnecting learning and knowledge from different areas (in this case, science, arts and ICT) with content created by the students. The more we delve into VRML/X3D educational possibilities the more we think we've barely scratched the surface. All the students involved in the projects showcased here and in 3D Alpha - from the 5th/6th grades to the 3rd and 4th grades, deserve congratulations for they'r creativity and hard work.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Holy Terror


Frank Miller (2011). Holy Terror. Burbank: Legendary Comics

Este livro deixou-me indeciso. Será imensamente medíocre, uma mera estilização gráfica baseada num argumento inconclusivo, ou outro toque de brilhantismo de Frank Miller? O que faz a balança pender para o segundo ponto de vista é o grafismo muito pessoal do autor, aqui menos limpo que em Sin City embora mais expressivo e visceral. Por outro lado, esta história não convence. Esta anda voltas com um romance violento entre uma vilã e um herói (semelhanças com Batman e Catwoman serão coincidências, claro) numa noite em que a cidade explode debaixo de um ataque concentrado de terroristas islâmicos - e aqui podem inserir todos os estereótipos mediáticos sobre cabeças de turbante, bombistas suicidas, líderes religiosos e traficantes de armas, porque a superficialidade foi o caminho que Miller escolheu. Se o grafismo explode, a colagem desconjuntada de elementos claramente cooptados de outros comics e géneros faz o argumento ficar-se por uma narrativa superficial, chocante precisamente por este carácter. Violência gráfica, clichés, estilismo: eis este terror sagrado.

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quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Common Error


Mike Carey e Peter Gross, The Unwritten #30. As aventuras meta-literárias de Tommy Taylor e amigos já contam com trinta números de continuidade. Os mistérios adensam-se, mas o ponto de interesse deste comic está no seu carácter de ficção dentro de ficção, um toque borgesiano na cultura pop editorial.

Diplomacia pós-moderna




We engage in post-modern diplomacy. Frank Miller, Holy Terror.

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Entardecer, Ponte de Lima.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Shock Value


Jason Zinoman (2011). Shock Value: How a Few Eccentric Outsiders Gave Us Nightmares, Conquered Hollywood, and Invented Modern Horror. Nova Iorque: Penguin Press.

Zinoman centra a sua leve análise das raízes do cinema de terror contemporâneo num momento pivot da história do género: a época entre o final dos anos sessenta e os inícios dos anos oitenta em que o terror chocante, cerebral e amoral atingiu as salas de cinema. Antecedida como um sub-género alimentado de clichès e de uma certa decadência ridícula assente numa iconografia antiquada, e sucedida por um proliferar de obras de grande impacto mediático dependentes de vistosos efeitos especiais embora na maioria dos casos sem qualidade equivalente, a época retratada em Shock Value legou-nos alguns dos maiores e mais marcantes clássicos do cinema de terror - filmes como Rosemary's Baby, The Texas Chainsaw Massacre, Halloween, Alien, Night of the Living Dead ou The Shining, alguns dos quais geraram novos sub-géneros cinematográficos. O autor estabelece a análise através das teias de relações entre os principais realizadores e argumentistas, das suas lutas pessoais por colocarem no grande ecrã visões muito próprias, defendendo uma tese que encara estas obras como marcantes e momentos de viragem na forma como encaramos o filme de terror.

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Entardecer em Ponte de Lima

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

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Amanhecer, Coimbra

The Men Who Stare At Goats


Jon Ronson (2006). The Men Who Stare At Goats. Nova Iorque: Simon and Shuster.

Este livro tenta assumir-se como um relato verídico de tendências militares experimentais bizarras a roçar o absurdo, mas falha por não apresentar quaisquer fontes credíveis. Toda a narrativa é baseada em entrevistas a personagens coloridos de sanidade mental duvidosa. Isto transforma esta obra num arrazoado de teorias de conspiração mal definidas às voltas com usos militares de lsd, técnicas subliminares de interrogação e assassínio, visão psíquica remota, tentativas de atravessar paredes e o epónimo olhar capaz de parar o coração de bodes. É giro para umas boas gargalhadas na fronteira entre facto difuso e possível ficção... ou entre ficção difusa a pretender ser facto.

domingo, 23 de outubro de 2011

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Babel X3D Virtual Worlds Video Presentation



Uma apresentação vídeo de mundos virtuais alojados na plataforma Babel X3D. Para saber mais sobre mundos virtuais em VRML/X3D e suas utilizações, em particular educativas, visitem-nos em Babel X3D.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

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Babel X3D and the Artenautas Digitais


In October 20, 2011 as part of the educational, cultural and artistic project, "A Viagem do Artenauta" - Storytellers and creativity.in Ponte de Lima Dr. Vítor Cardoso and Artur Coelho taught the workshop Babel X3D and the Artenautas Virtuais showing the Babel X3D site, demos of virtual worlds and how to create avatars in Avatar Studio. Forty students from Ponte de Lima's secondary school and their teachers gained first hand knowledge of VRML/X3D worlds and delighted themselves using Avatar Studio.

Digital exhibition Ponte de Lima Virtual

Dr. Vítor Cardoso presenting Babel X3D and virtual worlds

One of the participants taking her first steps in Avatar Studio

Ponte de Lima: a view of the bridge, enhaced by the experience of visiting the town's recreation
in VRML/X3D.

These initiatives are important to get the message out about the wonderful uses and possibilities of this technology. We hope the students involved had as much fun discovering VRML/X3D as we did working with them! The digital exhibition is still on display in the computer room of Ponte de Lima's municipal library.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Wired fo War


Peter Singer (2009). Wired For War. Nova Iorque: Penguin Press.

Um livro sobre robots armados que patrulham os céus em busca de alvos, seguram metralhadoras pesadas ou desactivam bombas improvisadas? Ainda muito recentemente este seria um bom mote para uma obra de ficção científica muito especulativa. Hoje, é um estudo vertical sobre uma realidade comum nos campos de batalha mundiais.

Num número maior do que se imagina, e espalhados pelos quatro cantos do globo, hoje circulam aeronaves de combate autónomas controladas remotamente a milhares de quilómetros de distância, robots armados capazes de fuzilar com eficácia total os alvos mais incautos, robots de serviço que desarmam bombas e executam tarefas difíceis. O cenário não é bem Exterminador Implacável, é mais guerra de videojogo.

Singer traça um largo panorama do uso militar de robots, do seu desenvolvimento aos usos conhecidos. Após intrigantes descrições dos laboratórios de concepção e dos utilizadores, envolve-se em terrenos mais espinhosos: quais as consequências a libertação de sistemas mecânicos autónomos armados equipados com inteligência artificial nos campos de batalha? Quais os princípios éticos que permitem a um robot abater um ser humano, qual a ética (e espírito de corpo) de uma organização militar que combate remotamente, a milhares de quilómetros de distância, mediando a violência da batalha através de ecrãs de alta resolução? Quais as implicações para cadeias de comando, estruturas culturais e sociedade em geral? Singer não responde às questões que levanta, sinalizando que o rápido desenvolvimento da tecnologia robótica não está a ser acompanhado por respostas às novas problemáticas levantadas pela tecnologia. Uma coisa é questionar-mo-nos sobre as inquietantes percepções despertadas por um robot humanóide uncanny valley, outra é estarmos no lado errado de um míssil lançado por uma aeronave autónoma cujo piloto controla remotamente alguns aspectos de voo e tomou a decisão de disparar baseado numa imagem pouco clara, ou pior: estar na ponta errada de um sistema de defesa automático capaz de disparar milhares de balas num segundo que nos confundiu com um alvo legítimo (o que aconteceu a um avião comercial iraniano abatido pelo sisteam AEGIS de um navio de guerra norte-americano).

Estes já não são cenários de especulação reservados aos praticantes de ficção científica mais arrojados. São a realidade, hoje, de sistemas em constante e rápida evolução.

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segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Survival City


Tom Vanderbilt (2010). Survival City: Adventures among the Ruins of Atomic America. Chicago: Chicago University Press.

No mundo contemporâneo assolado por crises financeiras e ambientais, a noção de aniquilação atómica é uma memória distante. A quantidade de ogivas disponíveis ainda é grande e colocam-se perigos de proliferação em estados que inspiram pouca confiança, mas o peso da imagem de destruição total do planeta numa orgia de mísseis cruzando os céus em poucos minutos após uma chatice terminal entre os líderes de duas potências ficou remetido ao estatuto de curiosidade histórica. No entanto, subsistem vestígios: ainda vastos arsenais nucleares e conjuntos arquitectónicos desactualizados.

É na arquitectura muito própria da era atómica que o ensaio de Vanderbilt se centra. Visitando antigos bunkers de comandos, silos de mísseis descomissionados e abrigos de sobrevivência improvável à aniquilação total, o autor mergulha-nos na arquitectura de betão reforçado, aço e cálculos de sobrevivência a forças esmagadoras incomensuráveis. O resultado é uma viagem pela arqueologia recente por entre aldeias erguidas para testar os efeitos de explosões atómicas, silos de mísseis que agora são casas chic subterrâneas ou cavernas húmidas onde componentes electrónicos obsoletos se degradam, centros de comando ainda hoje em utilização, sintomas de um vasto complexo enterrado sob o solo americano construído para tentar a sobrevivência perante o impossível.

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Bunker architecture.

sábado, 15 de outubro de 2011

Seria um estudo interessante...

... mas com resultados possivelmente melindrosos: correlacionar os desempenhos dos alunos das escolas de topo dos rankings nos exames e posterior desempenho no ensino superior para perceber se o elevado desempenho num exame de final de ciclo se traduz em elevados desempenhos posteriores. Isto para não ser totalmente abrangente, e analisar os resultados de todas as escolas. O objectivo do ensino básico e secundário deverá ser preparar alunos para elevados desempenhos em exames que, sendo instrumento de medida, não passam disso, ou formar pessoas para a vida actuante complexa no século XXI?

Quanto à escola mais bem colocada, que faz da disciplina a sua bandeira (mas omitindo o estrato sócio-cultural dos seus alunos, que assumo não serem de zonas isoladas do interior ou bairros degradados das zonas periféricas das grandes cidades), saliento a sua generosidade: "há ainda «um apoio pedagógico acrescido para os alunos que os professores identificam como tendo dificuldades». Sem terem de pagar mais por isso, os estudantes são integrados em aulas extra em turmas com um máximo de 10 alunos."

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Utilitas Interrupta


Integrada na Experimenta Design 2011, esta exposição celebra a megalomania inconsequente, o falhanço económico ou ideológico e a pura estupidez urbanística. Leva-nos a alguns dos exemplos do costume com um olhar fotográfico bem documentado.


Hotéis semi-construídos abandonados no meio do deserto do Sinai, esqueletos de dinossauros cimento armado.


Um hiper-moderno obsoleto comboio que prometia altas velocidades mas do qual só restam as vias aéreas nas quais deslizaria.


Pyongyang, esse exemplo para tanta coisa arcaica, megalómana e simplesmente obsoleta.


O mundo seria mais incompleto se não tivesse sido construído um caminho de ferro circum-polar, que a taiga depressa reclamou.



A Mãe d'Água alberga videoinstalações sobre megacentros comerciais chineses e ilhas artificiais abandonadas no Dubai...


... bem como recriações de bunkers albaneses, criados para combater invasões que nunca existiram. Linhas maginot do lado de lá da cortina de ferro.

Entre estas curiosidades e outras, como a basílica de Yamassoukro, lagos artificiais criados por erros de planeamento, estradas que terminam em nenhures ou uma ponte sobre um rio que foi aterrado, é impossível não pensar que poderia ser organizada uma exposição semelhante só com o nosso produto nacional: estradas que terminam em montes de terra, rotundas perversas, edifícios megalómanos, aeroportos internacionais sem voos...