sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Never got laid...


... e pelo género da cantiga do bandido também não é desta que se safa. Dirty Frank, por Rob Williams e D'Israeli. Nota: dirty não tem esse sentido, ó mentes perversas. É um juiz à paisana na continuidade de Judge Dredd.

É de noite...


porque a luz do dia traz o medo. David Soares, É De Noite Que Faço As Perguntas.

E se...?


Da Adbusters.

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Preguiça Estruturada

Theory of Structured Procrastination, which says: To be a high achiever, always work on something important, using it as a way to avoid doing something that’s even more important. O vencedor da categoria de literatura dos prémios IgNobel deste ano. Confesso que esta é uma ideia fascinante, puro fugir para a frente. Como demonstra o colapso do império romano, historicamente até é uma ideia com provas dadas e resultados aferidos.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

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Infernal Devices


K. W. Jeter (2011). Infernal Devices. Nottingham: Angry Robot.

Jeter é um dos mais importantes escritores do género steampunk e creditado como o criador do termo. Confesso que influenciado pela espectacularidade estética do génereo, tinha grandes expectativas quando peguei neste livro. Infelizmente a leitura foi para mim algo decepcionante. Se Jeter brilha na inventividade e descrições de mecanismos neo-vitorianos de relojoaria, deixando muito terreno em aberto à imaginação para pensar autómatos e engenhocas, o argumento perde-se num ritmo muito rápido onde o autor tenta enfiar um número elevado de conceitos - bairros urbanos ocultos, conspirações entre cientistas sem limites e puritanos ferrenhos, agentes secretos, vigaristas transformados por visões de futuro e uma raça de seres submarinos com misturas humanoides algo reminiscentes dos habitantes lovecraftianos de Dunwich. Muita ideia interessante que é aflorada superficialmente num argumento cheio de volte-faces inesperadas que conduzem inevitavelmente a um final feliz.

Pessoalmente, esperava mais por parte de um dos mais influentes escritores do género. Talvez tenha tido azar com a obra. E ainda me aguardam na mesa de cabeceira livros de Gail Garriger e Cherie Priest para compreender melhor este género de ficção.

Voodoo


Confesso que o alinhamento 52 da DC me deixa intrigado. Este Voodoo, por exemplo: comic de massas sobre strip tease?

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Because...


... morre-se de qualquer maneira. Do intrigante e surreal Pacify de Steven Perkins.

The Arrival


Shaun Tan (2007). The Arrival. Melbourne: Lothian Books

Ilustrado no estilo muito pessoal de Tan, misturando realismo e surrealismo com paletas de cor sóbrias, The Arrival é uma meditação profunda e bem investigada sobre a experiência da emigração - o deixar a terra natal por razões que podem ir da violência à pobreza (Tan ilustra esta fase com uma brilhante e ominosa sombra de cauda de dragão que se abate sobre as casas) e chegar a um novo país, com estranhos costumes e formas de vida. Baseado na experiência familiar do autor e em histórias de vida de imigrantes, Tan reforça com esta obra o seu estatuto de autor de culto com uma obra intrigante.

Ossinho de 500 €


Ministério cancelou prémios de 500 euros a dias de entregá-los aos melhores alunos do país


Parece que isto da recompensa do mérito afinal não passa de uma festinha na cabeça e as menções de lindo menino, lindo menino, já que o ossinho é retirado porque, enfim, temos todos que aprender a trabalhar sem recompensas.

Meninos esforçados do secundário, aprendam a lição: borrifem-se para os ideários de mérito e esforço que vos são impostos de cima. Sejam esforçados e meritórios sim, mas com os vossos objectivos em vista, não para agradar às eminências cinzentas que dizem palavras bonitas vazias de sentido mas agem ao contrário do que pregam. Coisa rara, ver o ministério da educação a dar verdadeiras lições de vida.

Um rio...


serpenteando pelo deserto, até perder a voz. De Habibi por Craig Thompson.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Kid Eternity


Grant Morrison, Duncan Fegredo (2006). Kid Eternity. Nova Iorque: DC Comics.

É fácil escrever um resumo deste comic: o personagem principal desce aos infernos para libertar o seu mentor acompanhado da alma de um comediante em estado terminal e travar um desequilíbrio da balança entre ordem e caos. É difícil resumir esta obra: nas mãos de um Grant Morrison possivelmente em ressaca de revelações cósmicas em Katmandu e um toque de alucinogenícos (com o próprio relata no misto de historiografia e autobiografia que é Supergods) a narrativa é uma imensa reflexão sobre vida, morte, ilusões e equilíbrio ilustrado num apaixonante estilo surreal escatológico por Duncan Fegredo. Kid Eternity é um daqueles comics intencionalmente criados para curto-circuitar os neurónios dos leitores mais incautos.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Papel Higiénico


às voltas com o Gimp para produzir uma imagem em tamanho A2 dei com este modelo... tamanho papel higiénico. A sério? Posso desenhar e imprimir o meu próprio papel higiénico personalizado?

Do Androids Dream Of Electric Sheep?


P. K. Dick, Tony Parker (2011). Do Androids Dream Of Electric Sheep?. Los Angeles: Boom Studios.

Esta obra seminal de P.K. Dick chegou ao estatuto de obra de culto graças ao filme Blade Runner. Mas comparar o filme e a obra no qual se baseia é uma tarefa desconcertante. Se os temas fundamentais estão lá - o significado de se sentir humano, o confronto com a mortalidade, a deriva por uma sociedade anónima, o sentimento de que a realidade concreta e palpável pode ser relativa, pouco mais sobrou do livro no filme que o nome dos principais protagonistas e o esqueleto da linha narrativa. Mais do que uma adaptação fiel de Do Androids Dream Of Electric Sheep?, o filme é essencialmente um policial noir passado num futuro distópico. Mas brilhante, cortesia das visões de Ridley Scott e Syd Mead.

Ler esta capaz adaptação para banda desenhada, que se assume como uma tradução fiel da obra, é mergulhar numa visualização do mundo pós-apocalíptico do livro. Não um futuro hiper-urbano distópico, mas um mundo semi-deserto que se vai desfazendo em pó. Deckard não é um Sam Spade disposto a descer ao submundo multilingue da metrópole high tech, mas um homem casado com uma mulher dependente de um aparelho de controle de emoções e o sonho de um dia ter um animal real. Os androides não são os übermensch capazes de enfrentar e aniquilar os seus criadores, antes são criaturas cuja implacabilidade se traduz no desejo de uma vida banal. Sendo uma adaptação fiel, este comic recupera a tecno-religião mercerista, a dualidade de departamentos de polícia e a andróide Rachel como uma femme fatale que procura proteger os seus irmãos mas que se resigna perante a morte iminente.

Desenrolando-se ao longo de vinte e quatro edições, o desenhador Tony Parker ilustra com um traço sóbrio e sóbrio e algum acenar à iconografia do filme as palavras de P.K. Dick. Este comic é o que pretende ser: uma adaptação, que não tenta competir com o poder das palavras nem ir mais além do texto.

Realidade Aumentada


Uma das novidades do Batman versão 52: uma bat-inferface de realidade aumentada. Muito cyber. Ou bat-cyber.

Eternity


Screw it. Kid Eternity, com um alucinado argumento de Grant Morrrison e ilustração do mesmo calibre por Duncan Fegredo.

sábado, 24 de setembro de 2011

Batwoman #1


Com o toque de J. H. Williams na ilustração e também no argumento. A reinventada Batwoman combate ameaças ocultas com um muito bem estilizado uniforme negro e vermelho.


E com a sugestão de inclinação lésbica abordada num registo longe da exploitation, possivelmente uma primeira vez na vertente mais massificada dos comics.

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Dong Xoai, Vietnam 1965


Joe Kubert (2010). Dong Xoai, Vietnam 1965. Nova Iorque: DC Comics.

É com alguma ironia que se anota que Kubert foi um dos responsáveis de Sgt. Rock, personagem clássico da DC que representa o heroísmo glorificado do homem de combate e da guerra como ambiente sedutor. Mas nas mãos de Kubert e Kanigher o personagem conseguia fugir a estes estereótipos, algo de revolucionário para a época e para o meio.

Neste genial Dong Xoai não há guerras glorificadas, heróis que enfrentam chuvas de balas com um sorriso e uma frase máscula. Kubert conta uma história à volta de uma das muitas história da guerra do Vietname com um enorme respeito pelos soldados, visão crítica dos contextos históricos e, principalmente, sem cair na glorificação do combate.

O formato desta obra é surpreendente. As regras compositivas da BD enquanto meio de comunicação são quebradas com mestria por Kubert. Desaparecem vinhetas e balões, as pranchas assemelham-se a um caderno de esboços que conta uma história. O estilo vive da grafite e do rascunho, sem arte-finalização extensiva, resultando num livro surpreendentemente intimista, onde um velho mestre dos comics dialoga com o leitor.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Objectivos

Duas notícias curiosas hoje nos comentários matinais da antena 2 às voltas com o conceito de objectivo. Primeiro, a muito badalada revisão ao código laboral que passa a incluir o não cumprimento de objectivos como motivo de despedimento por justa causa (e, também, a inadaptação a novas tecnologias). É o tipo de ideia que parece bem no papel, até que nos lembramos que a realidade intervém e torna-se fácil para uma entidade empregadora limpar os recursos humanos indesejáveis recorrendo ao simples estratagema de definir objectivos difíceis, impossíveis ou absurdos. Se vivessemos num mundo e sociedade justa e honesta, seria algo transparente, mas bem sabemos que justiça e honestidade andam muito arreadas da época contemporânea.

A outra tem a ver com a inclusão de receitas de bilheteira como objectivos para os promotores culturais financiados pelo estado. Esta ideia é potencialmente perversa para a diversidade cultural. Se a cultura fosse definida pelo sucesso de bilheteira, então fechar-se-ia o S. Carlos e apostava-se no Tony Carreira. Uma medida destas pode levar responsáveis por museus, teatros, cinemas e outras instituições a fugirem a produtos culturais mais obscuros mas de grande qualidade e pertinência e apostarem em popularizações para garantir a sua sobrevivência nestes tempos financeiramente apertados.

Não que a cultura tenha necessariamente que ser obscura e elitista. Pelo contrário, quanto mais longe chegar, melhor. Mas não nos podemos ficar apenas pelos gostos do grande público, até porque estes vivem de modas transientes que deixam poucas marcas. Quantos artistas, que agora consagramos, não foram nas suas épocas ignorados por não satisfazerem o gosto popular? E, invertendo a lógica, quantos estão hoje esquecidos até pelos mais zelosos académicos apesar de terem sido grandes sucessos do passado? Os apoios estatais à cultura têm de ser equalitários, senão o risco de se perder património cultural é muito grande. Nem só de cifrões se define um país.

Dong Xoai


Apenas lápis e papel, sem vinhetas ou arte-finalização. Joe Kubert em pura expressão no álbum Dong Xoai, Vietnam 1965.

Stealth Mode


Batman #1 com interessante argumento de Scott "american vampire" Snyder. Este painel mostra algumas subtilezas inesperadas.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

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Sem paciência...

... para colegas de trabalho que por qualquer estranha razão me confundem com técnico de hardware pro bono. É chegar à escola de manhã ainda a espantar as teias da sonolência e ter que levar com o disco externo com sectores danificados e como é que se pode recuperar os dados. Terminar a aula, sair para ir relaxar com um cigarro... e ser travado porque faz jeito saber como é de recuperações de magalhães e imagens de disco. Aproximar-me da máquina de combustível para os neurónios e aturar mais uma actualização dos dilemas digitais que me é de todo irrelevante. Ok, uma coisa é dar uma ajudinha, outra é ser assediado diariamente. Várias vezes. Um destes dias, que suspeito que anda perto, perco de vez a paciência e respondo onde se pode colocar exactamente a pen/disco/software num orifício do corpo. Ou pior, respondo à dúvida, e apresento a factura. Com 23% de IVA. Ou pior ainda, já que ando em baixo de forma física, sugiro que me sejam dadas umas dicas sobre o assunto, a custo zero. E vou repetindo de hora em hora.

Não é caso generalizado. É localizado. Que está na hora de aprender que mecânicos não reparam motores de borla, canalizadores não tapam furos de graça, and so on and so on. E coordenador pte não é reparador de equipamentos de colegas. E essa lição, como professor, dou-a gratuitamente.

O crime...


... compensa. O anti-herói assassina a mulher, arruína o sogro, culpa um inocente, provoca uma overdose fatal ao melhor amigo, fica com o dinheiro e ainda fica com a rapariga. Ed Brubaker no seu melhor... Criminal: Last Of The Innocent #04

Supergods


Grant Morrison (2011). Supergods: What Masked Vigilantes, Miraculous Mutants, and a Sun God from Smallville Can Teach Us about Being Human. Nova Iorque: Spiegel & Grau.

Morrison começa este livro como uma história bem fundamentada do género super-heróico dos comics, recheado de pormenores e curiosidades sobre a criação e variações dos principais personagens nas mãos de diferentes editores, argumentistas e ilustradores. Apaixonado argumentista do género, o autor conhece profundamente o campo. O livro perde um pouco o rumo quando Morrison começa a entrelaçar a sua história pessoal de vida (com episódios que deixam o leitor mais batido a pensar "este tipo não bate bem dos neurónios") com a história do género, mas há uma razão: o demonstrar de como a influência destes comics o modelou enquanto pessoa e criador. Misto de análises profundas ao trabalho dos criadores mais influentes e elegias pessoais ao trabalho do autor como argumentista, Supergods é uma homenagem muito pessoal a um dos géneros mais populares da cultura mediática.

Forever...


doesn't mean forever anymore. Casanova: Avaritia de Matt Fraction e Gabriel Bá.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

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Moonshadow



J.M. DeMatteis, John J. Muth (1998). The Complete Moonshadow. Nova Iorque: DC Comics

Deliciosamente surreal, DeMatteis mergulha-nos nas poéticas aventuras e desventuras de um rapaz nascido num zoo galáctico que, à solta entre planetas, tem de se descobrir a si e aos sentidos da vida. História de crescimento pessoal disfarçada de narrativa fantasista, tem um carácter feérico sublinhado pela aguarela expressiva do ilustrador John J. Muth.

Must be love...


Indeed! House of Mystery #41. Geralmente a coisa acaba mal para o pobre Abel.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Exit Wounds


Rutu Modan (2007). Exit Wounds. Montreal: Drawn and Quarterly

A banalidade da violência enquadra uma estranha história de amores em que um ataque suicida, quase esquecido na rotina deste tipo de acontecimentos, despoleta a busca por um homem desaparecido por parte do seu filho e de uma das suas namoradas. O ataque bombista, banalizado como parte do quotidiano, é aqui uma poderosa metáfora para os encontros e desencontros das relações humanas. Pode ser mera notícia de rodapé, mas marca indelevelmente todos os que toca.

O estilo gráfico limpo de Modan confere a este album um carácter luminoso, que nos leva a olhar para a vida e não para os horrores do terrorismo.

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domingo, 18 de setembro de 2011

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52

A DC Comics rebentou com o seu reboot, intitulado 52. Para além dos títulos habituais, recuperou personagens esquecidos nos arquivos de propriedade intelectual. O arranque foi intrigante. Resta ver o que se segue.

Também é curioso ver em muitos destes comics da linha mais negra do novo alinhamento Madame Xanadu, uma personagem recuperada pela DC há cerca de um ano que teve direito a título próprio sob argumentos de Matt Wagner mas cuja série foi terminada há poucos meses.


Resurrection Man #1


Sucide Squad #1


Demon Knights #1


Frankenstein Agent of S.H.A.D.E. #1

Caros humanos...


Perfeitamente au point sobre as questões existenciais que atormentam qualquer ser humano com mais de meio nerónio. Descoberto no Whitechapel e o original parece que está aqui (mas o que é isso de "original" na era dos bits facilmente duplicáveis?).

Meme


Já tiveram daquelas ideias que parece que não querem sair da cabeça? Talvez seja reflexo de uma infecção viral memética.


Textos de Warren Ellis e ilustrações de Jacen Burrows.

Geek Wisdom


Stephen Segal (2011). Geek Wisdom: The Sacred Teachings of Nerd Culture. Filadélfia: Quirk Books.

Leve, tipo hamburguer. Breves citações com alguma conotação sub-cultural e celebração superficial da cultura geek. Leitura de pouco esforço para os nerónios. Se gritarmos all your base are belongs to us numa floresta e ninguém nos ouvir, teremos realmente gritado?

sábado, 17 de setembro de 2011

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Balls


Um demónio entra no bar e... Journey Into Mystery.

The Adventures of Luther Arkwright


Bryan Talbot (2007). The Adventures of Luther Arkwright. Milwaukie: Dark Horse Comics.

Como qualificar esta obra? Pegando no conceito de realidades paralelas, Talbot mergulha numa aventura cósmico-psicadélica com um certo gosto acídico aos anos 70. O cenário é o de uma vasta guerra interdimensional entre duas facções que se movem ao longo da história dos mundos paralelos, mas a principal acção desenrola-se numa realidade onde a Inglaterra está subjugada a um regime puritano fascista, mergulhada numa guerra civil entre o governo e rebeldes leais à coroa com um apoio geostratégico de uma Prússia mecanizada e uma Grande Rússia que se estende da Ásia à Europa.

Luther Arkwright, o herói protagonista capaz de se mover entre mundos, vive um percurso iniciático que o transforma num espécime de da evolução humana pós-homo sapiens. Ilustrado num grafismo expressivo a preto e branco, este é um exemplo do que acontece quando filosofia oculta e psicadelismo se cruzam na prancha de banda desenhada.