sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Searching for Utopia: The History of an Idea


Gregory Claeys (2011). Searching for Utopia: The History of an Idea. Londres: Thames & Hudson.

As utopias, prometendo libertação das dores contemporâneas, contêm em si uma forte semente totalitária. Uma utopia social implica sempre um consenso entre os indivíduos para que ajam de formas semelhantes e se conformem a um ideal comum, o que dá a estas ideias um carácter paradoxal: propostas libertadoras de constrangimentos das realidades contemporâneas que implicam submissão.

Claeys traça em Searching for Utopia uma história alargada desta ideia transversal à humanidade, centrando-se por necessidade (a existência de uma forte tradição literária) no pensamento ocidental. O autor procura ser abrangente, focando as evoluções das utopias desde a tradição greco-romana das eras de ouro, olhando para ideários não ocidentais, e mostrando um desenvolvimento explosivo de ideias utópicas desde que a idade da razão suplantou a tradição judaico-cristã no pensamento. É a partir daqui que o conceito se expande para propostas imediatas, que muitas vezes foram tentadas na prática, dando à utopia um carácter interventivo que não estava presente em eras anteriores, onde se ficava por nostalgia por eras passadas ou aspiração espiritual a um mundo imaterial pós-vida.

O autor olha com atenção para as utopias científicas, quer as decorrentes da história da ciência quer os voos imaginários da ficção científica, e mostra o que pode acontecer de errado quando uma ideia utópica toma conta de uma nação através de retratos críticos do sangue escorrido nas implementações de utopias comunistas.

Este livro encerra-se numa nota deprimente, nesta era em convulsão em que perante os enormes desafios sociais e ambientais e uma descrença nas utopias anda no ar um ideário de desespero perante a potencial desagregação da civilização humana. No entanto, se há algo que as utopias nos ensinam é a ter fé na possibilidade de um futuro, apesar de as tentativas de o prever geralmente não corresponderem ao que a passagem do tempo nos traz.