quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Supersize Me

Hoje andei às voltas por superfícies comerciais a comparar preços de material informático para aquisição pela minha escola. De permeio, rendi-me a um dos meus prazeres secretos: comer um hamburguer no McDonalds. Sim, bem sei, não é uma escolha nada saudável, mas sabe-me muito bem. E não é todos os dias. E garanto que o resto da minha alimentação é relativamente saudável. Relativamente sendo um conceito alargado...

No balcão, depois de ter feito o meu pedido, a empregada que me atendeu pergunta, sem pestanejar, se queria grande. Nem me deu outra escolha. Não, não, não, respondi eu, apavorado com a ideia de para além de um hamburguer gargantuesco ter ainda que levar meio quilo de batatas fritas e mais de meio litro de coca cola. Nem é pelo preço, é mesmo falta de vontade de comer batata à pazada e emborcar litros de bebida.

Impossível não reflectir sobre o estado da comida mais apreciada pelos nossos adolescentes, alguns dos quais saíam da loja bem anafados e ajoujados com tabuleiros repletos de menus grandes. Curiosamente, a cidade de S. Francisco aprovou legislação que requer alguns parâmetros nutricionais nas refeições que venham acompanhados de brindes, para todos os efeitos banindo os correntes Happy Meals da cidade.

Na minha escola, um dos problemas mais debatidos ultimamente é a aparente falta de qualidade da comida do refeitório. Os alunos queixam-se, e muito, da comida. Boa parte esquiva-se e sai em direcção aos cafés da zona, onde comem algo mais saboroso. As queixas de encarregados de educação têm sido muitas. Na verdade, o problema da comida é não ter sal. É nutricialmente correcta, embora confeccionada de uma forma um pouco assustadora. Já não o é localmente, tendo o contrato de fornecimento sido entregue pela DREL a uma empresa que confecciona centralmente a comida para diferentes escolas e a entrega congelada para posterior aquecimento na escola. Isto, apesar de dispor-mos de uma cozinha totalmente equipada. Paradoxos ministeriais.

Na última reunião de pedagógico, o representante das associações de pais fez um pedido de que a comida seja condimentada não com sal, cuja retirada aplaudem, mas com ervas aromáticas, substitutos que até alargam o paladar da comida. Pouco podemos fazer, para lá de enviar uma solicitação à DREL, um daqueles pedidos cujo destino é ficar esquecido numa pilha de faxes. O estimular de nutrição correcta e hábitos alimentares saudáveis em menus institucionais são de saudar, mas não é preciso ser nenhum Brillat-Savarin para saber que comida sensaborona não compete com a fast food.