domingo, 11 de outubro de 2009
Portugal Tecnológico
Dediquei a tarde ontem a visitar a exposição Portugal Tecnológico na FIL. De certa forma, podemos ver esta exposição como um dos corolários do socratismo, com toda a esperança depositada na tecnologia. E também o é num outro aspecto, o da mediatização exagerada de projectos que se revelam mais ocos do que aparentam.
O principal pavilhão da exposição estava dedicado a iniciativas institucionais, expondo as iniciativas tecnológicas de entidades públicas como a GNR (com uns interessantes veículos que se abriam para revelar paraísos de hackers no seu interior), o programa Simplex, agências de inovação e investimento, ministérios e empresas públicas de transporte. Felizmente a exposição decorreu após as eleições legislativas, senão poderia ser confundida com propoaganda eleitoral.
Era neste pavilhão que se encontrava o que mais me interessava, a divulgação das iniciativas do Plano Tecnológico. O conjunto de stands do PTE prometia muito mas dava muito pouco. Alguns pcs PTE ligados à web mostrando páginas institucionais, uma amostra mínima (muito mínima, quase inexistente, e lá mais para os lados do projecto Ciência Viva do que do PTE) de trabalhos desenvolvidos por professores e alunos na área das TI. Não faltava uma salinha onde se podia experimentar os quadros interactivos promethean e muitos magalhães, quase todos a mostrar aquele que se tornou o símbolo do projecto para a criançada do país: o ubíquo Super Tux.
Os verdadeiros pontos de interesse da exposição passavam-se nos pavilhões secundários, que reuniam instituições de ensino e empresas. Aí imperava a diversidade de projectos tecnológicos desenvolvidos em Portugal. Como estou mais ligado às TI e media digitais foi para aí que virei a minha atenção, mas fiquei também fascinado por outros projectos: o desenvolvimento de redes wifi submarinas pela universidade do algarve (não que os peixes precisem de navegar na internet mas dá muito jeito para criar redes de sensores ambientais), projectos de aeronáutica com materiais compósitos da universidade de beja, muitos robots e rovs de várias universidades portuguesas. Destes, o mais fascinante (e desconcertante) era o Chico, elemento português de uma rede europeia de pesquisa de robótica e máquina exímia a simular emoções e reacções ao ambiente.
Do lado dos new media a YDreams deslumbrava com as suas aplicações de realidade aumentada. No pavilhão dedicado ao norte estavam também duas aplicações surpreendentes: uma tecnologia desenvolvida pela universidade católica que digitaliza em 3D objectos de arte danificados simulando o seu restauro e um monitor extremamente fino, uma película que mostrava o ecrã de um computador ensanduichada entre duas placas de acrílico. É por causa destas tecnologias (e de outras, como a mesa microsoft surface onde alguns miudos jogavam xadrês em multitoque) que penso que os quadros interactivos que agora agraciam as nossas escolas são dinossauros tecnológicos).
Resumindo, valeu a pena. Embora as inciativas institucionais, que primam pela grandeza de objectivos, pelo brilho das apresentações e vazio de aplicações se tenham revelado desapontadoras. Interessante foi descobrir o vibrante panorama de investigação e desenvolvimento das empresas e universidades portuguesas. Só por isso valeu bem a pena.