domingo, 4 de outubro de 2009

Acordar

Moro numa zona da Ericeira que mistura a arquitectura banal dos condomínios com vivendas. Não as vivendas a metro que se veem nas imobiliárias, mas daquelas à antiga, que se vão construindo ao ritmo dos proprietários, ano a ano, tijolo a tijolo.

Um dos meus vizinhos tem no terreno ao lado da casa o habitual conjunto de patos e galinhas, composto com uma pequena vara de porcos pretos. E, de vez em quando, ouço o ruído: um guinchar estridente, o último e longo grito de um animal que está a ser morto. Demora até voltar o silêncio. Não consigo imaginar o sofrimento do animal que fui vendo crescer da minha janela. Ouço os gritos e penso em facas ensanguentadas nas mãos de homens suados que fazem o que tem que ser feito.