terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

re-cycle



É a melhor maneira de começar o dia e a semana de trabalho. Oito e meia da manhã e inventar uma aula por instinto, apenas porque me deu para experimentar a técnica da collage com os alunos. Seguiu-se o caos produtivo, com folhas de jornal estraçalhadas por tesouras e umas experiências de assemblage com tintas e restos de teclados avariados. O objectivo? Produzir colagens a puxar ao anárquico, insistindo num estilo dada/surreal com toques urbanos. A ideia não está totalmente desenquadrada do trabalho da turma, e foi uma forma de lhes ensinar mais uma ferramenta de expressão para o grande trabalho do segundo período - a expressão plástica das emoções (que envolve teoria da cor, geometria e técnicas artísticas, tudo coisas que normalmente se abordam de forma individual).

Há só um pequenino probleminha, pelo qual vou pagar caro: a actividade não está enquadrada em planificação. Não foi devidamente pensada, dividida nas suas componentes elementares e grelhada com objectivos e competências. Não que estes não existam, simplesmente o pormenor burocrático está em falta.

Mas que se dane. O que me motiva, enquanto professor, é transmitir o que sei e estimular a criatividade dos alunos, algo que o formalismo imposto pelo modelo de avaliação de docentes vai aniquilar. E hoje, ao ver os alunos a escapar aos paradigmas simplistas da colagem, a arriscar a abstração e a não ter medo de desconstruir objectos, sinto que foi um dia em que realmente consegui fazer o que mais gosto de fazer. Porque, no fim de contas, a minha área de docência é uma área artística, e as artes não se coadunam muito com formalismos excessivos.