quinta-feira, 27 de março de 2008

Um

Sinto-me já mais desafogado, desde ontem ao ver o ministro das finanças a anunciar, ufano, que as medidas de combate ao deficit estão a ser bem sucedidas e até já permitem uma baixa do IVA nuns generosos 1%. Mas 1% não será demais? 0,001% não seriam mais adequados ao esforço que todos nós temos que fazer para endireitar as contas públicas? 1% não será um excesso? Veja lá, senhor ministro...

... que custou, isto de ter contribuído para o enditeitar de contas públicas à custa de estrangulamento financeiro das pequenas empresas, do estrangulamento financeiro das famílias que enfrentam salários estagnados, incerteza laboral, preços altos e taxas de juro em crescimento, de desinvestimento nos serviços de saúde, de esmagamento da função pública, de elevadas taxas de imposto sobre os combustíveis (sem as correspondentes políticas de apoio a energias alternativas, porque o lucro sabe bem), enfim, de tudo o que os cidadãos sentem que está realmente mal neste país que o governo insiste em pintar num retrato cor-de-rosa. Os nepotismos continuam, o autoritarismo estatal alastra (como se comprova pela famosa ASAE ou pelos cada vez mais draconianos serviços de finanças - livre-se de se reformar com alguma dívida que seja, que a reforma será confiscada pelas finaças para pagamento, e terá que viver do ar), e os grandes senhores do capital seguem o exemplo do próprio estado e deixam o seu dinheiro em fundos off-shore... ou assumem impunemente a sua corrupção.

É este o país em que todos sabemos que vivemos. Perante isto, os 1% não soam tanto a generosidade ou consolidação como a palhaçada eleitoralista.

Hmm... pensado melhor, talvez não seja boa ideia classificar uma medida governamental como palhaçada, não vá ser acusado de insoburdinação perante os meus superiores. Respeitinho, respeitinho, o que neste país se quer é respeitinho perante aqueles que estão acima de nós.