Em relação ao conceito de infoexclusão, Manuel Castells (2001) refere que "o facto de o aumento da internet ter tido lugar em condições de desiguladade social no acesso em mundo inteiro pode ter consequências duradouras na estrutura e conteúdo do meio" (p.296). Equacionando as condicionantes económicas com a rapidez do desenvolvimento de novas tecnologias web, quer em termos de infraestrutura quer em termos de equipamentos, afirma que "é bastante provável que, quando as massas tiverem por fim acesso à internet através da linha telefónica, as elites globais já se tenham escapado para um círculo superior do ciberespaço" (p.297). Castells não esqueçe o papel da educação, sublinhando que "a educação, a informação, a ciência e a tecnologia constituem as fontes fundamentais de criação de valor na economia baseada na internet. Os recursos educativos, informativos e tecnológicos caracterizam-se por uma distribuição extremamente desigual em todo o mundo" (p.308).
Neste sentido, cito ainda o estudo de Santos e Cardoso (2007), Públicos dos Media em Portugal, que ao abordar a internet, refere que "O acesso à Internet é ditado sobretudo pelos recursos económicos, sendo aliado também, em alguns casos, à falta de competências para a sua utilização. Assim, são os mais velhos e, nos outros grupos, os com menos recursos aqueles que não têm acesso à Internet" (p.26).
A infoexclusão funciona assim em dois níveis, o do acesso básico à tecnologia, e o do que se pode fazer com ela, o acesso, usando a terminologia de Castells, a círculos do ciberespaço. No entanto, será que as tecnologias 2.0, criadas precisamente numa óptica de disseminar, de facilitar a produção de conteúdos, de partilhar informação, poderão servir como um nivelador das formas de infoexclusão baseadas na qualidade do acesso à internet? Note-se que muitos dos serviços 2.0 permitem fazer, através do browser, o que se fazia através de programas geralmente caros, ou adquiridos "privadamente" (eufemismo para pirateados).
Qual o papel da escola, como poderá fazer melhor uso das ferramentas para combater a infoexclusão? Também, será que se justifica a aquisção de software, quando os fundos poderão ser melhor aplicados na aquisição de meios básicos, passando a utilização do software comum a ser feita via web? Ou será que estamos demasiado arreigados à noção tradicional de software? A verdade é que não estou a escrever este texto num editor online...
Documentação:
Santos, S., Cardoso, G. (2007). Working Report: Públicos de Media em Portugal. Lisboa: Obercom. Disponível em http://www.obercom.pt/client/?newsId=30&fileName=wr8.pdf
Castells, M. (2004). A Galáxia Internet: Reflexões sobre Internet, Negócios e Sociedade. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.