sexta-feira, 9 de novembro de 2007
V.
Thomas Pychon, V., Lisboa, Editorial Notícias
Wikipedia | V.
V. é uma paródia épica, fragmentada, um romance de busca labirintíca, de deriva cultural e geográfica. Em V., o século XX nasce, entre as vielas obscuras do próximo oriente, e revela-se, por entre a boémia inspirada da Nova Yorque dos anos 50.
V. é um romance fragmentado, feito de múltiplos pontos de vista, que convergem numa busca incessante por algo de indefinível, algo que só vislumbramos pontualmente ao longo das múltiplas histórias que colidem nesta história. Ostensivamente, V. é Victoria, uma mulher misteriosa, mas em si condensa o mais puro mistério da busca. Parte do fascínio de V. é a sua inatingibilidade; sempre que nos encontramos muito próximos, V. desvanece-se.
V. é a busca incessante. Mas é na procura que está o gosto; é na busca que está a emoção; o troféu final, o fim do jogo, o culminar da luta, é também o ponto final, a porta que se fecha, o fim, inelutável.
V. sublinha sublimemente essa procura, desde a busca incessante de Stencil por um vislumbre de quem só conhece pelos diários do seu pai, à deriva pré-situacionista de Benny Profane pelas ruas de boémia nova-iorquina.
V. mostra que não interessa, realmente, chegar ao destino. O final de V. é banal, cinzento. Toda a aventura esteve na viagem, todo o prazer na descoberta de pequenos vislumbres, toda a energia na constante roda-viva da vida vivida sem limites.
V, ponto final.