segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Língua Viva

"Um membro da famosa trupe Habina que, ao chegar pela primeira vez à Palestina, vindo da Rússia, onde o hebraico só era falado no palco (e na sinagoga), ouve de súbito os miúdos da rua a praguejarem e a dizerem palavrões na língua antiga. 'Agora sei o que é uma língua viva!', exclamou."

Uma historieta contada por Henry Miller em Os Livros da Minha Vida que sublinha bem a aridez da cultura académica, com as suas regras e questiúnculas. A lição é óbvia: descam das torres de marfim. Mas não se leiam estas palavras como um elogio da ignorância. É mais uma reflexão sobre a importância da vitalidade do conhecimento. Conhecimento nunca é inútil, nunca é excessivo. Mas precisa de estar vivo, algo que apenas nós conseguimos fazer. Insuflar vida nos factos áridos. Transformar o saber estático em ideias dinâmicas. Em suma, saber e viver, saber viver.