segunda-feira, 16 de abril de 2007

Leituras

Correio da Manhã | Secreta vigia neonazis As cada vez mais visíveis movimentações dos movimentos radicais de extrema-direita estão a preocupar os responsáveis pela segurança nacional, que mantém estes movimentos sob vigilância discreta. É certamente um motivo de orgulho para a nossa democracia, ainda tão cheia de defeitos (como uma classe política desacreditada e corrupta), o facto destes movimentos poderem existir. Não é uma contradição, é apenas uma manifestação de liberdade de expressão, que não se aplica somente aos ideiais políticamente correctos ou mais liberais, também se aplica às ideologias animalescas destes minúsculos punhados de cabeças rapadas cuja cegueira e ódio recalcado os impedem de ver a absoluta estupidez das suas crenças políticas. Mesmo assim, em democracia, têm o direito de expressar as suas opiniões.

Aliás, se as crenças absurdas fossem proibidas, teria que se ir um pouco mais longe do que os extremismos racistas de direita... teriam de se proibir ideias como a religião ou a crença na mão invisível do mercado. Enfim, estou a divagar. A verdade é que tenho orgulho por viver num país onde posso expressar a minha opinião, e onde a divergência de opiniões obriga a salutares discussões. Se tal não acontecesse, seríamos mais um país como Myanmar, a Coreia do Norte ou o Irão. E já o fomos, não há tanto tempo quanto isso, mas as memórias andam esquecidas e as gentes saudosistas pelos tempos do velho senhor. Mas enfim, estou a divagar...

The New York Times | The iPod and the vacuum tube sing a warm duet É à partida um contrasenso. Juntar o iPod, pináculo da tecnologia digital, a amplificadores que modulam o som através de tubos de vácuo - aquela tecnologia tornada obsoleta há cinquenta anos atrás pela invenção do transistor. Ainda tenho cá por casa um antigo rádio dos anos 30, miraculosamente ainda funcional, sensivelmente com o tamanho de um pequeno televisor, com os tubos de vácuo protegidos pelo tecido e pelo bakelite (mais um material em vias de extinção) do rádio. A verdade é que os tubos de vácuo são considerados pelos audiófilos puristas como capazes de produzir um som mais puro e perfeito, e os amplificadores a tubos de vácuo são peças caras, destinadas aos amantes do hi fi mais fiel.

The New York Times | Creativity, innovation and the cultural parade O campo da tecnologia originou estereótipos nacionalistas curiosos. Os japoneses são considerados o supra-sumo do high tech aplicado, enquanto os alemães são respeitados pela precisão da sua engenharia. Para grandes projectos, pensamos nos franceses, para o estilo e o design pensamos nos italianos, pela robustez olhamos para os russos, e para os americanos ficam as ideias lucrativas. Os chineses são vistos como uns meros copiadores de tecnologia, mas reparem: há cento e tal anos, quando a dinastia Meiji modernizou o Japão a convinte dos canhões das fragatas americanas, os japoneses eram vistos como uns meros copiadores de tecnologia, adeptos em desmontar as maquinarias provenientes do ocidente para as conhecerem, desvendarem os seus segredos e criarem máquinas com tecnologia nativa. Cem anos depois conquistaram a imagem de paraíso da tecnologia. As sociedades mudam, e a tecnologia acelera esses processos.