quarta-feira, 11 de outubro de 2006

Leituras

Guardian | The freshwater boom is over. Our rivers are starting to run dry Neste alarmante artigo, George Monbiot analisa os nossos correntes padrões de consumo mundial de água e prevê o pior: com os aquíferos sobre enorme pressão, a água de que dependemos para sobreviver está a desaparecer muito rapidamente.

Time | The moment that shook the world Ainda estamos a digerir as implicações do teste nuclear norte-coreano. Os mais alarmistas já vêem mísseis norte-coreanos a sulcar os céus japoneses e uma guerra em grande escala na península coreana, enquanto os apologistas das conspirações tenebrosas já vêem os norte-coreanos a vender a tecnologia nuclear a outros estados-pária ou a organizações terroristas. Infelizmente, com a confirmação de que a Coreia do Norte se tornou parte do restrito clube nuclear, todas as possibilidades ficam em aberto. Como alguém que cresceu sobre a ameaça improvável mas bem real da aniquilação debaixo da guerra nuclear, estes desenvolvimentos não deixam de ser alarmantes. Certo é que os tempos da destruição macissa mútuamente assegurada, com as duas grandes super-potências a lançarem milhares de ogivas capazes de destruir o planeta não uma mas várias vezes já lá vão. O perigo agora é mais localizado - quando a Índia revelou capacidade nuclear, o seu velho inimigo Paquistão apressou-se a desenvolver o seu programa nuclear para equilibrar o "perigo indiano". As ambições nucleares iranianas não passam de uma tentativa de manter o equilíbrio de forças face aos segredos do arsenal nuclear israelita. Os testes coreanos já levaram o Japão a interrogar-se se deveria desenvolver um arsenal nuclear próprio - algo até agora impensável na única nação que já foi alvo dos horrores dos bombardeamentos atómicos, mas de fácil execução para um país em que grande parte da produção energética é nuclear e que dispõe de uma base científica e industrial das mais desenvolvidas do mundo. Agora o perigo reside no uso táctico das armas atómicas, capazes de eliminar a capital de uma nação inimiga ou as suas principais zonas industriais e económicas. Por outro lado, por idiosincrático que pareça, o regime norte-coreano dificilmente dará uso às suas armas nucleares, segundo a análise North Korea's nuclear policy is not irrational at all, publicada no Guardian. Os testes deste fim de semana são uma forma de ganhar contrapartidas económicas numa negociação com a China, o Japão e os E.u.A. que estava estagnada graças ao intervencionismo cego da administração Bush. O regime norte-coreano sempre assentou na paranoia, e a busca pelo arsenal nuclear é já uma velha aspiração dos tempos de Kim Il Jung como forma de assegurar a sobrevivência do regime face às potências externas. Certamente que os norte-coreanos sabem que o uso da bomba trará consigo uma reacção internacional tão violenta que o seu exército de um milhão de esfomeados soldados, equipados com um arsenal obsoleto, não será capaz de travar a aniquilação de um regime isolado e anacrónico, que aposta na tecnologia nuclear enquanto deixa o seu povo a morrer à fome. Razões e análises à parte, os testes são extremamente preocupantes. A estupidez humana aplicada à escala governamental não parece ter fim.