segunda-feira, 21 de agosto de 2006

Magnanimidade

O ministério, magnânimo, anunciou o alargamento do prazo de aceitação da colocação. Depois de anunciar colocações que ainda deixaram muitos de fora, informou que os docentes colocados dispunham de quarenta e oito horas para declararem a aceitação do lugar - como se alguma vez os docentes se lembrassem de não aceitar a colocação. Enfim, é um pró-forma, mas um pró-forma com consequências, caso não seja cumprido. O pequeno pormenor de os docentes estarem de férias escapou-se-lhes. O prazo original obrigava os professores colocados a interromperem as suas férias para aceitarem o lugar. Imaginem docentes a passar férias no estrangeiro, ou docentes em férias no norte a ter de ir ao algarve aceitar um lugar...

Quando se quer fazer bem as coisas, fazem-se bem à primeira. Este alargamento do prazo foi uma forma do ministério prepotente demonstrar que manda nos professores. É nos pequenos detalhes que se nota o carácter dos dirigentes, e este pormenor revela uma mensagem do ministério: por muitas greves que façamos, por muito que barafustemos, eles têm a faca e o queijo nas mãos. Basta dar o sinal, e eis-nos a correr, desbaratados.

A menos que tenha sido uma simples distracção. Embora seja um pouco difícil acreditar que os funcionários do ministério não se tenham recordado daquele pequeno pormenor que em meados de agosto alguns professores possam estar de férias. É que eu gostaria de acreditar que apesar de todos os defeitos e atropelos, que o ministério estava equipado com pessoal competente...

E quanto às férias dos professores, que muitos consideram desmedidas, eu nem discuto. Temos vinte e poucos dias de férias, tal como outros trabalhadores. Se as escolas não nos chamam para prestar serviço nos tempos mortos entre o final do ano lectivo e o início do novo ano, é porque não há condições organizativas para isso. Cá por mim, preferiria preparar bem o próximo ano lectivo antes de ir de férias, em vez de chegar a setembro e preparar tudo a correr nos poucos dias que antecedem o início do ano. Mas sem se saber com que professores se podem contar para o ano lectivo seguinte, mercê de um sistema de concursos que só parece dar frutos a meio das férias, torna-se um bocadinho difícil fazer bem o trabalho.