terça-feira, 1 de agosto de 2006

Leituras

BBC | The rise of the cyber-children As tecnologias digitais que hoje tanto nos fascinam são um dado adquirido para as crianças de hoje. Os aparelhos e mecanismos que para nós são novidade são para as crianças contemporâneas mais um elemento do ambiente que as rodeia. As preocupações que se colocam estão no como ensinar as crianças a dominar algo cuja utilização é para elas perfeitamente banal, e a partir de que idade.

Guardian | Barefoot in the sun As armadilhas do capitalismo de consumo desenfreado numa sociedade global exemplificam-se através de um simples par de peúgas. Um terço do total de peúgas produzidas anualmente vem de um só local - a cidade de Datang, na China, conhecida como a cidade das peúgas. Toda a economia de Datang gira à volta das peúgas, o que é decididamente uma melhoria das raízes de aldeia pobre perdida nos confins da China. No entanto, as modas sendo o que são, o futuro das famílias de Datang depende da vontade ocidental de consumir peúgas baratas; o que é que acontece se as temperaturas aquecem, e a moda troca os sapatos com peúgas por sandálias frescas? Más notícias para Datang, boas notícias para as terras que sejam centros de produção de sandálias. A questão que se coloca com estes ritmos depententes da "mão invisível" é se será legítimo apostar o futuro de comunidades e países em produções voláteis, em vez de apostar numa sustentabilidade futura. A lógica e a ecologia inclinam-se para a segunda hipótese, mas a ganância e os mercados preferem claramente a primeira.

Guardian | Indian doctors accused in "arms for alms" scandal Uma notícia bizarra que parece ter saído dos tempos medievais. Médicos indianos são pagos para amputar membros saudáveis a pedintes; o investimento nesta operação parece compensar os pedintes, que vêm assim aumentar as receitas da compaixão alheia. Na europa de séculos anteriores era comum a aquisição de crianças para serem intencionalmente deformadas e depois revendidas como atração de circo. As trevas da alma humana não escolhem fronteiras, nem épocas.

The Times | Anger greets toxic liner ruling Grande parte das embarcações que navegam altaneiras e galantes pelos sete mares encontram o seu fim nas praias indianas de Alang. Aí os navios são desmantelados por um exército de trabalhadores que, como formigas, transformam os cascos outrora orgulhosos em pedaços de metal recicláveis. Alang nada poupa, desde porta-aviões a traineiras de alto mar. Lá desmantela-se tudo, desde super-petroleiros a elegantes navios de cruzeiro. A razão para que Alang seja o último porto destes navios é puramente económica. Finda a vida útil das embarcações, os armadores vendem-nas a empresas especializadas no transporte dos navios até encalharem nas praias de Alang, para posteriormente os venderem como sucata. Sai barato, porque a mão de obra é barata e não existem quaisquer preocupações ambientais. Alang é uma daquelas zonas de catástrofe ambiental geradas pela ganância de uns e pelo desespero de outros.