sábado, 17 de junho de 2006

Leituras

Guardian | Is modern art off it's head? Um acidente anedótico ocorrido na última exposição da Academia Real britânica obriga a repensar o conceito de arte. Um artista submeteu a sua escultura de uma cabeça a rir, mas quando visitou a exposição não encontrou a sua escultura. No seu lugar estava a estrutura que suportava a escultura, julgada pelos curadores da exposição como tendo mais mérito artístico do que a escultura propriamente dita. Esta é uma anedota típica daqueles que não compreendendo o que é, no fundo, a arte, apontam para o fosso entre o gosto artístico erudito e o gosto artístico mais... normal... como uma forma de sublinharem que os artistas contemporâneos pouco percebem de arte. Estes amantes dos realismos, dos classicismos e de alguma arte abstracta mais acessível não conseguem conceber o conceito de obra de arte como objecto puro, que desperta sentimentos ou aborda ideias de maior ou menor teor conceptual. Para estes espíritos, arte é a produção laboriosa de objectos quase artesanais, repetindo receitas e sendo fiel a princípios pictóricos centenários. O curioso engano dos curadores da exposição, que desvalorizaram uma laboriosa escultura realista a favor de um objecto que não foi concebido como objecto artístico vem, no fundo, provar o velho adágio: a beleza está nos olhos de quem vê. Como comentário final, só digo que Marcel Duchamp não teria feito um melhor ready-made do que este plinto polémico.

The Telegraph | The man who heard his paintbox hiss Uma nova análise da obra de Wassili Kandinsky, um dos pais da arte abstracta, revelou que Kandinsky avançou para a abstracção como forma de pintar o que ouvia - Kandinsky seria sinestético, uma rara condição em que os sons e as cores têm correlação imediata na mente das pessoas afectadas. Kandinsky seria especialmente sensível ao som do violoncelo, instrumento que também tocava. Para o artista, a gama sonora do violoncelo era exprimível em tons de azul profundo.