quarta-feira, 19 de abril de 2006

The Little Shop of Horrors

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The SF, Horror and Fantasy Film Review | The Little Shop of Horrors

Realizado em 1960, este filme é um pináculo dos filmes de terror de série B. Longe de ser perfeito, consegue no entanto reunir todas as características que o transformam num emblema do cinema B. O filme foi produzido pelo lendário Roger Corman, com base numa aposta: o irmão de Corman tinha uns cenários de que se ia livrar, e desafiou Corman a realizar um filme com esses cenários. Dessa aposta, e de uma noite de insónias que desafiaram o argumento, surgiu o clássico The Little Shop of Horrors. Não há mais típico filme de série B: o orçamento foi irrisório, o tempo de filmagens demorou dois dias. Os actores foram filmados nun só take, sem ensaios, e a câmara é estática - o que propicia hilariantes cenas de perseguição, com os actores a andarem literalmente à volta uns dos outros. E isto tudo, sem referir os fabulosamente maus efeitos especiais (um dos actores têm de entrar para dentro do monstro para ser devorado).

O filme conta-se em poucas linhas. Seymour Krelboyne trabalha na loja de flores de Mushnik. Krelboyne é um perfeito desastrado, e está sempre a ser despedido por Mushnik, apesar dos apelos de Audrey, a empregada de Mushnik, por quem Seymour está previsivelmente apaixonado. Do seu último desastre só se livra quando propõe a Mushnik trazer para a loja uma planta exótica de que está a tratar. A planta não passa de um bolbo minúsculo, e não há àgua e adubo que convençam a planta a crescer. O segredo, descobre Seymour acidentalmente, é o sangue - a planta adora sangue, e cresce mal o prova. Em busca de alimento para a planta, que Seymour apelidou de Audrey II (em homenagem à sua namorada), este acaba por acidentalmente assassinar um vagabundo nas linhas de comboio. Sem saber o que fazer, Seymour traz o corpo do vagabundo para a loja de flores, descobrindo assim o adubo que faz crescer a sua plantinha: carne humana. No final do filme, o florescer da planta revela o horripilante segredo: estampadas nas flores da planta carnívora, estão os rostos de todos aqueles que a planta devorou.

Mas The Little Shop of Horrors é mais do que isto. Este está muito longe de ser um filme de terror, a menos que considerem assustador a visão de dois meios cocos a abrir e a fechar enquanto uma voz off repete feed me! feed me! num tom impositivo. Corman largou-se neste filme, a toda a velocidade, e optou por uma comédia negra que oscila entre o simplesmente ridículo e o totalmente surrealista. As personagens que rodeiam Seymour, Mishnik e Audrey são perfeitamente absurdas - temos a cliente da loja de flores a quem todos os dias falece um familiar; a mãe de Seymour é uma hipocondríaca maníaca, viciada em xaropes e mezinhas de elevado teor alcoólico; um dos clientes de Mushnik frequenta a loja expressamente para comer cravos; outro dos clientes de Mushnik é um dentista sádico que acha que ao arrancar dentes não é necessário anestesiar; e como pormenor curioso, o inigualável Jack Nicholson faz uma aparição neste filme, num dos seus primeiros papeis, como um cliente masoquista do dentista. A inconfundível presença de Nicholson neste filme, pequena como é, não impediu os editores de video e dvd de assinalarem ao nome do actor como estrela principal de The Little Shop of Horrors, após a fama atingida por Jack Nicholson.

Mais do que um filme de terror de série B, The Little Shop of Horrors é uma hilariante comédia negra, que assume na perfeição o seu papel de mau filme.