quarta-feira, 26 de abril de 2006

Leituras

BBC | Green mini-car to beat congestion Pequeno, maneirinho, e feio, mas pretende ser uma alternativa ecológica aos automóveis e às motos que circulam pelas ruas dos espaços urbanos europeus. Chama-se Clever (Compact Low Emission Vehicle for Urban Transport) e foi desenvolvido pela universidade britânica de Bath para combater a congestão das estradas urbanas. Quaisquer semelhanças com os papa-reformas que infestam as estradas portuguesas são, nítidamente, erros de design.

Guardian | This is no rah-rah revolt Em Portugal comemoramos o 25 de abril. Há 32 anos aconteceu essa incauta revolta militar que libertou o sopro do povo, amordaçado por décadas de estado novo, e escalou para uma revolução que transformou profundamente o nosso país. Hoje somos uma sociedade democrática estável (não exactamente perfeita), que já deixou para lá as ideologias e se preocupa em evoluir. Neste exacto momento, do outro lado do mundo, num país cujo atraso pode ser comparado ao Portugal dos anos 70 (descontando as óbvias diferenças geográficas e culturais), o povo está nas ruas a exigir uma mudança de poder. O Nepal, paraíso dos turistas budistas e dos alpinistas, atraiu a atenção do mundo há cerca de dois anos, quando o príncipe herdeiro do trono nepalês enlouqueceu e matou a tiro de metralhadora a família real antes de se suicidar. A monarquia constitucional nepalesa caiu nas mãos do príncipe Gyanendra, que se apressou a dissolver o parlamento, a ilegalizar os partidos políticos e a intensificar operações militares contra grupos maoistas que galvanizavam os camponeses. Gyanendra declarou-se rei absoluto, com a complacência dos habituais defensores da democracia (os EUA e a União Europeia), que justificam invasões a países terceiros em nome da democracia mas que não se importam de olhar para o outro lado quando estão em jogo interesses geopolíticos. A influência geopolítica do Nepal é nula, claro, excepto para os fanáticos do alpinismo, mas num mundo em que a China emerge como uma grande potência um Nepal sob governo maoista de influência chinesa é algo que não soa bem aos diplomatas sediados em Washington ou em Londres. Dois anos depois, tudo o que Gyanendra conseguiu foi um país empobrecido, embrenhado numa sangrenta e suja guerra civil. Neste momento, os nepaleses manifestam-se nas ruas de Katmandu, e uma das suas primeiras exigências - a restauração da monarquia parlamentar - já foi acedida pelo rei. Mas as forças democráticas nepalesas já perceberam que podem ir mais longe - e crê-se que uma mudança de regime será inevitável.

The New Yorker | An Afternoon A proposta de ficção que a New Yorker publica esta semana é simplesmente aterradora.