quinta-feira, 2 de março de 2006

Candura

Minutos depois, enquanto tentava escrever um sumário no meio da confusa arrumação final da aula de EVT - acreditem, é uma daquelas confusões que só vista, outro aluno aproxima-se.
- O stor está a escrever o sumário?
Olhei para ele, com a resposta óbvia e todas as suas nuances estampadas na minha cara.
- É esta que é a sua assinatura? - diz, enquanto contempla o rabisco apressado que eu insisto em considerar a minha assinatura - É fácil de imitar.
- Olha que não é. Parece, mas não é. A minha assinatura varia sempre. Não faço duas iguais.
- Olhe que é, stor. - vira-se para o quadro, pega no giz e executa uma representação razoável da minha assinatura. Tenho de me lembrar de lhe subir a nota pelas capacidades de observação visual que acabou de demonstrar.
- Eu imito muita bem assinaturas. - prossegue, realizando no quadro uma rubrica - Olhe aqui a da minha mãe.
A aluna que pacientemente aqguardava no quadro o início do jogo da saída dos alunos (noutro dia explico, mas digamos que é uma maneira de perceber precisamente aquilo que os alunos não aprendem nas minhas aulas de geometria) esbugalha os olhos.
- Tu imitas a assintatura da tua mãe? És tu que assinas os testes assinados pela tua mãe?
- Por acaso até não... - responde este jovem artista gráfico, candidamente - é mais para assinar os recados na caderneta.
- Então e dizes isso à frente do stor?
- Pois... mas não é sempre...
- Estás a dizer-me isso? Ah, rapaz, que conversa vou eu ter com a tua directora de turma - remato.