terça-feira, 14 de fevereiro de 2006

Phantom of the Opera

Image hosting by Photobucket

IMDB | Phantom of the Opera (1943)
Phantom of the Opera

Escrita por Gaston Leroux em 1910, O Fantasma da Ópera tornou-se um dos grandes clássicos da literatura de terror. A elegante história de um fantasma cujo tenebroso segredo assombra as catacumbas que se esconde por debaixo do paradigma do refinamente cultural que é a Ópera de Paris tem encantado e assustado gerações de leitores. É também uma das obras literárias mais adaptadas para cinema. As primeiras adaptações datam da época áurea do cinema mudo e ainda muito recentemente estreou com grande fanfarra mais uma iteração desta história clássica.

O Fantasma da Ópera é também uma obra lendária devido às suas primeiras adaptações cinematográficas. Nos tempos do cinema mudo, o desempenho do actor Lon Chaney no papel do músico horrivelmente desfigurado que vive nos esgotos debaixo do edifício da Ópera de Paris arrancava gritos aos espectadores impressionados. O Fantasma da Ópera tornou-se assim mais um monstro icónico, uma das grandes recriações clássicas da cultura popular. Se bem que ao contrário de Drácula ou Frankenstein - se estes eram imensamente populares, o elitismo e a elegância do Fantasma da Ópera colocavam-no noutro nível.

Image hosting by Photobucket

A versão de 1943, com Claude Rains (o impressionante Homem Invisível do filme homónimo de 1933) não é uma das versões mais interessantes do filme. A história conta-nos como Erique Claudin, um violinista da orquestra da Ópera, enlouquece após ser despedido e fica desfigurado quando é atingido em cheio por uma tina de àcido lançada contra a sua cara pela amante de um editor de partituras de Claudin julgava ter-lhe roubado a sua obra prima. Claudin tinha uma estranha fixação por Christine Dubois, uma jovem cantora cuja carreira ele secretamente apoia. O filme nunca se decide em definir esta fixação - por um lado, Claudin poderá ser o pai de Christine, filha de um músico que havia abandonado a sua mãe. Por outro lado, poderá ser uma paixão de um homem de meia idade por uma rapariga mais jovem. Christine, para além de uma carreira promissora, tem dois apaixonados nas figuras de Daubert, um jovem inspector da Suretê, e de Garron, um dos grandes cantores da Ópera de Paris. O melhor do filme está na hilariante exploração da rivalidade entre estes dois homens, que termina numa grande amizade após verem a sua amada a preteri-los em favor das luzes da ribalta.

A loucura de Claudin reflecte-se numa onda de arrepiantes assassínios que varrem o pessoal da Ópera de Paris. O culminar desta onda dá-se com uma fabulosa cena em que o lustre da Ópera cai sobre o público no final de uma ària especialmente arrebatadora. Na confusão, Claudin rapta Christinte, e leva-a consigo até às soturnas caves e esgotos (os famosos esgotos de paris) labirínticos que se situam debaixo do edifício da Ópera. Daubert e Garron perseguem o raptor, que perece num aluimento das caves da ópera. Tudo isto se passa após uma cena clássica, em que o louco Claudin é desmascarado enquanto no auge da interpretação da sua obra prima musical.

Esta versão de O Fantasma da Ópera peca pelo seu lado pouco obscuro. O ênfase do filme foi colocado na música, com os principais papeis a serem atribuidos a conhecidos cantores de ópera da época. se a música do filme não é reconhecível, isso deve-se a questões de direitos de autor. Em 1943, com o mundo mergulhado em plena II grande guerra, era quase impossível a um estúdio de cinema obter os direitos de autor sobre obras de Wagner ou Tchaikovsky. De forma que os autores da banda sonora fizeram adaptações de conhecidas obras de ópera. O uso do technicolor também retira ao filme o seu carácter de filme de terror. Perante os cenários brilhantes e garridos, cheios de cor, é impossível criar uma atmosfera soturna e assustadora, como convém a uma história do calibre d'O Fantasma da Ópera, em que as luzes da ribalta se encontram em eterno contraste com as trevas dos subterrâneos.

No entanto, esta foi uma das mais apreciadas versões da história clássica. Ganhou, inclusivamente, óscares pela sua fotografia e banda sonora. O desempenho morno de Claude Rains no papel de Fantasma da Ópera ficou lembrado pela elegância que transmitiu ao personagem.