segunda-feira, 30 de janeiro de 2006
Neve (II)
Estranha manhã a de hoje, em que as estradas pareciam pistas de trenó e os cumes das serras aqui da zona ainda brilhavam em puros tons de branco. A viagem até ao trabalho foi fabulosa. A visão de um sol nascente acobreado a fazer reluzir as míriades de partículas de gelo; o contraste entre o branco do gelo e o negro do asfalto; a paisgem verdejante com retalhos esbranquiçados; a audição das gymnopédies de Eric Satie a comporem um momento muito especial, uma fuga no meio do ritual mais anódino da rotina diária. A entrada na Venda do Pinheiro foi feita por estradas ladeadas de casas com telhados brancos. À hora do almoço, um pulinho a alguns recantos mais recônditos nos limites da vila ainda me permitiu encontrar alguma neve, num contraste impressionante entre a sua brancura e o verdejar da natureza.
Até valeu a pena sentir o frio. Vou sentir imensa nostalgia quando me lembrar do amanhecer de hoje.