quinta-feira, 19 de janeiro de 2006

Da Terra à Lua



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Biblioteca Nacional | Júlio Verne

Da Terra à Lua, Júlio Verne, Público Comunicação Social SA, 2005 (Colecção Planeta Verne)


Após o final da guerra civil americana, um grupo irrequieto de especialistas em balística depara-se com um grave problema. Com a guerra finda, como dar uso aos seus conhecimentos de balística e de ligas metálicas apropriadas para a construção de grandes canhões? A resposta surge sob a forma de uma aventura inaudita: uma viagem à descoberta da lua, sob a forma de uma ogiva inaudita disparada por um gigantesco canhão. Se o pensam, melhor o fazem. Os recursos da grande nação americana põem-se ao serviço destes exploradores, que desejam transformar a lua na nova fronteira da humanidade.

Da Terra à Lua é um romance clássico de ficção científica, escrito em 1865 por Júlio Verne, o lendário escritor francês de romances de aventuras com alguma ficção científica à mistura. Da Terra à Lua tem um estilo leve, jocoso, bem humorado, apesar de estar alicerçado em ciência sólida. Os cálculos de Verne sobre a possibilidade de enviar um projéctil à lua, descontando o uso de um gigantesco canhão, preveram de forma muito acentuada várias constantes da conquista espacial. A cápsula lunar idealizada por Verne tem uma forma muito semelhante às cápsulas utilizadas pelas missões Apollo. O local de lançamento escolhido por Verne foi na Flórida, devido à sua proximidade com o equador - qualquer bom conhecedor de missões espaciais sabe que quanto mais próximo do equador for o lançamento, mais rápidamente entrará em órbita e com um dispêndio menor de combustível. Verne aplicou os mesmos cálculos, embora no seu caso não se tratasse do combustível disponível para o lançamento de um foguetão mas sim da quantidade de pólvora necessária para disparar o projéctil em direcção à lua.

Júlio Verne é um dos escritores clássicos do século XIX. As suas histórias de aventuras exóticas em terras distantes ainda hoje são lidas com agrado. Autor de clássicos da literatura como As 20000 Léguas Submarinas, Miguel Strogoff, A Ilha Misteriosa ou A Volta Ao Mundo Em Oitenta Dias, Verne ainda encanta leitores miúdos e graudos com os seus voos de imaginação. O valor literário de Verne é indiscutível, se bem que seja muito sobrevalorizado nos seus escritos que se aproximam da ficção científica. H. G. Wells, contemporâneo de Verne, criou obras de ficção científica infinitamente mais interessantes do que as de Verne. A razão prende-se, talvez, com o negativismo de Wells, capaz de ver as ameaças que um progresso tecnológico acelarado contém, se utilizado pelos homens de coração venal. Verne, em compensação, é um optimista, e vê o progresso tecnológico como uma acelaração em direcção a futuros utópicos.

Da Terra à Lua é uma das suas obras típicas. Leve, bem humorada, optimista e científicamente correcta, é uma obra fundamental dos primórdios desse género literário tão vilipendiado que é a Ficção Científica.