quinta-feira, 29 de dezembro de 2005

Galileu



ESA | Galileo
BBC | Europe launches Galileo satellite
BBC | Q&A: Europe's Galileo project

Ontem foi um grande dia para a indústria espacial europeia. O primeiro satélite da constelação Galileu foi lançado de Baikonur a bordo de um Proton russo. Este primeiro satélite, o Giove-1, serve apenas dois objectivos: reclamar as frequências do espectro electromagnético que a ITU atribuiu à União Europeia e testar os sistemas do Galileu. Até 2010, seguir-se-ão mais trinta satélites, que dotarão a europa (e o mundo) de um sistema GPS próprio, com precisão de sinal a rondar o metro.

A questão que se põe é para que é que precisamos de mais um sistema de posicionamento global. Já existe o GPS, o sistema americano, e o Glonass, o sistema russo. Não chegam? Na verdade, para além das óbvias contrapartidas tecnológicas e industriais que o desenvolvimento do sistema Galileu trás para o desenvolvimento tecnológico europeu, o sistema Galileu será civil, e mais preciso do que o gps. O sistema GPS é um sistema militar, que para aplicações civis detém uma precisão de 20 metros - o que quer dizer que quando pegamos no receptor gps para saber onde estamos, na verdade apenas sabemos que estamos algures num raio de 20 metros do local onde realmente estamos. Parece irrelevante, e até é... para um condutor perdido num espaço urbano que depende do gps para chegar ao destino, 20 metros não são nada. Agora, imaginem dois aviões apinhados de passageiros cujas rotas se interseccionam a grande velocidade. Aí, 20 metros são a diferença entre um voo normal e uma colisão em pleno ar. Outra vantagem do sistema Galileu é a de ser civil. O governo americano reserva-se o direito de degradar o sinal dos satélites, ou até mesmo desligar o sistema GPS, em caso de guerra, independentemente da sua utilização. A abertura do sistema Galileu, apesar das suas implicações num mundo complexo recheado de terroristas e criminosos especializados em alta tecnologia, é mais um passo em direcção a um mundo em paz. Se todos terão acesso às mesmas ferramentas, em condições de igualdade, o conceito de superioridade esfuma-se.

É um grande motivo de orgulho ver a tecnologia europeia a descolar para o espaço, numa nuvem de chamas, com o ribombar dos motores do foguetão a chamar o futuro até nós.