
OCAIW | The Nude In Art History
Artchive | Picasso
Da Vénus de Willendorf transporto-vos através dos séculos para uma representação modernista do nu. A imagem é a Banhista Sentada, obra pintada em 1930 por Pablo Picasso. A sensualidade do nu contina aqui presente; a homenagem do nu, à beleza feminina, à beleza do arquétipo mulher surge aqui transformada pelo cânone da pintura cubista. O espaço e a forma tornam-se esquivos e gelatinosos, reflectindo o olhar globalista e multi-planar do olho cubista, que tenta capturar na rigidez da tela a forma global apercebida pelo movimento.
O que me surpreende (e me choca) na pintura cubista é a forma como aos nossos olhos ainda parece indecifrável, inacessível e estranha. Esquecemo-nos que Picasso já morreu, há largas décadas, e que esta vitalidade foi criada nos anos 20 do século XX. Quase cem anos depois, o nosso olhar, treinado por uma civilização que adula o inconvencional mas que se enraíza profundamente no convencional, ainda se revolta, obrigando o cérebro a dar piruetas na tentativa de compreender para o que é que está a olhar. Na maior parte dos casos, os espectadores simplesmente desistem.
Isto acontece, apesar de vivermos numa época em que os cientistas descrevem uma visão do universo mais bizarra do que a multiplicidade de planos de visão congelada pelos cubistas no espaço bidimensional da tela.