Pequeno Blogue do Grande Terramoto
Há 250 anos, a um de novembro de 1755, a terra tremeu e a minha cidade foi arrasada. Foi uma catástrofe como não havia memória. Lisboa ficou arrasada, e os seus restos arruinados foram consumidos por fogos que demoraram dias a serem apagados. Os seus habitantes refugiaram-se em acampamentos improvisados às portas da cidade. Os roubos e os desacatos eram tantos que foram erguidas forcas nas colinas da cidade que rápidamente se encheram de criminosos sumáriamente executados. As notícias do acontecimento chocaram a europa iluminada de 1700.
O terramoto de 1755 modelou Lisboa. A Lisboa medieval e renascentista ficou arrasada. Hoje em dia, os seus vestígios ainda perduram no casario de Alfama e Mouraria, e pouco mais. Tudo o resto ficou soterrado debaixo de toneladas de entulho.
Graças ao terramoto, e com o impulso do homem que de facto governava o país, o Marquês de Pombal, Lisboa renasceu. O casario medieval e as ruas estreitas da zona entre o rossio e a praça do comercio transformaram-se numa cidade moderna, construída com um rigoroso planeamento geométrico e incorporando as mais modernas (para a época) técnicas de construção anti-sísmica. Nasceu assim a Baixa, dos entulhos das ruas medievais que cobriram os riachos que corriam para o rio.
250 anos depois, outra cidade sofreu um destino semelhante ao de Lisboa, embora com outras causas. Espero que dentro de 250 anos os futuros habitantes de Nova Orleães olhem para o furacão como um ponto de viragem que transformou a sua cidade em algo novo. 250 anos após o terramoto de 1755, olhamos para Lisboa, e para o génio de homens como o Marquês de Pombal e Carlos Mardel, arquitecto do rossio, e pensamos no quanto a nossa bela cidade espraiada sobre sete colinas a contemplar o tejo lhes deve.