sexta-feira, 21 de outubro de 2005

As deprimentes eleições

Ontem, finalmente, quebrou-se o tabu. Temos candidato presidencial na pessoa do dr. Cavaco Silva. Pois. Nem se sabia nem se imaginava que ele se iria candidatar. Tal facto nunca sequer se tornou rumor nestes últimos anos. Mas agora sim, acabou-se o tabu. O ente superior desceu da sua altaneira torre de marfim; todos devem votar nela, pois é o garante deste país.

Serei eu o único a achar perfeitamente ridícula aquela atitude pomposa de ente superior que relutantemente se digna a salvar a pátria nestes tempos conturbados?

Mais à esquerda não temos melhor hipótose. Soares é o que é... um caquético que deseja transformar S. Bento num asilo cheio de reminiscências do passado. Jerónimo de Sousa tem um ar tão paternalista que seria, se eleito, o presidente-papá de todos os portugueses. Mas sendo comunista, mesmo com o alentejo a votar em peso, difícilmente conseguirá ser eleito.

Louçã está perfeitamente à vontade no seu papel de provocador da vida política portuguesa. É essa a sua função, é aí que dá o seu melhor. Por isso, a sua candidatura é quase inútil. Quando muito, aumenta a visibilidade do Bloco de Esquerda (e isso sim, é útil - digo eu, que sou apoiante do BE).

Quem surpreendeu foi Manuel Alegre. Após ter sido tramado pelos amigos, compinchas e companheiros de luta política, ganhou-os no sítio e partiu à luta. Em vez de acatar, de cabeça baixa, uma decisão injusta do seu partido, mandou-os dar uma volta e candidatou-se.

Pode não ganhar muitos votos, mas pelo menos ganhou o meu respeito.