quinta-feira, 8 de setembro de 2005

To sleep, perchance...

Estes primeiros dias serão de uma dureza extrema. Já estou mesmo a ver, a sentir na pele. O simples esticar no sofá para uma sesta recuperadora transforma-se numa sorna de duas horas profundamente ressonadas. As férias, com todo aquele tempo em que somos nós que ditamos as nossas obrigações, estragam-nos os ritmos afinados por um ano de trabalho. O resultado é este choque sonolento, o resultado de um desabituado acordar cedo.

Se este parágrafo parecer fazer pouco sentido, é natural. Acabei de acordar, e o chá oolong que preparei para tentar dar um esticão ao cérebro ainda não arrefeceu o suficiente para ser devidamente saboreado.

Outra coisa que não ajuda nada são as reuniões. Em três dias, quatro reuniões, todas elas requintadíssimamente entediantes, a meio das quais normalmente já eu estou a gritar e a arrancar cabelos devido à minha burrice. Com tanta escola neste centro de àrea educativa, tinha logo de ter posto o código desta em que eu me encontro, ad eternum.

Nesta escola, as pessoas parecem ter prazer em fechar-se numa sala e ficar a olhar simpaticamente umas para as outras, enquanto ouvem indecisivamente um presidente de reunião que, pelo tom de voz, até pareceria gostar de estar noutro sítio. Assim, uma reunião de uma hora (ou menos) arrasta-se duas ou mais horas.

Não critico muito, pois também já tive o azar de estar na pele de um muito relutante delegado de grupo, e apesar de ter dinamizado apenas uma reunião antes de ter sido salvo pela colocação noutra escola, senti bem na pele os nervos inerentes à tentativa de coordenação de um grupo de professores. É assim algo como tentar pastar gatos em manada.

A boa notícia é que a minha espectativa confirmou-se: tenho, realmente, um dia livre, suave compensação para uma mancha horária que me deixará o dia todo na escola. O dia todo, é como quem diz, ali o dia todo vai das oito e meia às quatro e meia. Dando ou tirando meia horinha, é um horário que se aproxima perigosamente do "das nove às cinco". Mas não posso reclamar muito; os responsáveis da minha escola até criaram uns bons horários, dentro das exigências de um ministério que anda a tentar por tudo extorquir o máximo de trabalho possível de um professor.

A má notícia (as notícias viajam sempre aos pares...)? Uma das tarefas de um director de turma na minha escola é... abrir os livros de ponto. Semanalmente. Ao longo de todo o ano. Preferencialmente em letra legível.

Tão burrinho que eu fui...