domingo, 25 de setembro de 2005

Novas edições de H. P. Lovecraft



Os Melhores Contos de Howard Phillips Lovecraft
O Intruso
HPLovecraft | Fiction
The H. P. Lovecraft Archive
H.P. Lovecraft: The Colour Out Of Space

Após a queda de um meteorito numa zona rural da nova inglaterra, os animais e as plantas começam a morrer e uma estranha loucura apodera-se dos habitantes locais. À noite, é visível uma estranha fosforescência verde. Investigações sobre antepassados e as suas aventuras em àfrica em estranhos reinos de macacos humanoides levam à loucura um estranho e desfigurado nobre inglês, ao descobrir de quem realmente era descendente. Numa arruinada vila piscatória de Nova Inglaterra, um estranho mistério condena quem tentar perceber a estranheza dos habitantes de rostos que se assemelham a anfíbios. Numa ilha perdida, um estranho templo revela uma verdade assustadora sobre o passado da humanidade. Que segredos se escondem por detrás daqueles que teimam em manter viva a chama de civilizações antediluvianas e deuses do lado de lá do espaço? Que estranhos deuses fazem a sua aparição após o recitar de encantamentos secretos em noites de lua cheia, recitados por acólitos tenebrosos e cuja aparência desafia a noção de humanidade?

H. P. Lovecraft é, por alguns, considerado um digno sucessor de Edgar Allan Poe na escrita de contos tenebrosos que expandem as fronteiras do terror. Outros consideram-no um obscuro escritor de contos para pulps do princípio do século XX, cuja prosa já há muito que deveria estar esquecida.

A verdade é que Lovecraft não é um escritor fácil. Quase me atreveria a dizer que não é um bom escritor (basta dar uma vista de olhos aos seus poemas) - mas que se distingue pela sua visão única, pela forma labiríntica como escreve, digo melhor, urde teias de palavras que nos revelam imagens únicas. A coerência da sua visão, organizada nos famosos (para quem conhece) Mythos de Ctulhu, conjugada com a profunda estranheza gótica da sua prosa, garantiram a Lovecraft que não se tornasse mais um autor de pulps esquecido, relembrado apenas pelos fanáticos coleccionadores dessas revistas de capas lúridas cujas páginas se desfazem com o tempo.

Se se gosta de ler no género horror/oculto, Lovecraft é um autor incontornável. Não é tão conhecido como Poe, não tem a prosa fácil de Stephen King ou a decadência arrepiante de Poppy Z. Brite (ou o tédio de Anne Rice). Lovecraft, quanto a mim, é um daqueles autores que deveria de ser leitura obrigatória - não o conhecer é uma falha profunda. Não é fácil caracterizar os seus contos - basta dizer que ultrapassam largamente o esterótipo do conto de terror com fantasmas e descobertas macabras. Lovecraft transcende géneros, e grava na nossa mente palavras de suprema estranheza, ao descrever-nos as suas visões de deuses loucos de um tenebroso passado antediluviano.

As edições portuguesas de Lovecraft eram raras, até este anno domini de 2005. Guardo religiosamente uma edição de 1987 da Editorial Estampa, colecção Livro B, de Os Demónios de Randolph Carter, que reune de forma coerente quatro contos de Lovecraft - "The Statement of Randolph Carter", "The Dream Quest of Unknown Kadath", "The Silver Key" e "Through The Gates Of The Silver Key", os contos que me introduziram à estranha beleza da prosa de Lovecraft. Cheguei ao livro através de artigos em revistas já esquecidas de b.d., que se esfumaram com o tempo. Curiosamente, o livro foi impresso aqui em Mafra (aqui ao lado, mais precisamente, porque escrevo estas palavras na Ericeira) peka gráfica Rolo e Filhos. O ter deixado os títulos em inglês prendem-se com a atroz tradução dos mesmos. Não a divulgo. Encontrem o livro e vejam por vós próprios (e não mo peçam emprestado, este é um dos livros que nunca sairá da minha biblioteca).

A minha descoberta do autor deu-se com uns paperbacks baratuchos da delrey que encontrei na Fnac, há já uns anitos. As capas não faziam jus ao autor, repletas como estavam de esqueletos e criptas assombradas.

O facto dos direitos de autor dos contos de Lovecraft estarem a expirar, conto a conto, desde o final do século XX, facilita a circulação pela net de muitos dos escritos de Lovecraft - isto, legalmente, porque ilegalmente podemos ter acesso a tudo o que lovecraft escreveu (um dia talvez explique como). O site H.P. Lovecraft é um manancial de informação sobre o autor, quer biográfica quer bibliográfica, e vai incluindo, há medida que os direitos de autor expiram, os contos em ordem cronológica, com especial atenção aos Mitos de Ctulhu.

A editora Fio da Navalha, editora nova cujo catálogo é deveras interessante - está a editar Robert E. Howard, o criador de Conan o Bárbaro, entre outras coisinhas interessantes, editou em 2004 O Intruso, que reúne, numa excelente tradução (sei que não sou tradutor, mas conheço bem os originais, o que me qualifica para algum tipo de opinião), os contos "O Modelo de Pickman", "Os Ratos nas Paredes", "Factos Respeitantes ao Defundo Arthur Jermyn e Sua Família", "A Sombra Sobre Innsmouth", "O Intruso", "Dagon" e "A Cor que Caiu do Céu", alguns dos melhores contos de Lovecraft, com uma capa a condizer. Em 2005, sob a marca Edições Saída de Emergência, editou Os Melhores Contos de Lovecraft, numa edição que ganha pontos pela cratividade do seu layout e ilustrações. Escusado será dizer que são dois livros que recomendo vivamente (e não, não vos levarão à insolvência financeira). Ainda em 2004, a Vitamina BD editou uma curiosa homenagem a H.P. Lovecraft no formato comic (de capa dura), um trabalho com guião de Hans Rodionoff (que desconhecia), adaptado por Keith Giffen (desenhador de Blood, com guião de J. M. de Matteis) e ilustrado por Enrique Breccia (argentino que desenha o 100 Bullets da DC/Vertigo).