Primeiro dia de aulas. Um arrastar da cama, olhos incapazes de se abrirem, cérebro a flutuar numa névoa de sono arrasador. O despertador toca, perfura os sonhos e os tímpanos, e só o mais apurado sentido de dever nos obriga a pôr os pés fora da cama. Tem que ser, te mesmo que ser, e o que tem que ser tem muita força, martela-nos aquela entidade moralista que vive na minha cabeça. Um dia despejo-te, e logo verás...
Com o sol a raiar sobre a estrada, faço-me ao caminho, que não é muito longo mas tem muitas curvas. O meu destino é uma casinha de paredes amarelas e muros altos onde me espera um bando de petizes que, ainda mais nervosos do que eu, vão iniciar um novo ano de aulas.
O primeiro dia é sempre ingrato. Olhamos para os alunos, tentando descortinar as suas expressões, percebê-los e conhecê-los à primeira. Falhamos, e olhamos para eles com sorrisos comprometidos, enquanto eles nos encaram com aqueles rostos inquisitivos e inquietos.
Aquilo que é verdade verdadinha é que se acabaram as férias. As noites têm de ser encurtadas, pois agora o trabalho amanhece cedo.