quarta-feira, 7 de setembro de 2005

Delícias dos condomínios

Após um curto período de quatro dias à espera, os técnicos de fugas de àgua da Générale des Eaux deslocaram-se ao meu condomínio, do qual tenho o imenso prazer de ser administrador (entre isso e ir ao dentista...). Uma nota: nunca me dei ao trabalho de confirmar a direcção dos acentos, pela parte que me toca, tanto pode ser gènèrale ou générale. O único acento que me interessa na companhia que gere os serviços municipalizados de àgua de mafra (sim, ainda me lembro dessa designação) é o circunflexo dos cêntimos após os quilos de euros que me sacam mensalmente pelo consumo de àgua.

Foram pontuais. Quatro dias depois, estavam cá precisamente às nove e trinta em ponto. Esperava eu dois técnicos carregados de parafrenália técnica, aparelhómetros medidores de caudais de fuga, talvez, quem sabe, radares doppler que permitissem localizar o local exacto do buraco nos canos por onde jorram todos aqueles cento e cinquenta metros cúbicos de àgua que o meu condomínio gasta por mês.

Rápido cálculo mental: imaginem um cubo com um metro de lado. Agora imaginem cento e cinquenta cubos destes empilhados uns em cima dos outros.

Os técnicos saíram do carro, perguntaram-me porque é que eu os tinha chamado (porquê? setecentos e cinquenta euros de àgua não é razão suficiente???) e dedicaram-se a avaliar as possíveis fugas no sistema utilizando um equipamento sofisticadíssimo: os olhos. Olharam para o contador; olharam para os canos do sistema de rega, para aqueles que não estão enterrados, claro está; e ainda olharam para a mangueira da garagem. O veredicto, após tão aturado estudo? A culpa deve ser do jardineiro, ou da mulher das limpezas. Tal como naqueles contos policiais em que a culpa é do mordomo.

Fiquei abismado. Quarenta euros à hora por um serviço destes? Quarenta euros por olharem nem sei bem para onde, registarem a contagem, e dizerem-me para daqui a um mês voltar a contactar a CGE caso os metros cúbicos fossem excessivos?