quarta-feira, 3 de agosto de 2005

Elvis Everywhere

Elvis Today

Numa leitura rápida a este artigo sobre Elvis Presley, escrito por um crítico de jazz notório por detestar a música de Presley, uma curiosa observação: o rock, quando surgiu, era criticado a torto e a direito por ser uma música rebelde e imprópria, uma expressão demasiado revolucionária para a estabilidade social. Chocava pais, professores, políticos, padres, enfim, todos aqueles sectores conservadores da sociedade. Mas, apesar da mitologia do rock rebelde, quando o jazz se afirmou nos anos vinte as críticas e pressões sociais foram muito mais intensas. O factor comum? A ganância das empresas de discos, capazes de discernir que não existe má publicidade, e perfeitamente conscientes de que quanto mais chocante, mais rentável o produto. É o que se vê hoje em dia com o hip hop, som revolucionário dos bairros sociais transformado em produto revolucionário pré-embalado pelas multinacionais. Moral da história: As revoluções culturais pouco têm de revolucionário. Mal surgem, são logo monopolizadas por corporações apostadas em espremer todos os cêntimozinhos possíveis da rebeldia cultural.

Yet that was the very definition of rock ’n’ roll. What made it different from all other earlier kinds of pop was not the music itself but the marketing. Like big-band swing and Sinatra-era pop, rock was aimed at young people, but unlike other kinds of pop, it was also specifically designed to annoy their parents. Nearly every television documentary on early rock or Presley devotes too much time to inflating the reaction of the older generation. In fact, rock bashing by church and school officials was mild compared with the hostility toward jazz in the twenties. Still, parents, teachers, and clergy did condemn rock ’n’ roll, and the more they excoriated it, the more the entertainment business embraced it as a way to make money. It was characterized as subversive, the sound of rebellion, while being enthusiastically underwritten by corporate America.

Somos todos uns vendidos!

Por estas razões sou eu tão avesso a gostar das bandas da moda. Promovidas como rebeldes e independentes, na realidade são criadas e manipuladas por experientes departamentos de marketing. E o toque rebelde soa um bocadinho farsola, isto para ser simpático. Pelo menos na musica clássica, ou nas bandas mesmo independentes (aquelas com cds quase impossíveis de localizar), não há hipocrisias, e os trabalhos valem pelo seu mérito.