Hoje tive oportunidade de, numa reunião de grupo de E.V.T., observar a prova de exame de segundo ciclo de escolaridade da minha disciplina que o ministério entendeu elaborar. De tudo aquilo que se faz e desenvolve em E.V.T., de todas as experiências criativas, imaginativas e expressivas que se fomentam na disciplina, o ministério decidiu examinar a metodologia de projecto. Logo aquilo a que eu dou menos valor.
A prova de exame consistia na elaboração de um símbolo, com a construção de uma maquete, sobre o euro 2004. Farsoliçe do futebol à parte, aquilo que me ficou do exame foi a ênfase na criatividade aplicada. No criar com objectivos definidos. A anos-luz do trabalho artístico, o exame incidia na criação aplicada a um objectivo específico e comercializável.
Não sei o que se passa com as ideias que torneiam a nossa sociedade. Também não consigo apontar qual é a evolução. Só me apercebo que, cada vez mais, só parecer contar o que é rentável e comercializável. Os artistas já não criam arte, exploram nichos de mercado. E as experiências artísticas que a minha disciplina permite estender à generalidade das crianças, aparentemente só têm valor se permitirem uma renatibilização economicista futura.
Obviamente, é importante preparar os nossos alunos para o desempenho de futuras funções como agentes económicos. Não nego isso, pois não acredito muito em utopias bucólicas de sociedades perfeitas. Mas só isso? A cultura só é util se for rentabilizável?
Sendo assim, proponho que se reforme o ensino da matemática e do português. Matemática deverá ser dirigida ao cálculo financeiro; português deverá abandonar o inútil estudo de poetas mortos e escritores que ninguém lê, e centrar-se no ensino da elaboração de relatórios financeiros e textos publicitários eficientes.