Aproxima-se o final do ano lectivo, aproximam-se as semanas de muito trabalho burocrático que finalizam um típico ano lectivo. Faltas, notas, relatórios... que saudades tenho dos tempos em que era um mero professor de EVT. Só me preocupava com aquilo que realmente me interessa - as tintas, as cores, as formas. Desde que me descobriram director de turma, nunca mais tive descanso a tratar de assuntos que para a minha mente neo anarca são irrelevantes.
Burocracias. Relatórios. Papeladas que servem apenas para arquivo. Arquivos que são depósitos de dossiers repletos de papeis diligentemente escritos por centenas de professores directores de turma ao longo de décadas, porque eram importantes, mais importantes que tudo, e que agora esquecidos e a acumular pó, pasto para insectos bibliófagos. Assim roda a roda do efémero, empurrada no seu percurso circular por legiões de funcionários que se limitam a cumprir as leis e requisitos como se o futuro da humanidade dependesse disso.
O facto de me atribuirem responsabilidades destas só indica até que ponto me desconhecem - são, para mim, tão fúteis e inúteis estas coisas em que outros lutam, irritam-se e enfurecem-se. São tão transientes... passam com a àgua dos rios, ou o vento nos céus...
As burocracias cada vez mais me irritam. São inúteis, a menos que se tenha uma mentalidade picuinhas - que até é aquela que caracteriza a maior parte das pessoas que por aí pululam...
As burocracias impedem-me de fazer aquilo que faço melhor. Criar. Os tempos que perco a tratar de faltas, autorizações e todas as papeladas impedem-me de levar os alunos a exprimirem a criatividade. Geralmente, é com as minhas direcções de turma que realizo os trabalhos menos interessantes - as reponsabilidades do cargo sobrepõem-se ao que realmente importa.
Mas enfim, é este o sistema em que trabalho.