Praia do Norte
Não resisti a publicar esta imagem, digitalizada a partir de um velho postal, que mostra a praia do norte, aqui na Ericeira, tal como era nos anos 30. Do século XX.
Tenho um disco rígido cheio de imagens, e acho que me vou dedicar a mais um blog. Desta vez, no estilo do OneManSafari - só com imagens.
Nestas semanas que antecedem o final do ano lectivo os posts vão ficar mais curtos e menos imaginativos. Tenho duas semanas até ao fim do ano, com as papeladas da direcção de turma para pôr em ordem, as faltas para controlar, e as notas para dar. Vai ser a dose habitual de prenchimento de papeis, apimentada pelos ares de pânico que os meus colegas directores de turma vão aparentar quando se aperceberem que a vírgula ficou mal colocada no impresso número 455 que tiveram de preencher. No worries!
Dei por mim a começar a ler o Código da Vinci original. Não aqueles livritos semi ocultistas que ajudaram a inspirar as tortuosas ideias do livro, mas sim aquele romance sobre ocultismo e irrealidade, que fala de uma conspiração oculta que manipula toda a nossa vida, e que leva à morte daqueles que, estando de fora, nela se envolvem. Mesmo que seja fictícia, e que a ficção se transforme realidade. Estou a falar do livro O Pêndulo de Foucault, de Umberto Eco. Comparando o livro de Eco com o de Dan Brown, começo a perceber algumas similaridades. Claro que Eco é a superestrela do panorama académico europeu, romancista respeitado e semiólogo de referência, e Dan Brown é um escritor a metro; Eco escreve à romancista, com longos capítulos cheios de referências e narrações na primeira pessoa, que não resiste a descrever-nos os seus monólogos interiores, e Brown não adoptou narrador, intimizando cada personagem à medida que decorria a história; Eco demora o seu tempo a contar a história, enquanto Brown escreve capítulos curtos que terminam em suspense. Nítidamente não são livros similares, mas... Eco descreve o que acontece a três entediados funcionários de uma pequena editora de Milão. A editora especializa-se em edições de autor (daquelas edições que tem mesmo de ser o autor a pagar para publicar e até para ler...) e em livrinhos sensacionalistas sobre temas ocultistas (templários e daí por diante). Estes três funcionários, por piada, decidem-se perante umas cervejinhas a criar uma amálmaga de todas as referências ocultistas, misteriosas e alquímicas com que deparam nos livritos que publicam. Criam, assim, uma misteriosa conspiração oculta (com reminiscências dos illuminati). As coisas começam a correr mal quando as personagens idiossincráticas que se dedicam ao ocultismo começam a acreditar que estes três livreiros sabem mesmo algo de muito oculto e assassinam um dos livreiros, enforcando-o no pêndulo de foucault que está em permanente exibição no Conservatoire des Arts et Métiers em Paris, durante uma cerimónia ocultista.
Já estão a ver as semelhanças com o Código da Vinci? Conspirações ocultas, alquimismo, templários, saberes esotéricos e secretos, crimes desvairados, buscas por conhecimento oculto (e inexistente).
O Pêndulo de Foucault é um livro denso, cheio de conhecimentos e pormenores que só um estudioso académico poderia incluir no livro. Por isso, não se tornou num referencial pop, ao contrário do Código da Vinci, que gerou milhares de linhas a refutar, a concordar e a demonstrar, bem como ressuscitou passageiramente o interesse no ocultismo e esoterismo, que voltaram a ficar na moda.
Mas escolhi um péssimo livro para ler. Com o cansaço do final de ano lectivo, com as correrias das avaliações, vou-me pôr a ler um livro denso. Não devo regular bem.