Hoje, os obituários estão na ordem do dia, com as mortes de Vasco Gonçalves e de Àlvaro Cunhal. Com estes dois, é mais um bocadinho de uma geração que se vai, a geração do portugal dos pequeninos, do eusébio e da amália, do orgulhosamente sós e do 25 de abril.
Não me vou pronunciar sobre as virtudes ou defeitos destas duas importantes personagens da história recente portuguesa. Digo apenas que fizeram o que tinham a fazer, na altura em que o deviam fazer, naqueles loucos anos de 1974 e 1975. Para um país acabadinho de sair de mais de 50 anos de obscurantismo, os excessos daquela época são compreensíveis. Mas felizmente, nenhum destes dois conseguiu levar a sua avante - senão estaríamos a viver na república popular portuguesa, mais um fóssil estalinista, uma cuba europeia.
O meu avô, camponês vinhateiro daquela zona do país onde o ribatejo se confunde com o oeste, chamava ao àlvaro cunhal a raposa matreira. De tudo o que já li, vi e ouvi sobre ele, é esta a frase que melhor o descreve.