Mário de Carvalho (2003). Por dentro das guerras. Lisboa: Prime Books.
Um livro com que me cruzei por total acaso, e que me surpreendeu. É, por um lado, parte da história de vida de um português algo aventureiro, que se tornou repórter de imagem para um dos grandes canais americanos. O livro foca-se nas suas experiências como jornalista nos mais variados conflitos, desde o Líbano da guerra civil aos campos de batalha das várias eleições presidenciais norte-americanas que cobriu. São histórias rocambolescas, que colocam em evidência a coragem e o risco constante destes profissionais, especialmente se insistem em realizar o seu trabalho de forma independente. São muitas as histórias em que a vida esteve por um fio, onde só a experiência, ou aquela capacidade portuguesa para o desenrasque ou para a comunicação safaram o repórter.
Mais do que uma história de vida, li neste livro um recordar do final violento do século XX, um revisitar dos violentos conflitos que hoje mal são recordados, mas que abriam telejornais naquela época entre os anos 80 do século XX e a primeira década do XXI. As guerras israelo-árabes, o Líbano enquanto terra massacrada, as várias guerras do Golfo, a violência na Nicarágua ou o caos do Haiti são alguns dos locais de conflito que este livro nos recorda.