domingo, 25 de junho de 2023

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Esta semana, destacam-se recomendações de leitura, o vício dos trocadilhos e a ironia comercializada da Barbie em filme. Fala-se da cegueira na adoção da Inteligência Artificial, dos primórdios da arte computacional, e das representações da internet na cultura mediática. Reflete-se sobre formas de desviar o cerne de discussões, mitos sobre a Idade Média e a artificialidade do que comemos. 

Ficção Científica e Cultura Pop

[no title]: Cenas old school.

Notable Novels of Summer 2023, recommended by Cal Flyn: Alguns romances para o verão, na onda literária mainstream.

Maia BD traz Georges Bess e Canizales a Portugal: Um novo festival de Banda Desenhada a norte, que tem este ano a sua primeira edição e parece muito promissor.

4943) A arte do trocadilho infame (18.5.2023): Também sofro deste mal, o de não conseguir resistir a um jogo de palavras. É mais forte que eu, e embora de vez em quando me causa problemas por ser mal interpretado, a verdade é que é mesmo uma questão de brincar com sentidos e sonoridades, mesmo que pareça ofensivo.

A Trilogia dos "Monstros da Universal" a la Jésus Franco - Uma Breve Apreciação: Monstros clássicos ao estilo Jess Franco implica mais marotice do que horror.

HISTÓRIA DO BREVE CINEMA DE TERROR PORTUGUÊS: Não há, de facto, muito para dizer sobre este tema. Mas o pouco que há merece ser conhecido.

2022 Nebula Awards Winners: Olho para a lista dos vencedores dos Nebula deste ano, e confesso que me sinto ignorante, estou a leste da esmagadora maioria destes autores. Em parte, porque tenho dedicado o tempo escasso de leitura a obras mais clássicas da tradição literária, mas claramente, preciso de um mergulho na FC contemporânea.

NOVIDADES - H-alt Best-Off 02: Uma nova edição desta revista é sempre de saudar, mesmo que seja uma antologia de histórias já publicadas. Tenho um carinho especial por este projeto, pela sua independência e resistência.

The wildest Tears of the Kingdom builds we’ve seen: É uma curiosa tendência, que se está a massificar na cultura pop, de jogos em que o principal ponto de interesse nem é a história ou a jogabilidade, mas a capacidade de construir coisas dentro do ambiente de jogo. Cada vez mais, é o fascínio do recreio aberto e onde cada um constrói o que imagina.

10 Horror Movies That Will Make You Log Off Social Media, Possibly Forever: Dir-se-ia que alguns aspetos das redes sociais já são, em si, argumento de filme de terror. Mas há filmes que levam por sentidos tétricos a ideia do que alguns se dispõem a fazer para ter fama a qualquer custo.

20 Books to Get Lost in This Summer: Sugestões literárias para fazer frente ao estio.

Barbiemania! Margot Robbie Opens Up About the Movie Everyone’s Waiting For: Confesso que não deveria estar interessado num filme sobre bonecas. Mas há aqui algo, nesta assunção do kistch estilizado assumido, que me faz pensar numa colisão em que o sarcasmo da cultura pop desconstrói um dos mais perenes ícones do capitalismo. Mas tudo para entretenimento, porque a ironia já há muito que se tornou um novo nicho de mercado.

Tecnologia

Vicente Segrelles: Paisagens de fantasia.

Esquizofrenia em defesa da IA: Provavelmente das leituras mais sóbrias a fazer sobre as temáticas da IA. Longe de deslumbramentos, apontado que os discursos que comparam o surgir da IA com momentos similares na história da tecnologia deixam, deliberadamente, de parte os esforços sociais e legais que mitigaram os seus efeitos negativos. O problema da IA, como agora está a ser aplicada, está no sugar vampírico do esforço colectivo das sociedades, para beneficiar uma minoria. E a fazê-lo através de uma nova aurea mediocritas, de imagens geradas vistas como criativas mas que na verdade nada mais fazem do que replicar estéticas do passado, ou de geradores de textos que nos respondem a perguntas e nos libertam das chatices da erudição. 

3D “digital twin” showcases wreck of Titanic in unprecedented detail: Isto é um fabuloso uso de fotogrametria, digitalizando os destroços do Titanic, usando rovers que capturaram imagens de alta resolução.

New AI research lets you click and drag images to manipulate them in seconds: E quando achamos que a IA Generativa não nos consegue surpreender, eis a possibilidade de gerar e manipular imagens de forma interativa.

Transparent Augmented Reality Display Opens Possibilities to See Digital Content in Real Time: É um passo importante para o desenvolvimento de tecnologias de RA acessíveis, a possibilidade de ecrãs não intrusivos que nos permitam sobrepor camadas informativas sobre o espaço real.

AI-Generated Art: The Ethical Implications and Debates: Um olhar para as vertentes de análise crítica sobre a IA Generativa.

Here’s How AI Will Come for Your Job: Não, não iremos ser substituídos pelos algoritmos. Apenas, vão-nos exigir níveis progressivos de produtividade. E, também, a automatização das tretas, com ferramentas de IA a gerar os emails, apresentações e documentos que sustentam o mundo burocrático.

Early Computer Art in the 50s and 60s: Uma história dos primórdios da arte digital, olhando para o trabalho de artistas precursores que, nas décadas de 50 e 60, se dedicavam a experimentar na intersecção entre computação e arte.

User Inyerface: Já todos sofremos na pele a irritação dos dark patterns e GUIs mal desenhados. Este jogo permite-nos refletir sobre isso, em modo divertimento enfurecedor.

A history of metaphors for the internet: Do ciberespaço à auto-estrada da informação, um olhar sobre as metáforas que nos permitem entender a complexidade da internet.

Google’s Plan to Delete Inactive Accounts Shows the Internet Isn't Forever: Há aqui um dilema cultural, assumimos que o online, mesmo no efémero, é uma nova forma de arquivar dados e conhecimento. Mas há limites, de gestão de armazenamento, e o que considerávamos intemporal depressa pode desaparecer.

Sudowrite Launches Novel-Writing AI Software for Pseudo-Writers: E, com isto, aquela pessoa que sempre sonhou publicar um livro mas não tem talento para escrever pode achar-se como um novo Saramago ou Pessoa. Bem, isso já acontecia com as vanity press, esse fenómeno de sacar dinheiro a papalvos com promessas de sucesso literário. O que a IA traz é uma sensação de melhor capacidade literária.

OpenAI anuncia la llegada de ChatGPT al iPhone (con una nueva función): esto es todo lo que sabemos: Não há aqui grande surpresa, é um passo lógico, dado que é o telemóvel a ferramenta digital mais acessível que temos à mão.

A Forgotten ’80s Technology ‘Revolutionized’ Art for Keith Haring, David Hockney, and Others. What Happened to the Quantel Paintbox?: O que à época era revolucionário é hoje quase esquecido, mas o que se nota nesta história é que a ligação entre artistas e ferramentas digitais é já longa.

The Pope Who Banned the Telegraph, Street Lights, and Railroads as the 'Roads of Hell': Quando se fala dos riscos e dos males do desenvolvimento tecnológico, quando vemos os supostos especialistas da televisão a bramar contra as inovações, bem, isso é a versão mais recente de uma longa continuidade histórica.

Plugged in and logged on: a history of the internet on film and TV: As representações do digital nos media, que geralmente têm muito pouco a ver com a realidade, e por vezes atingem o ridículo.

As AI-generated fakes proliferate, Google plans to fight back: Isto, na verdade, vai ser um eterno jogo do gato e do rato, com a necessidade de evolução contínua de técnicas de detecção para conter ferramentas cada vez mais sofisticadas.

Authentic Learning and Making: Excelente, este destaque da Make: ao trabalho de um educador americano que tenho o gosto de conhecer pessoalmente. Ou seja, o que se diz no artigo, é mesmo aquilo que ele faz nos seus projetos com os seus alunos.

Microsoft bakes its Bing/ChatGPT bot into Windows 11: Nas rivalidades entre as grandes empresas tecnológicas, e a sua corrida para estar em primeiro lugar, a IA Generativa torno-se a arma mais recente para conquistar, ou reconquistar, o domínio económico.

Modernidade

HR Giger’s biomechanical landscapes: Clássicos.

A Rear View of Art History: Um olhar... traseiro, numa exposição que se apropria do clássico contemplar masculino com algum humor erudito.

How Big Oil is manipulating the way you think about climate change: Excelente, este artigo, sobre a forma como os nossos pontos de vista são manipulados em discussões públicas através da mais clássica das estratégias, o levantar celeuma sobre uma questão tangencial à em discussão, mas de menor importância.

The Oldest Recorded Kiss Happened 4,500 Years Ago, Scientists Say: O acto de beijar deve ser tão velho quanto a humanidade, mas devemos aos sumérios os seus primeiros registos escritos.

On cats: Um olhar para a relação entre as pessoas da Idade Média, e os gatos.

Shrinking the world: Stross a recordar-nos da forma como as redes de transportes encolheram o mundo, de que o tipo de caminhada a pé que hoje consideramos desporto era, no passado, um trajeto normal para o trabalho ou afazeres do dia a dia.

The formidable Mitsubishi Ki-83: Um avião perdido para a história da aviação, vítima do final da II Guerra.

Mythology Of The “Dark Ages” Belies Actual History: Olhar para a Idade Média como uma época de trevas e atraso é uma visão que, felizmente, caiu em desuso, graças ao reconhecimento histórico das interrelações num mundo mais globalizado do que se julgava.

Top 10 Japanese Aircraft Of World War II: As melhores aeronaves japonesas da II Guerra.

Beware of the Food That Isn’t Food: Todos sabemos disto, mas raramente ligamos quando damos a dentada no que nos parece apetitoso. A quantidade de químicos que artificializam a nossa comida é estonteante.

What Kind of Nazi Was He?: As histórias da guerra não são lineares, apesar de gostarmos de as apresentar como binárias. É inegável a monstruosidade e psicopatia da maioria dos nazis. Mas, seriam todos os filiados no partido racistas assassinos, ou haveria gente que apenas fazia pela vida, sabendo que junto deste grupo teria hipóteses de sobreviver num país enlouquecido, ou apenas pelo medo de represálias se se atrevesse a agir de forma diferente (notem que o texto não desculpabiliza o nazismo e os nazis, apenas nos recorda que o mundo das pessoas comuns não é simples).