Raul Brandão. As Ilhas Desconhecidas. Lisboa: Perspetivas & Realidades.
Relato de viagem, com recortes naturalistas e impressionistas. Raúl Brandão passa ao papel as suas impressões sobre uma viagem aos Açores, nos anos 20. Um mergulho nas gentes e paisagens naturais, num mundo isolado e longínquo cuja imutabilidade se começava a esboroar com o contacto com a modernidade e a emigração. Brandão ficou claramete apaixonado pelas gentes, e pelas paisagens. Das gentes, recolhe histórias e conversas, relatos de vida e observação das labutas e modos de viver. Pelas paisagens, divaga e contempla, deslumbrado pela beleza natural das ilhas.
A prosa densa e impressionista de Brandão, cheia de metáforas e voos de pensamento, é neste livro muito mais suportável do que em Húmus, livro considerado a sua obra prima mas que eu, pessoalmente, não apreciei precisamente devido à sua prosa. Aqui, o recorte é naturalista, e os devaneios e voos de pensamento rendem-se à descrição da sensação de viagem.