domingo, 9 de abril de 2023

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Esta semana, destaca-se os monstros clássicos da Universal, livros sobre exploração espacial, e vozes femininas da literatura de terror portuguesa. Olha-se para o potencial da IA Generativa, a influência do Xerox Alto, e técnicas para capturar ecrás â distância. Reflete-se sobre o ADN dos cães de Chernobyl, as revoluções cosmológicas trazidas pelo telescópio Webb, e a nostalgia do vinil.

Ficção Científica e Cultura Pop 

Paul Rossi: Para as estrelas.

NO HAY MÁS QUE UNA | JESÚS PALACIOS: A partir de uma recensão a um recente filme fantástico espanhol, uma visão sobre cinema transgressivo, o gosto insosso das massas, e a diluição dos talentos de excelentes realizadores que se habituam à fama do mercado, passando a criar obras mais ao gosto popular.

Hit Mockumentary ‘Cunk on Earth’ Offers an Absurdly Comic Take on World History. Here Are 5 Things It Gets Right About Art: Bem, na verdade, esta série é sátira inteligente, obviamente que se baseia em informação sólida, por muito patetas que sejam as tiradas da personagem (renné sauce é especialmente brilhante...)

(Re)Assistindo: As Aventuras (e Desventuras) do Lobisomem da Universal Films: Um novo olhar para um dos personagens seminais da lendária série clássica de filmes de terror da Universal Studios, um que não foi tão bem tratado quanto Drácula ou Frankenstein, mas não deixa de ter o seu lugar no firmamento dos monstros clássicos do horror.

Short Story Reviews: William Tenn’s “Generation of Noah” (1951) and “Eastward Ho!” (1958): Um olhar para uma ficção científica de sátira fina, que se atrevia a fazer crítica subtil ao militarismo nuclear.

Hundreds of thousands of Atari cartr—wait, Beanie Ba—sorry, Funko Pops headed to the landfill: Confesso que sempre tive dificuldade em perceber a piada dos Funko Pops, que depressa passaram de bonecos quirky a uma praga que infesta as lojas de comics e cultura pop, desdobrando-se em infindas variações de personagens pop, dos mais populares aos obscuros. Não surpreende que a bolha tenha rebentado, há limites físicos para a quantidade de Pops que se pode enfiar numa prateleira. Suspeito que depois da euforia que claramente chegou ao fim, os Pops vão ser aquela moda cringe que teremos vergonha de recordar.

What Isaac Asimov Can Teach Us About AI: Em resumo, não sobre a IA por si, mas sobre a forma como a concebemos, sempre com aquela aspiração à perfeição de simulacro de humanidade.

The Best Sci Fi Books on Space Settlement, recommended by Erika Nesvold: Um olhar profundo sobre como a ficção cientifica concebe a exploração espacial, focado em aspetos como o mais técnico da hard SF, mas também o lado sociológico, que não pode ser dissociado do técnico. Explorar o espaço implica enfiar humanos, essas criaturas de bizarria e humores, em ambientes fechados e isolados, bem como transferir normativos sociais para outros mundos.

Italo Calvino, Reconsidered: Descobrir a obra deste singular escritor italiano, criador de uma literatura muito pessoal e próxima do fantástico.

Unto the Godless What Little Remains – Mário Coelho: Ainda está na minha lista de leituras, porque bastam as primeiras páginas para se perceber que é leitura complexa, daquelas que requer um tempo e modo certos. Mas é de facto uma raridade, um escritor português ancorado no fantástico a encontrar leitores no espaço anglófono.

Autoras de terror português: A lista é longa, apesar da ficção fantástica ser um nicho (infelizmente). O mais curioso é que todos estes nomes são contemporâneos, de pessoas que escreveram ficção neste género nos últimos anos.

Tecnologia

Rick Guidice, NASA concept art, 1978: Do futuro no espaço.

ChatGPT Is So Bad at Essays That Professors Can Spot It Instantly: Não há aqui grande surpresa, todos sabemos que a produção real destes algoritmos anda muito longe do que o hype sobre eles anuncia. Basta usar estas ferramentas para tentar gerar algo complexo para perceber que há qualquer coisa que não joga bem nos resultados.

Lo mejor que le ha pasado a NVIDIA se llama ChatGPT y hay 30.000 razones para ello: É um facto, a Nvidia tem sido uma das grandes beneficiárias da corrente explosão da inteligência artificial. A maior parte dos algoritmos desenvolvidos por investigadores e empresas corre nos seus GPUs.

Blender can now use AI to create images and effects from text descriptions: Um daqueles projetos que faz sentido, incorporando IA Generativa como ferramenta para acelerar trabalho rotineiro e cognitivamente pouco importante.

Artist Paul Kremer Co-Created His Latest Series of Abstract Floral Paintings With an Unlikely Collaborator: ChatGPT: The street finds a way. Podemos perorar sobre a morte da arte frente ao dilúvio de imagens ruminadas por IA, ou podemos experimentar, e encontrar formas de usar a IA para explorar novas dimensões de criação artística.

Distributed differential privacy for federated learning: Técnicas de anonimização de dados pessoas no processamento para treino de algoritmos de inteligência artificial.

Stability AI, Hugging Face and Canva back new AI research nonprofit: Esforços no sentido de manter uma vertente de investigação open source no domínio da inteligência artificial.

Adobe’s Scott Belsky talks generative AI — and why it’s not going to end up like web3: Um ponto de vista muito interessante, que vê a IA generativa como uma ferramenta de auxílio à produtividade. Algo que ainda não se generalizou, porque estamos na fase de deslumbramento com o lado generativo, mas antevê que esse deslumbramento se irá desvanecer, quer pela repetitividade generativa, quer porque os resultados ficam sempre aquém do prometido: "Ultimately, Belsky thinks the stuff that wows us today probably won’t be where companies are attacking generative AI. Instead, they’ll be exploring much more practical business use cases that reduce manual work and speed up processes."

Scientists have mapped a secret hidden corridor in Great Pyramid of Giza: Possibilidades da arqueologia que usa tecnologias de ponta para melhor examinar os segredos do passado.

Researchers Use AI to Generate Images Based on People's Brain Activity: Possivelmente o artigo mais intrigante a sair da corrente colheita sobre IA Generativa, cruzando fMRI com Stable Diffusion. Não é exatamente ler mentes, mas há aqui algo que intriga muito.

Digital Dehumanization Paves Way for Killer Robots: Termo certeiro. É o que se sente perante as tendências a sociedade e economia digital, a redução do humano a dados, uma valorização redutora do que nos torna humanos, facilitando a insensibilidade.

The inside story of how ChatGPT was built from the people who made it: É intrigante perceber que os criadores do ChatGPR não esperavam o seu sucesso, ou que a ferramenta até assenta num algoritmo inferior ao mais corrente modelo LLM da Open AI.

Will Carmakers Switch Clay for Computers?: Somos humanos, precisamos do tangível, de mexer para melhor perceber. Os sistemas virtuais prometem trazer isso para o digital, mas nunca são verdadeiramente bem sucedidos.

50 YEARS LATER, WE’RE STILL LIVING IN THE XEROX ALTO’S WORLD: A influência deste lendário projeto, a origem dos interfaces gráficos, vai muito mais além da história da sua influência direta sobre Steve Jobs e o design de interface dos Macs. Muitos dos que trabalharam neste projeto seguiram caminhos que os levaram a criar empresas de redes, ou a trabalhar noutras empresas a desenvolver aplicações que tiravam partido de interface gráfico. Um exemplo, o criador da aplicação de documentos do Alto foi trabalhar para a Microsoft, onde desenvolveu o Office. E o resto, é história.

The Moral Economy of Tech: Provavelmente um dos textos mais lúcidos sobre ética e tecnologia. Desmonta a hubris dos entusiastas da tecnologia, sempre em busca de soluções tecnológicas para os problemas sociais, enquanto parecem cegos aos problemas que a sua visão económica e tecnologias criam. Mostra também o enorme risco civilizacional que representa o capitalismo de vigilância, com o peso adicional de algo que é fundamentalmente anti-democrático mas tão entusiasticamente abraçado por quem vive em democracia.

Hitting the Books: AI is making people think faster, not smarter: Se por um lado este tipo de argumento nos faz lembrar o lamento de Erasmus sobre o excesso de informação, a sua lógica mostra-nos que, de facto, perante a imediatitude do discurso online, a nossa tendência é reagir com rapidez, e não parar para pensar.

Cyber Resilience Act da UE exige segurança digital - mas pode pôr em risco projectos open-source: Parte do problema com as legislações europeias é que são bem intencionadas, mas fragilizam aqueles que não têm meios, como pequenas startups ou projetos abertos. Já vimos o mesmo acontecer com o GPRD.

Meet the companies trying to keep up with ChatGPT: Na corrida ao desenvolvimento de aplicações de modelos LLM, a OpenAI parece ter a liderança, mas há mais empresas à procura de sucesso com ferramentas similares.

Pulling Data From HDMI RF leakage: Formas de espiar à distância, reconstituindo o que alguém vê no ecrã a partir da captura da radiação emitida.

How To Build A Blog Without Social Media: Será possível, nos dias que correm, publicar alguma coisa na internet sem recorrer às câmaras de eco das redes sociais? Bem, isso depende do que se quer fazer online. Se a ideia for promover e entrar no jogo fugaz, não é possível. Mas se o objetivo for ter um espaço sustentado e focado, com visão de longo prazo, a coisa muda de figura e a pergunta é se vale mesmo a pena a trabalheira das redes sociais, para ter uns segundos de mais visibilidade.

ChatGPT’s Alternative Facts Of Art History: É uma constante nos artigos sobre o ChatGPT, a percepção que inventa muita da informação que nos dá. Ou seja, aquela ideia que estes bots conversacionais iriam substituir a pesquisa mais tradicional, é um erro de consequências potencialmente graves.

Si el futuro de la industria del automóvil está atado al software, una marca lleva la delantera: Mercedes: Lembram-se dos tempos em que só tinham extras num automóvel se pagassem o pacote dos extras? Agora a ideia é que o automóvel tenha os extras, mas só serão ativados para quem subscreva os serviços da marca. E, como se nota, é uma tendência multimilionária.

Modernidade

[no title]: Alvos.

Os missionários católicos que denunciaram o colonialismo português: Histórias da história negra das guerras coloniais, com o papel de missionários e padres que se atreveram a denunciar crimes de guerra e a opor-se às operações militares.

How Vinyl Records Became Cool Again: Em parte, como objetos de nostalgia retro, mas também por representarem uma certa fisicalidade da música, que se perdeu por completo na era do streaming.

Japan Finds 7,000 Islands It Didn't Know It Had: Vá, quem nunca procurou melhor e descobriu o que não sabia que tinha? Piadas à parte, este disparo no número de ilhas do arquipélago tem a ver com novas tecnologias, mais rigorosas, de mapeamento, e alterações na definição do que constitui uma ilha.

There’s Something Odd About the Dogs Living at Chernobyl: Os descendentes dos cães sobreviventes do acidente nuclear, como portadores de indícios do que a exposição de longo prazo a altas doses de radiação faz aos organismos.

Steamships, Part 2: The Further Adventures of Isambard Kingdom Brunel: Uma história de falhanços que mudaram o mundo, ou como os tempos de introdução de uma tecnologia são sempre complexos.

Astronomers Were Not Expecting This: As imagens e dados recolhidos pelo telescópio espacial James Webb não são apenas deslumbrantes, estão a levar os astrónomos a reavaliar o que se sabe sobre o universo, e a rever algumas das suas teorias basilares.

Filtered for causes and kissing: Correlação não implica relação é um dos princípios basilares do raciocínio lógico e científico, mas para nós humanos, intuir padrões é inato. E, mesmo que as correlações não sejam ligações diretas, sabemos que num mundo caótico e complexo, as ramificações das ações acabam por exercer influências inesperadas.

This Was, And Is, Pompeii: A cidade romana que nos fascina, local arqueológico riquíssimo cujo subsolo recorrentemente mostra-nos maravilhas da antiguidade. A tragédia dos pompeianos, e de Plínio, permite-nos hoje um olhar ímpar para o passado romano.

Brain Science May Explain Why We Like Certain Works Of Art: A fisiologia do gosto artístico, ou a forma como o nosso cérebro analisa e nos permite apreciar obras de arte.

La excelencia tecnológica del Boeing F-18 Super Hornet, el caza de 28 años que se resiste a morir: É uma das aeronaves modernas mais icónicas.

Scott Adams – How The Creator Of “Dilbert” Fell So Far So Fast: Devo ter sido fã de Dilbert para aí durante uns dez minutos nos anos 90, até perceber que a tira era (para mim) uma seca. Fico preocupado com esta história, como é, chega-se aos cinquenta e tal anos e a malta liga o chip do facho reaça racista? Por favor não me digam que é uma cena biológica. A outra preocupação tem a ver com a rapidez das fogueiras da inquisição da cultura de cancelamento, que são imediatamente atiçadas quando um criador mostra que apesar de ter um bom trabalho, é um idiota enquanto pessoa. Na verdade, esta reação progressista apenas ajuda os que são cancelados, que podem disfarçar a sua idiotice pública com a capa da injustiça e silenciamento.

O Japão vira a página do pacifismo: Não surpreende esta postura japonesa, entre a cada vez maior pressão chinesa e as ações russas.