quinta-feira, 18 de novembro de 2021

O Homem de Ferro; A Mulher de Ferro.


Ted Hughes (2018). O Homem de Ferro. Lisboa: Ponto de Fuga.

Quando os pedaços de um robot gigante começam a dar à praia, este reconstitui-se, e começa a assombrar as aldeias das redondezas. O robot precisa de se alimentar, o que significa a catástrofe para os agricultores da zona, que vêm as suas alfaias e veículos devorados. Nem o arame farpado escapa, como delicioso esparguete que é para homens de ferro. Apenas um miúdo percebe que o robot não é uma ameaça, e convence os vizinhos a fazer bom uso do ferro-velho local, que para o robot é um repasto delicioso. Este terá oportunidade de recompensar os habitantes da terra. e de todo o planeta, pela bondade. Quando um enorme dragão alienígena ameaça devorar a vida na Terra, são as capacidades inusitadas do Homem de Ferro que, sem qualquer luta, irão derrotar a ameaça.

Uma fábula infantil fortemente poética e onírica. Não precisa de se explicar ou fazer sentido, apenas vai-se esfumando palavra a palavra, encantando com a inesperada história originalmente editada em 1968.

Ted Hughes (2018). A Mulher de Ferro. Lisboa: Ponto de Fuga.

Tem o seu quê de continuação do poético Homem de Ferro (não confundir com o personagem da Marvel). Não tem, no entanto, o estilo encantador de ficção científica poética do primeiro livro. Segue outros caminhos, muito mais interventivos. A Mulher de Ferro, espécie de gigante robot, ou Talos feminino, que emerge dos rios e assombra uma cidade, não tem o caráter plácido do Homem de Ferro. Espalha à sua volta, em todos os que toca, uma doença violenta, e promete vingança e destruição.

Quem é tocado por esta mulher de ferro passa a sentir o sofrimento do mundo natural devastado pelo homem, e a única intenção dela é destruir a piores fontes de poluição. A história terminará bem, afinal, este é um livro de literatura infantil. A fúria da mulher-robot será aplacada, em boa parte porque a contaminação de empatia leva os humanos a perceber o mal que a poluição desencadeia no mundo natural. O tom de poesia de ficção científica passa aqui para um ativismo, aproveitando a literatura infantil para passar a mensagem da urgente necessidade de olhar para o ambientalismo.