terça-feira, 29 de dezembro de 2020

The Creativity Code

 


Marcus du Sautoy (2019). The Creativity Code: How AI Is Learning to Write, Paint and Think. Nova Iorque: 4th Estate.

Poderão as máquinas inteligentes ser criativas? Mas o que é isso de Inteligência e criatividade? Poderemos realmente definir esses conceitos? E não seremos nós, como entidades biológicas, uma espécie de máquinas naturais, com a inteligência a surgir como propriedade emergente de elementos biológicos que se auto-organizam? O matemático Marcus du Sautoy coleciona neste livro exemplos de algoritmos e robôs que permitem explorar as fronteiras da criatividade artificial. Dos algoritmos aleatórios concebidos por artistas às inteligências Artificiais aparentemente capazes de gerar obras de arte, Sautoy analisa a criatividade com um olho no espírito da máquina, e outro no impulso humano.

Discutir se alguma vez teremos máquinas verdadeiramente inteligentes e criativas é futurismo longínquo. O que dispomos agora é de interfaces, que variam entre simples programação ao processamento por redes neurais, que permitem aos humanos explorar novas formas de criar, utilizando ou em diálogo com mecanismos e software. Gostamos de acreditar na ilusão que o output destes mecanismos é uma expressão de criatividade artificial, mas na verdade são o resultado de algoritmos aleatórios, ou regras iterativas, ou processamento de conjuntos de treino que apesar dos resultados surpreendentes, dependem sempre das escolhas das bases de dado de treinamento de Inteligência Artificial. Gostamos de as criações produzidas ver como produtos de uma mente artificial, mas na verdade dizem mais sobre as sensibilidades, ideias e sensações daqueles que estão envolvidos no seu desenvolvimento, do que realmente espíritos da máquina.

domingo, 27 de dezembro de 2020

URL

Esta semana, destacamos conversas sobre Banda Desenhada, os vídeos sci-fi de bandas de metal, e design soviético. Fala-se de redes sociais, traços de consciência em laboratório e quimeras de inteligência artificial. Ainda se reflete sobre teletrabalho, ou como as aulas em vídeoconferência representam o pior de dois mundos.

Ficção Científica e Cultura Popular


thehauntedrocket:John Glenn by Moebius: Retrato de um pioneiro do espaço, por um grande mestre da BD.

https://70sscifiart.tumblr.com/post/634995027913900032/thehauntedrocket-john-glenn-by-moebius

The Thrill Is Worth the Pain: Hell and Survival in Dio’s ‘The Last in Line’: Só mesmo o We Are The Mutants para nos recordar o lado épico dos vídeoclips de metal dos anos 80.

https://wearethemutants.com/2020/11/17/the-thrill-is-worth-the-pain-hell-and-survival-in-dios-the-last-in-line/

The over-the-top space fashions of Star Trek: TOS: Porque o futuro era exótico. Star Trek TOS está cheio de pérolas, e os trajes são uma delas.

https://boingboing.net/2020/11/17/the-over-the-top-space-fashions-of-star-trek-tos.html

Biarritz : à la recherche du lecteur de BD contrôlé par la police: Há o desobedecer ao confinamento... e há o ser idoso, ser admoestado por estar à beira praia a ler o seu livro nos tempos de confinamento. Qual é a piada disto? É que tudo o que o velhote queria era ler um dos seus livros da série Les Vieux Fourneaux, cujas personagens são... velhotes insubmissos. 

https://www.sudouest.fr/2020/11/14/biarritz-a-la-recherche-du-lecteur-de-bd-controle-par-la-police-8077462-4037.php

Jim Steranko’s 1971 cover art for The Shores of Tomorrow: Steranko, disseram? Um dos grandes desenhadores dos comics, que trouxe o surrealismo ao género.

https://70sscifiart.tumblr.com/post/635017675424268288/jim-sterankos-1971-cover-art-for-the-shores-of

Furtos no Waldorf Astoria: De facto, este título da coleção Novela Gráfica é menos consequente do que o seu título leva a pensar. Ou, talvez não, se olharem com atenção para as personagens e a sua evolução, a usar os esterótipos de género e etnia para proezas Robin dos Bosques.

https://bandasdesenhadas.com/2020/11/14/furtos-no-waldorf-astoria/

Livro: "Solaris": Lem é um dos grandes nomes da ficção científica, e Solaris é daqueles romances que gerou uma obra marcante do cinema. Se hem que ao contrário de 2001, talvez o outro filme que mais se aproxima da visão diferente da FC, a obra original tem um enorme mérito próprio.

http://virtual-illusion.blogspot.com/2020/11/livro-solaris.html

All the Troubles of the World: Ah, aquele capacete.

https://pulpcovers.com/all-the-troubles-of-the-world/

Diseño soviético: un repaso visual a décadas de historia gráfica de otra era: O design (e a arte) soviético nos tempos revolucionários é, ainda hoje, marcante e excitante. E, também, momentâneo, com a solidificação do regime depressa se acabaram com as vanguardas, a favor de um classicismo propagandístico.

https://www.microsiervos.com/archivo/arte-y-diseno/diseno-sovietico-repaso-visual-historia-grafica.html

Walt Simonson: Comics clássicos

https://70sscifiart.tumblr.com/post/634666596745576448/walt-simonson

O problema dos três-corpos: Uma análise a um dos livros mais influebtes da FC chinesa. Que, sublinho, é uma leitura problemática e não tão interessante quanto o expectável. Não achei que valesse a pena ler os restantes livros das trilogias.

http://virtual-illusion.blogspot.com/2020/11/o-problema-dos-tres-corpos.html

Lançamento Arte de Autor/A Seita: Shangai Dream: Fiquei curioso. Uma obra ilustrada por um desenhador português que trabalha para o mercado francófono.

http://bongop-leituras-bd.blogspot.com/2020/11/lancamento-arte-de-autora-seita-shangai.html

Space Shuttle concept art by Spencer Taylor: Não está muito longe do que veio a ser.

https://70sscifiart.tumblr.com/post/634542033892147200/space-shuttle-concept-art-by-spencer-taylor

shapeWright: Um divertido webtoy. Escreve-se uma palavra e a app gera uma nave espacial. Não faz mais nada, nem dá para descarregar. Mas tem piada.

https://ship.shapewright.com/


Jack Gaughan cover art: Olhem que uma revista com contos de Haldeman, Spinrad e Lupoff deve ter sido uma grande edição.

https://70sscifiart.tumblr.com/post/634689279389581312/jack-gaughan-cover-art

Conversa aos Quadradinhos: Informação vinda de João Morales, esse furacão cultural: "A Câmara Municipal de Oeiras tem vindo a promover as CONVERSAS AOS QUADRADINHOS, conjunto de sessões que venho a moderar com figuras várias da Banda Desenhada que se faz em Portugal. Podem assistir na página de facebook das Bibliotecas Municipais de Oeiras. Luís Louro e Derradé (Dário Duarte): https://www.facebook.com/bibliotecasmunicipaisdeoeiras/videos/373910236939533; Rita Alfaiate e Joana Mosi: https://www.facebook.com/bibliotecasmunicipaisdeoeiras/videos/3073232902798805; Bruno Caetano e José de Freitas: https://www.facebook.com/bibliotecasmunicipaisdeoeiras/videos/1206625239716711; João Sequeira e Pedro Moura: https://www.facebook.com/bibliotecasmunicipaisdeoeiras/videos/1007593796423000; Inês Garcia e Tiago Cruz: https://www.facebook.com/bibliotecasmunicipaisdeoeiras/videos/2778672092400902 

Tecnologia

SITREP: Azerbaijan’s drone war expands with Reaper-like TB2: Fica-se com a sensação que o conflito entre o Azerbeijão e a Arménia está a ser um belíssimo campo de testes para drones militares. Na verdade, um campo de testes para tecnologia turca e israelita, que os militares azeri parecem estar a usar com muita eficácia sobre as forças arménias.

https://arstechnica.com/tech-policy/2020/11/sitrep-azerbaijans-drone-war-expands-with-reaper-like-tb2/

The Backbone: Conclusion: É intrigante ler sobre os primeiros tempos de massificação da internet, entre o espírito libertário e os indícios de consolidação empresarial. Que é o que hoje domina a rede, essencialmente dominada por gigantes que controlam espaços semi-fechados onde interagem os utilizadores.

https://technicshistory.com/2020/11/13/the-backbone-conclusion/

Parler, Gab, MeWe, and Rumble Are Creating a Massive Right-Wing Echo Chamber: As redes dos trolls e idiotas. Que trazem consigo um problema grave, o de serem câmaras de eco onde os cretinos propagam as suas ideias, fechando-se em bolhas de irrealidade e convencimento absoluto.

https://www.vice.com/en_us/article/k7a8mz/parler-gab-mewe-and-rumble-are-creating-a-massive-right-wing-echo-chamber

Instagram rediseña su app, los Reels y la Tienda son ahora absolutos protagonistas: Mais uma variante para o Instagram. Confesso que sinto que esta rede social está em profunda decadência, desde que o Facebook a adquiriu e a tenta monetizar por todos os caminhos. O seu principal foco de interesse, a fotografia, perde-se no que se está a tornar uma espécie de clone manhoso do facebook, focado na inanidade dos influencers.

https://www.xataka.com/aplicaciones/instagram-redisena-su-app-reels-tienda-ahora-absolutos-protagonistas

E se um computador coubesse dentro de um teclado?: Bem, mas isso é um Spectrum, diz a malta oldschool da retrocomputação. Bem, agora a Raspberry Pi trouxe para o mercado uma versão da sua popular placa computacional totalmente encerrada dentro d de um teclado. É uma proposta gira, especialmente porque estas pequenas placas têm um poder computacional que não é de desdenhar. Apesar de terem sido concebidos como plataformas de computação de baixo custo para a educaçãp, os Rapsberry Pi têm tido sucesso com projetos maker, porque são de facto computadores de muito baixo custo. 

https://shifter.sapo.pt/2020/11/raspberry-pi-400-computador-teclado/~

Can lab-grown brains become conscious?: Isto é muito intrigante. Cientistas a investigar culturas de células cerebrais detetaram atividade elétrica em ondas coordenadas, similar à já observada em bebés prematuros. É uma das propriedades que caracteriza a consciência. Fica no ar a ideia de que estas experiências inadvertidamente geraram cérebros conscientes, e se falar disto parece especulação, na verdade as comissões de ética estão a analisar os resultados.

https://www.nature.com/articles/d41586-020-02986-y

This AI-Algorithm Generated 3,000 New Pokémon: Bolas, se a Niantic sabe disto, os pokédecks ficarão intermináveis. Uma utilização muito divertida de algortimos de aprendizagem automática.

https://www.vice.com/en/article/93wbb3/this-ai-algorithm-generated-3000-new-pokemon

2020/11/11 DARPA Selects Teams to Further Advance Dogfighting Algorithms: Em busca de um Top Gun virtual? A DARPA está a investigar algoritmos de IA capazes de combate aéreo autónomo.

https://www.darpa.mil/news-events/2020-11-11

A private company has a crew going to the ISS next year: Faz todo o sentido, alargar o acesso ao espaço a iniciativas totalmente privadas. Este é mais um passo nesse sentido.

https://www.technologyreview.com/2020/11/12/1012014/axiom-space-private-company-crew-iss-ax-1-mission-2021/

Thin Holographic Video Display for Mobile Phones: Intrigante. As aplicações disto no que toca ao 3D são muito interessantes.

https://spectrum.ieee.org/tech-talk/consumer-electronics/portable-devices/holovideo-phones

Messy Convergence: Quando as tecnologias convergem em produtos únicos, é um sucesso. O problema está nas tentativas que andaram lá perto, mas não foram capazes de criar verdadeiras convergências.

https://tedium.co/2020/11/13/technology-convergence-history/

Tyndall Air Force base to receive military’s first robot dogs: Robots militares, para tarefas de patrulha e observação.
https://warisboring.com/tyndall-air-force-base-to-receive-militarys-first-robot-dogs/

The U.S. Army Wants Heavy Robots Armed with Missiles: Não há aqui grande surpresa. Geralmente focamo-nos nos drones aéreos, mas os planos de automatização do combate também se estudam noutros tipos de teatro de guerra.
https://nationalinterest.org/blog/buzz/us-army-wants-heavy-robots-armed-missiles-172615

FAB apresenta nova aeronave militar híbrida com quatro motores: Ainda não há muitos detalhes, mas o Brasil quer investir num projeto de aeronve com motores elétricos. A Embraer está envolvida, o que poderá significar uma potencial contribuição portuguesa, dado o pólo industrial aeronático que a construtura brasileira tem em Évora.
https://www.aeroin.net/embraer-fab-apresentam-nova-aeronave-militar-hibrida-quatro-motores/

dorking (how to find anything on the Internet): O quê, achavam que eram uns mestres na pesquisa só porque sabem introduzir palavras-chave no google? Vejam aqui algumas dicas que realmente afinam as vossas capacidades de pesquisa.
https://www.alec.fyi/dorking-how-to-find-anything-on-the-internet.html?

Fraunhofer researchers develop 3D printed suspension part for Fiat-Chrysler sports car: Mais um exemplo de manufatura aditiva na indústria automóvel, embora ainda aplicada aos carros de nicho e não aos destinados ao grande público.
https://3dprintingindustry.com/news/fraunhofer-researchers-develop-3d-printed-suspension-part-for-fiat-chrysler-sports-car-179242/

Doctor Who Theme Composers Turning Internet into Musical Instrument: Bem, não exatamente os compositores da inesquecível música da série, mas o departamento da BBC que tem estado na linha da frente da inovação musical. Desta vez, com uma ferramenta de criação de música online.
https://bleedingcool.com/tv/doctor-who-theme-composers-turning-internet-into-musical-instrument/

Este site diz-te quão normal és: Uma brincadeira muito séria com inteligência artificial, que nos provoca e leva a pensar sobre os problemas de privacidade e justiça trazidos pelo reconhecimento facial.
https://shifter.sapo.pt/2020/11/how-normal-am-i/

Using GANs to Create Fantastical Creatures: Isto é muito giro. Uma app que utiliza algoritmos GAN para gerar criaturas fantásticas. Malta, hora de ir brincar.
http://ai.googleblog.com/2020/11/using-gans-to-create-fantastical.html

Modernidade

UNINVITED. A “horror experience by and for machines”: Em busca de novas estéticas, para lá das fronteiras do artificial.

https://we-make-money-not-art.com/uninvited-a-horror-experience-by-and-for-machines/

En Deutsche Bank plantean un "impuesto al teletrabajo" del 5%: el dinero iría a los empleados que no pueden teletrabajar: Tanto que está errado nesta proposta, que nem sei por onde começar. Considerar o teletrabalho como luxo, e aconselhar taxar os trabalhadores que estejam nesta modalidade alegando que estes têm menores despesas do que os que trabalham presencialmente, é de um paternalismo imoral. Representa uma vénia à ideia de que se temos um contrato de trabalho, a empresa passa a ter o direito de reger a vida pessoal do trabalhador. É imoral argumentar que um teletrabalhador passe a pagar uma taxa, alegando que não contribui o mesmo para a sociedade do que outros tipos de trabalhador, por ter menos despesas de transporte, comida, roupa, e, pasme-se: porque a empresa gasta mais dinheiro com os trabalhadores presencais, por ter de lhes fornecer espaços de trabalho. Aliás, seguindo a mesmíssima ordem de ideias, uma pessoa que viva uma vida frugal também de teria de pagar taxas extra, por não contribuir tanto para a economia quanto um chapa ganha-chapa gasta.

https://www.xataka.com/empresas-y-economia/deutsche-bank-plantean-impuesto-al-teletrabajo-5-dinero-iria-a-empleados-que-no-pueden-teletrabajar

What You Can Learn from Living in Antarctica - Issue 92: Frontiers: Resiliência, solidão, e paisagens de cortar a respiração.

http://nautil.us/issue/92/frontiers/what-you-can-learn-from-living-in-antarctica

Google Arts & Culture as an Agent of Ethnic Cleansing: O genocídio cultural, como forma de apagar traços da memória histórica, está bem vivo e recomenda-se de saúde. E, por vezes, os campos de batalha são insuspeitos: o corrente conflito entre a Arménia e o Azerbaijão, às voltas com o enclave de Nagorno-Karabakh mas fundamentalmente um conflito étnico, alastrou para o insuspeito Google Arts and Culture.

https://hyperallergic.com/601492/google-arts-culture-as-an-agent-of-ethnic-cleansing/

Social media promised to connect us, but made us isolated and tribal instead: São as bolhas e as câmaras de eco. A promessa de conexão regrediu para isto, posições extremadas e recantos muito escuros, onde pululam trolls. 

https://www.fastcompany.com/90574907/social-media-promised-to-connect-us-but-made-us-isolated-and-tribal-instead

The Most Controversial Artworks Of The 20th Century: A grande arte sempre mexeu com as emoções, e algumas destas obras são verdadeiramente perturbadoras. E, para alguns, autênticos anátemas artísticos.

https://www.thecollector.com/controversial-artworks-of-the-20th-century/

Remote learning is here to stay — can we make it better?: E finalmente, diga-se. Os ambientes educativos digitais podem ser uma excelente ferramenta de aprendizagem, na forma como se adaptam ao ritmo individual de cada um, na facilidade com que permitem explorar conteúdos e nas ferramentas que potenciam criativiade na aprendizagem através de projetos. O digital na educação permite isto: "What could schooling then be like? Well, then the teacher shouldn’t be about giving the lecture and you don’t have to move all the kids in lockstep.  When people get together, the teacher should act as more of an adviser. How do you unblock kids, or how do you be the conductor so that you can get kids to help each other? So the school has always been about students’ agency and the students being at the center of their learning, and that the adults are there to always help and unblock". Mas, é isso o que está a acontecer nas correntes experiências de ensino remoto, em apoio aos alunos em isolamento profilático? Nem por isso. A moda é ligar a câmara e dar a aula normal, em clássico modo de palestra, com o aluno ou a turma a seguir em casa (também já acontece o oposto, ser o professor de casa a dar aula por videoconferência com os alunos na sala de aula). Ou seja, é o pior de dois mundos. E coitados dos alunos que estiverem em isolamento, não só têm de lidar com o stress emocional da eventual infeção e o tédio, como ainda têm de levar tremendas secas por videoconferência. Notem que não sou anti-videoconferências, são uma ferramenta útil em trabalho de projeto, e no confinamento dinamizei sessões em streaming a partir de casa, para trabalhar com os alunos aquelas matérias que precisam mesmo de momentos onde o professor fala e demonstra. Estou é cada vez mais contra o uso de videoconferência para cimentar o lado tradicional da escola, agora com a patine de modernidade trazida pela tecnologia. É mau para os alunos (e eles reagem de formas criativas, ao ponto de já haver por aí bots que substituem a presença em sessões zoom), é mau para a educação, que é muito mais do que o velho conceito do aprender de corpo presente. Só é bom para quem usa estes meios desta forma. Afirmam-se professores inovadores, sem terem tido o trabalho de mudar sequer um milímetro das suas práticas.
https://www.theverge.com/21570482/remote-learning-khan-academy-interview-decoder-podcast

That Time a RAF Phantom Crew Jokingly Requested Fuel from an Argentine Air Force KC-130 Flying Over The Falklands: Vale mesmo a pena ler esta história de bom humor entre inimigos, no ambiente ainda tenso da paz após a guerra das Malvinas. Uma brincadeira que valeu ao piloto britânico uma inesperada medalha argentina.
https://theaviationgeekclub.com/that-time-a-raf-phantom-crew-jokingly-requested-fuel-from-an-argentine-air-force-kc-130-flying-over-the-falklands/

quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

How to Astronaut: Everything You Need to Know Before Leaving Earth

 


Terry Virts (2020). How to Astronaut: Everything You Need to Know Before Leaving Earth. Workman Publishing Company.

omo ser um astronauta, pela voz de quem o é. Neste conjunto de pequenos ensaios, o veterano Terry Virts fala-nos da sua experiência em missões no Space Shuttle e na Estação Espacial Internacional. E conta tudo, desde os detalhes divertidos aos momentos assustadores (indeciso entre uma fuga de amoníaco na estação ou a reentrada atmosférica numa Soyuz, passando pelos dramas, pela intensidade do treino a que são sujeitos. E sempre com um olhar no absoluto fascínio de, no meio da imensas tarefas e cuidados extremos, parar e contemplar lá de cima o nosso planeta azul. Algo que as imagens captadas nos dão uma pálida ideia, mas Virts fala-nos do imenso deslumbre do negrume estelar intersectado pelo azul intenso, com o verde das florestas, o amarelo torrado dos desertos, ou as luzes brilhantes da Terra nocturna. 

terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Comics: Professor Dario Bava: Murder Vibes From the Monster Dimension; Girl; Miles Morales

 

Phil Mucci, Mike Dubisch (2019). Professor Dario Bava: Murder Vibes From the Monster Dimension. Diabolik.

A capa por Emmanuel Tagliatelli, velho mestre italiano da ilustração exploitation, desperta logo o interesse. Mas este é daqueles livros em que o conteúdo não defrauda as expetativas da capa. É um bizarro e levemente demente numa visão bem humorada do terror clássico, com ex-padres exorcistas, raparigas de futuros distópicos e grupos de combatentes do sobrenatural. O estilo é histriónico, muito over the top, e o grafismo acompanha. Essencialmente, é uma divertida e absurdista homenagem à iconografia do terror clássico de Série B.

Pete Milligan, Duncan Fegredo (2020). Girl. Nova Iorque: DC Comics.

Uma típica história no tom cru que a Vertigo trouxe aos leitores nos anos 90, agora reeditado sob a chancela DC Black Laber.. Uma adolescente, vivendo num bairro periférico sem grandes perspetivas, procura compreender a sua identidade face a um mundo que quer rejeitar, entre efabulações e partidas da vida. Pete Milligan segue com o seu habitual estilo ácido, e a ilustração de Duncan Fegredo sublinha o tom cru da história.  O livro só peca por um demasiado óbvio final feliz, que tem ainda o condão de subverter todo o esforço de construção de identidade da personagem, que se centra no tipo de pessoa que quer a todo o custo ir além do ambiente em que cresce.


Saladin Ahmed, et al (2019). Miles Morales: Homem-Aranha - Direto do Brooklyn. Panini.

Confesso que estava curioso para conhecer as aventuras de Miles Morales, um homem-aranha mais adaptado aos tempos contemporâneos. Faz parte das tentativas da Marvel de se manter relevante para as novas gerações de leitores, criando novas personagens que refletem diversidades de género, étnicas ou culturais. Ou revendo personagens clássicos, adaptando-as às normas culturais dos tempos de hoje. Um tipo de abordagem que geralmente não é bem aceite por um certo tipo de fãs, que oscila entre o conservador e o abertamente racista. Leitores que se sentem profundamente injuriados porque a editora faz evoluir as suas premissas e personagens, e não mantém as iconografias e histórias do passado. 

Mas, se se é fã de comics, verdadeiramente fã e não como um apêndice para ideologias, percebe-se que o género tem de ir ao encontro de novas gerações, senão estagna e morre. Curiosamente, a fórmula que a Marvel aplica para despertar leitores é a mesma com que conquistou os leitores antigos - personagens que apelam às dores de crescimento dos adolescentes, aos problemas da formação da personalidade, às pulsões, gostos que se formam, e sensação de incompreensão. Miles Morales é em tudo igual a Peter Parker ao nível fundamental. O que ofende os leitores recalcados é que Morales não é branco, e os seus referentes culturais não são os da cultura branca. Este personagem, tal com outros - a islâmica Ms. Marvel ou a obviamente queer Squirrel Girl, trazem as questões de representatividade para a linha da frente dos comics. E reparem, tal como nós nos sentimos identificados quando abrimos um comic e nos tornámos fãs, porque não transmitir essa sensação àqueles que têm cor de pele, cultura ou religião diferente, e que até agora não estavam verdadeiramente representados?

É essa a importância deste Miles Morales. A leitura vale a pena. É o que é, histórias de comics sem pretensões a algo mais, a identidade de Morales está tão entretecida nas aventuras como Lee e Ditko o faziam no Spider-Man original. Apesar do apelo à diversidade, não é panfletário. É um personagem forte, de fácil identificação para os fãs, e com imenso potencial.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

H-alt: Shangai Dream

 

Shangai Dream é uma excelente forma de encerrar o ano editorial. Com uma história cativante, que nos recorda a qualidade da banda desenhada francófona, dá-nos a conhecer a enorme qualidade do traço de um ilustrador inédito por cá, apesar de ser português. Uma excelente edição em parceria da Seita com a Arte de Autor. Recensão completa em H-alt: Shangai Dream.

domingo, 20 de dezembro de 2020

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Esta semana, fala-se de sugestões de cinema de ficção científica soviética, do imaginário dos mitos urbanos, ou do retro-futurismo. Ainda descobrimos Inteligência Artificial musical, as orações do Papa, e campanhas para combater a partilha indevida de imagens íntimas. Recordamos Cruzeiro Seixas, e percebemos que a escola em tempos de pandemia está a transferir para o espaço online as piores práticas do ensino presencial. Mais leituras vos aguardam, nas Capturas da semana.

Ficção Científica e Cultura Popular

The Shadow’s Shadow (1977): Quem conhece o mal que se oculta no coração dos homens? https://pulpcovers.com/the-shadows-shadow-1977/

Bedfellows of the Worm: The Early History of Female Vampires: Antes de Drácula, os vampiros vitorianos e góticos eram femininos. Neste artigo, algumas das mais icónicas personagens, que cruzavam o horror do além com a sublimação da trasngressividade sexual. https://www.tor.com/2020/07/24/bedfellows-of-the-worm-the-early-history-of-female-vampires/

A Brief History of Soviet Sci-fi: Breve, mas intrigante, com filmes que merecem a pena ser descobertos. Note-se que as sugestões não são unicamente russas. Os filmes de ficção científica checos e polacos são aqueles que mais irão despertar a curiosidade.

https://tiff.net/the-review/a-brief-history-of-soviet-sci-fi

The 2020 Bulwer-Lytton Fiction Contest: Há o escrever mal, há as masteclasses de Thog (seguidores do Ansible percebem esta). E há o concurso Bulwer-Lytton, onde os concorrentes se esforçam por escrever os parágrafos mais rebuscados e ilegíveis. https://www.neatorama.com/2020/11/10/The-2020-Bulwer-Lytton-Fiction-Contest/


Chris Foss, 1972: Não há space opera mais clássica que a série Lensman.

https://70sscifiart.tumblr.com/post/634428817679712256/chris-foss-1972

Haunted radio: Da estranha capacidade dos mitos urbanos nos fascinarem. E, embora não pensemos muito nisso, de os aceitar-mos como semi-verdades, na zona nebulosa entre facto e ficção.

http://interconnected.org/home/2020/11/09/haunted_radio

Barefoot Gen: What Nuclear War Looks Like to a Six-Year-Old: Das mais poderosas obras a surgir do Japão, um dos mangá que ajudou a conquistar a respeitabilidade deste género. Recordações de uma infância marcada pelos bombardeamentos atómicos. https://bleedingcool.com/comics/barefoot-gen-what-nuclear-war-looks-like-to-a-six-year-old/

Paul Alexander: Tempos sucessivos.

https://70sscifiart.tumblr.com/post/634326990146666496/paul-alexander

Robert Bloch - H.P Lovecraft Drawings, 1933: Diga-se que Bloch foi melhor escritor do que desenhador, mas foi o seu gosto pela obra de Lovecraft que impediu que este escritor caísse no esquecimento, e se tornasse uma das mais importantes influências estéticas no terror. http://monsterbrains.blogspot.com/2020/11/robert-bloch-hp-lovecraft-drawings-1933.html


Danny Flynn: Estética dos aerógrafos. https://70sscifiart.tumblr.com/post/634213651467911169/danny-flynn

Pokémon GO Is Bigger Than Ever: 1 Billion Dollars Earned In 2020: Quanto? Tanto? Como? Depois do lançamento explosivo de 2016, o jogo que colocou a realidade aumentada no mapa continua a somar sucessos. Posso atestar isso. Todos os anos me têm chegado novos alunos, de dez anos, que já se renderam às caçadas de pokémon. Isto apesar de ser apontado como um jogo nostálgico, para a geração que cresceu a jogar Pokémon nas cartas e nas consolas Game Boy. https://bleedingcool.com/games/pokemon-go-is-bigger-than-ever-1-billion-dollars-earned-in-2020/

Science Fiction – A Literary History: A Cristina aponta bem o defeito da maior parte destas histórias literárias. Focam-se no espaço anglo-americano, o que não surpreende, é o material ao qual os autores mais facilmente têm acesso. https://osrascunhos.com/2020/11/06/science-fiction-a-literary-history/

Providence: A Look Back at Alan Moore's Ultimate Lovecraft Story: É uma das últimas obras de Moore, uma tremenda vénia a Lovecraft. Um daqueles livros que vai ter espaço na minha biblioteca. https://bleedingcool.com/comics/providence-a-look-back-at-alan-moores-ultimate-lovecraft-story/


The City Of The Living Dead (1930): Sonhos felizes com sensores? Quem nunca.

https://pulpcovers.com/the-city-of-the-living-dead-1930/

The Traditional Japanese Theater Genre That’s Like ‘Rocky Horror’: Ver The Rocky Horror Picture Show é uma experiência de fandom participativo que se recomenda, um quebrar das barreiras que separam espetadores da obra. Mas no Japão, o que para nós é uma raridade, é uma tradição. https://www.atlasobscura.com/articles/taishu-engeki-theater-japan

Closer Than We Think: 40 Visions Of The Future World According To Arthur Radebaugh: É sempre interessante revisitar as visões retro-futuristas de Radebaugh, que nos anos 50 criou visões do que na altura se pensava de como seria viver no futuro. https://designyoutrust.com/2018/12/closer-than-we-think-40-visions-of-the-future-world-according-to-arthur-radebaugh/

Tecnologia


AI autocompletes Windows 95 startup tune: Ah, belas recordações dos tempos do Windows 95. Agora destruídas por um algoritmo que transformou o som de arranque numa melodia. https://algopop.tumblr.com/post/633774433545388032/ai-autocompletes-windows-95-startup-tune-heres
This Unidentified Plane Flew Over California. The Air Force Won't Admit It Exists.: Mas, mas... se está no ar, como não existe? Clássico dos militares. Na verdade, o The Aviotionist já tinha topado este drone secreto, e agora os fãs de aviação especulam sobre a sua identidade. Confesso algum flashback aos tempos do F-117. https://www.popularmechanics.com/military/aviation/a34552533/unidentified-plane-flies-over-california-rq-180-drone/

We Never Know Exactly Where We’re Going in Outer Space - Issue 92: Frontiers: No espaço, o que está lá pode não estar exatamente onde se pensa. Na vastidão tridimensional da mecânica orbital, localizar rigorosamente um destino é uma tarefa complexa e cheia de incertezas. http://nautil.us/issue/92/frontiers/we-never-know-exactly-where-were-going-in-outer-space


AI godfather Geoff Hinton: “Deep learning is going to be able to do everything”: A evolução das capacidades da inteligência artificial, vista por um dos criadores do campo. Que, note-se, sublinha que as mais complexas redes neurais empalidecem face à complexidade do cérebro humano.
https://www.technologyreview.com/2020/11/03/1011616/ai-godfather-geoffrey-hinton-deep-learning-will-do-everything/

This month, November 2020, the Pope requests that Catholic people worldwide pray "that the progress of robotics and artificial intelligence may always serve humankind": "We pray that the progress of robotics and artificial intelligence may always serve humankind". Bem, mas isso não vai lá com rezas. Vai com foco na Educação, e muito activismo cívico - os potenciais desmandos e abusos pelo uso de algoritmos, ou o espectro do alastrar dos inimpregáveis, substituídos por mão de obra robótica, não são tendências inelutáveis, são fruto de decisões humanas. O interessante é ver um representante religioso a usar a sua influência para puxar à reflexão. Mesmo impenitente ateu como sou, tenho um enorme respeito por este Papa, que está do lado certo da história. https://www.usccb.org/prayer-and-worship/prayers-and-devotions/the-popes-monthly-intention

#NãoPartilhes: pelo fim da partilha de conteúdo não autorizado: É uma tendência perturbadora, a devassa da intimidade através da partilha na internet de momentos íntimos, registados no contexto de uma relação. É fácil sucumbir ao moralismo do "se não queres que se veja, não tires a foto", mas o verdadeiro comportamento errado (e criminoso) está em quem, por despeito, piada ou má formação, partilha publicamente algo que foi criado no contexto de confiança de uma relação íntima.  https://shifter.sapo.pt/2020/11/naopartilhes/

Tarifário Lycamobile em Portugal vs Espanha e França: Que chatice, isto da internet. Com acesso à informação, podemos procurar dados, e com isso comparar e contrapor às narrativas institucionais. Esta análise de custos de planos de uma operadora virtual é uma forma de colocar em foco a rapacidade dos operadores móveis portugueses, que estrangulam o mercado com tarifas elevadas e estrangulamento de tráfego. Essencialmente, pagamos demasiado por muito pouco serviço. Algo aqui está a falhar, já há muito que se nota que o mercado das operadoras de telecomunicações está cartelizado e não opera sob princípios reais de competição económica. https://abertoatedemadrugada.com/2020/11/tarifario-lycamobile-em-portugal-vs-espanha-franca.html

Si no puedes mover una cueva, imprímela: en China hicieron una réplica transportable de las Grutas de Yungang con impresión 3D: É algo que faz todo o sentido, permite preservar e estudar o património histórico, bem como dá-lo a conhecer sem riscos de danos aos artefactos e espaços originais. Este é um exemplo decididamente grande da aplicação de digitalização e impressão 3D à arqueologia.
https://www.xataka.com/otros/no-puedes-mover-cueva-imprimela-china-hicieron-replica-transportable-grutas-yungang-impresion-3d

How artificial intelligence may be making you buy things: Não há aqui grande surpresa. As grandes cadeias usam todos os truques para maximizar as suas margens de lucro.
https://www.bbc.com/news/technology-54522442

Ink-Stained Wretches: The Battle for the Soul of Digital Freedom Taking Place Inside Your Printer: E, por falar em maximizar margens de lucro, talvez o maior exemplo do que empresas são capazes para extorquir todos os cêntimos possíveis dos consumidores esteja na indústria das impressoras. A impressora não imprime, com a mensagem de estar com cartuchos vazios apesar destes ainda terem bastante tinta? Não é bug, é marketing.
https://www.eff.org/deeplinks/2020/11/ink-stained-wretches-battle-soul-digital-freedom-taking-place-inside-your-printer

Top ten emerging technologies of 2020: Dez tecnologias emergentes, que poderão influenciar o nosso futuro.
https://boingboing.net/2020/11/10/top-ten-emerging-technologies-of-2020.html

Máquinas para dibujar: un recorrido histórico ilustrado de dispositivos mecánicos y ópticos: Para quem se interessa pela mecânica do desenho, um repositório de máquinas gráficas.
https://www.microsiervos.com/archivo/arte-y-diseno/maquinas-para-dibujar-historia-dispositivos-mecanicos-opticos.html

What Our Robots Tell Us About Ourselves: Mais do que o esperado. Construímos robots como forma de explorar novas dimensões da nossa personalidade.
https://www.theatlantic.com/technology/archive/2015/11/out-of-the-mouths-of-bots/417591/

Modernidade


Cruzeiro Seixas. Um homem num século: Recordar a vida e obra de Cruzeiro Seixas, nome maior do Surrealismo. Deixou-nos recentemente, mesmo na cúspide de celebrar o seu centenário.
https://shifter.sapo.pt/2020/11/cruzeiro-seixas-um-homem-num-seculo/

How To Stay Creative During COVID Lockdown: Será possível? Entre os traumas de viver numa pandemia e o isolamento, o impulso criativo tem sido daqueles que mais sofre. https://hbr.org/2020/11/how-to-stay-creative-when-life-feels-monotonous

Making Meaning: Toda a arte tem de ser relevante? A discussão é antiga, e divide-se entre os que acham que a arte tem de ter um papel social e educativo, e os que sentem que há algo mais primevo, pessoal, no impulso artístico.  https://harpers.org/archive/2020/11/making-meaning-garth-greenwell/

80 Years Ago, The Battle Of Britain, The First Military Campaign Fought Entirely By Air Forces, Ended: Recordar a batalha de Inglaterra, um dos momentos decisivos da II Guerra Mundial. https://theaviationist.com/2020/11/04/80-years-ago-the-battle-of-britain-the-first-military-campaign-fought-entirely-by-air-forces-ended/

Eat butterflies with me?: O esteta das obsessões, Nabokov. Que foi muito mais do que o autor do controverso (e mal compreendido) Lolita. https://www.lrb.co.uk/the-paper/v42/n21/patricia-lockwood/eat-butterflies-with-me

It might not feel like it, but the election is working: Quando escrevo estas linhas, ainda não se sabe quem foi o vencedor das eleições norte-americanas. No entanto, é de observar que no meio das idiosincrasias dos processos eleitorais americanos, o sistema está a funcionar, adaptando-se ao voto remoto e aos riscos de interferência eletrónica. https://www.technologyreview.com/2020/11/05/1011742/the-election-is-working/


What to Expect Next From Donald Trump: Essencialmente? Nada de discrição. Vai espernear e estrebuchar durante a transição para o novo presidente Biden, e vai continuar a espernear e estrebuchar, arregimentando tipos tão ou mais asquerosos do que ele, contribuindo para o ruído mediático. https://www.theatlantic.com/politics/archive/2020/11/trump-isnt-going-anywhere-after-bidens-victory/616988/

How Do You Know When Society Is About to Fall Apart?: Há quem sinta que as coisas estão a ir para o galheiro, e há quem estude isso. Uma análise aos académicos especialistas na decadência e queda de civilizações, que nos faz perceber que se estamos a viver tempos muito complicados, ao longo da história da humanidade a resiliência humana tem sido um elemento constante. https://www.nytimes.com/2020/11/04/magazine/societal-collapse.html

Four Seasons Total Landscaping becomes a VRChat hangout for furries: Quando a realidade é mais bizarra do que a ficção. Uma conferência de imprensa irreal de um Rudolph Giuliani em modo conspiração insana, no parque de estacionamento de uma loja de flores que tem um nome similar ao de uma cadeia de hotéis (nível you had one job para este erro: épico!), entre uma loja de brinquedos sexuais e um crematório. Não seria possível imaginar um parágrafo final mais adequado à piada triste e trágica que foi a presidência Trump. Podem ir experimentar o espaço em realidade virtual, porque internet, eis porquê. https://www.theverge.com/tldr/2020/11/9/21557029/four-seasons-total-landscaping-furries-vrchat-trump

9/11 remembered: Robert Fisk's close encounter with Osama Bin Laden, the man who shook the world: O relato arrepiante do encontro entre o lendário jornalista Robert Fisk e um carismático líder de grupos armados islâmicos. Poucos anos depois, deu-se o 11 de setembro, o que coloca esta entrevista em toda uma outra perspetiva. https://www.independent.co.uk/voices/9-11-osama-bin-laden-interview-robert-fisk-world-trade-center-attack-al-qaeda-terror-a8532256.html

The English Word That Hasn’t Changed in Sound or Meaning in 8,000 Years - Facts So Romantic: Intrigante, uma curiosa longevidade linguística. E no Português, teremos alguma palavra que se tenha mantido desde a noite dos tempos?
http://nautil.us/blog/-the-english-word-that-hasnt-changed-in-sound-or-meaning-in-8000-years

The Aesthetics of Retrieval: Beautiful Data, Glitch Art and Popular Culture: Começou por ser um movimento de apropriação do digital, desconstruindo a perfeição computacional com a indução propositada de erros e avarias. Agora é uma estética quase banal, habitual nos media e de fácil simulação. A glitch art não deixou de ser interessante, apesar de se ter tornado acessível.
https://www.anthropocenes.net/articles/10.16997/ahip.15/

School Wasn’t So Great Before COVID, Either: Uma análise fabulosa ao problema da educação à distância. Aplicado à realidade americana, mas nestas coisas, os problemas são transversais às sociedades. Os detalhes mudam, mas o essencial mantém-se. A mudança do ensino para o online, por muito que se queira, não foi um sucesso. Mostrou as profundas assimetrias de acessibilidade à tecnologia que os alunos têm. Mostrou também a enorme carga de trabalho a que os sujeitamos na escola - no confinamento, os pais e encarregados de educação depressa se queixaram do excesso de trabalho pedido aos seus filhos. Note-se que na maioria dos casos, era uma simplificação do que se fazia na aula. Pior, o modelo de educação à distância que ganhou tracção replica o pior do ensino presencial: o ensinar como preleção, com o professor a falar e os alunos a ouvir. Agora, mediados pela câmara da videoconferência: "Pandemic Zoom classes have also revealed the extent to which the teaching of young children today relies on flawed classroom approaches—teachers talking too much, kids not enough." O pior (sim, ainda há pior), é que se tornou moda, e os professores ou escolas que recusam este modelo e procuram trabalhar à distância de formas alternativas são violentamente criticados pelos pais e encarregados de educação, que se renderam ao modelo confortável de se tiver a criança em casa em isolamento ou confinamento, estaciona-se durante seis ou sete horas frente ao computador, a ouvir o professor (ando a sentir isto na pele desde março). Isto é muito preocupante. É o reduzir da educação à escolástica, com o regresso em força do modelo expositivo, sublinhado pela excessivsa importância dada à aquisição linear de conteúdos, como se construir conhecimento e adquirir capacidades fosse só meter bocadinhos de informação na cabeça. Tudo isto tem o condão de tornar a vida das crianças ainda mais miserável. Confesso que admiro enormemente os alunos que conseguem sobreviver à escolaridade com amor à aprendizagem.
https://www.theatlantic.com/magazine/archive/2020/12/school-wasnt-so-great-before-covid-either/616923/

quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Docteur Mystère. L'Integrale


 Alfredo Castelli, Lucio Fillipuci (2015). Docteur Mystère. L'Integrale. Milão: Mondadori Comics.

Uma brincadeira do eterno argumentista de Martin Mystére com um personagem algo homónimo vindo da literatura de aventuras populares italiana da viragem de século. Muito humor, tom revivalista, e referências literárias são o que caracteriza estas histórias-

The Mysteries of Milan: Um desaparecimento em Milão desperta a curiosidade do detective que ensinou a Sherlock Holmes tudo o que sabe. Parte daí uma aventura cheia de peripécias, onde os heróis terão de enfrentar uma terrível ameaça vinda do oriente. Docteur Mystére é um bem humorado pastiche, cheio de referências aos clássicos do fantástico, aventuras e proto-ficção científica. Algumas mais veladas, outras óbvias, como o ter Fu Manchu no papel de vilão principal. Nestas histórias, parte do jogo é perceber as referências, e há muitas para descobrir nesta caricatura simpática.

The War of the Worlds: Na segunda aventura do inefável doutor, uma viagem à lua irá revelar os seus estranhos segredos. As civilizações lunares e as suas relações com a Terra, bem como uma ameaça que paira sobre os terrestres, com a vontade de uma das civilizações lunares de invadir o nosso planeta. A sucessão é cómica e histriónica, cheia de referências à ficção científica (há uma batalha orbital que é essencialmente uma longa piada a Star Wars e Star Trek). Infelizmente, com tanto afã referencial e vontade de ter piada, esta segunda aventura de um personagem clássico da literatura de aventuras italiana da viragem do século XIX para o XX, perde muito a graça que almeja ter. Num pormenor autoreferencial, é curioso que Alfredo Castelli tenha decalcado visualmente o aspeto de Cigale, o eterno ajudante do Doutor Mystère, do seu personagem Martin Mystère.

terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Introducing Artificial Intelligence

Henry Brighton, Howard Selina (2010). Introducing Artificial Intelligence: A Graphic Guide. Londres: Icon Books.

Este livro já tem uns anos, e nota-se. Não aborda a corrente explosão da IA, com o alastrar de algoritmos de machine learning, deep learning e redes neuronais, bem como as suas progressivas aplicações. Mas não deixa de ser interessante, dando uma visão simplificada e ilustrada da evolução e tendências desta tecnologia, tocando mesmo em pontos muito complexos, como o que é realmente se define como "inteligência". 

domingo, 13 de dezembro de 2020

URL

Esta semana, fala-se de banda desenhada portuguesa, incluindo uma antevisão da próxima Apocryhus, e de H.P. Lovecraft. Descobrimos peças impressas em 3D para aviação, robots modulares e vídeo gerado por inteligência artificial. O passado da arte e as ruas do presente cruzam-se no Google Streetview, descobre-se o xadrez unidimensional, e visita-se uma Londres em confinamento. Estas e outras histórias, nas Capturas da semana.

Ficção Científica e Cultura Popular

Syd Mead: Sempre futurista. https://70sscifiart.tumblr.com/post/633896538586906624/syd-mead

Esta história aos quadradinhos também se conta em português: Uma análise à banda desenhada portuguesa, mostrando que é um género que, apesar das dificuldades de um mercado diminuto, está com imensa força criativa. https://gerador.eu/esta-historia-aos-quadradinhos-tambem-se-conta-em-portugues/

16 of the Most Inspiring Cityscapes in Science Fiction: O urbanismo ficcional é um dos mais fascinantes aspetos da ficção científica. https://io9.gizmodo.com/16-of-the-most-inspiring-cityscapes-in-science-fiction-1845517770

Apocryphus // Monstro!: A boa notícia é que a Apocryphus regressará com os eventos, agora suspensos pela pandemia. A má, é que teremos que aguardar. Mas, para aguçar a curiosidade, o editor deste que é dos melhores projetos de BD portuguesa da atualidade, deixa-nos um teaser com uma das histórias que poderemos ler na próxima edição da Apocryphus. http://apocryphusproject.com/2020/10/29/apocryphus-monstro/

Robert Tinney, 1981: O pormenor da diskette minuaturizada. https://70sscifiart.tumblr.com/post/633658707886112769/robert-tinney-1981

Como envelheceu a primeira “Novela Gráfica” a popularizar este termo?: Bem, Will Eisner não envelhece. É, por muitas razões, um clássico canónico da banda desenhada. O ter sido um dos primeiros a criar o que hoje denominamos de romance gráfico é mais um dos aspetos que o tornam fundamental. https://bandasdesenhadas.com/2020/10/31/como-envelheceu-a-primeira-novela-grafica-a-popularizar-este-termo/

Um ensaio sobre o terror: cru, sarcástico e muitas vezes sangrento: Sobre o gosto pelo ecrã tenebroso, o cinema de horror como prazer culposo. https://shifter.sapo.pt/2020/10/um-ensaio-sobre-o-terror/

Peter Gudynas, 1982: Pois, anos 80. Tudo era gritante. E levemente feio. https://70sscifiart.tumblr.com/post/633681414237437954/peter-gudynas-1982

One of Dracula's Often Overlooked Inspirations Is the Indian Vetala: As lendas indianas sobre criaturas malévolas e a sua potencial influência no clássico de Bram Stoker. Se bem que a influência, a existir, poderá ter vindo das histórias de Richard Burton, que simplificaram as lendas originais hindus para os leitores vitorianos. https://www.atlasobscura.com/articles/monster-mythology-vetala

The Tragedy of H.P. Lovecraft: Revisitar a obra de um autor que quase ficou esquecido, mas se tornou, postumamente, um dos pilares fundamentais do terror na literatura e cinema. http://voyagesextraordinaires.blogspot.com/2020/10/the-tragedy-of-hp-lovecraft.html

Tecnologia


Airbus firm Satair delivers certified metal printed flying spare part: Peças impressas em 3D não são novidade na aviação, aqui o inesperado (mas a fazer todo o sentido), é o seu uso para resolver problemas de fluxo de reparação. Com dificuldades em encontrar peças de substituição, a manufatura aditiva é uma excelente solução.  https://3dprintingindustry.com/news/airbus-firm-satair-delivers-certified-metal-printed-flying-spare-part-178231/

Experimenting with Automatic Video Creation From a Web Page: Encontrar um bom texto e sintetizá-lo em vídeo poderá tornar-se um processo automático, com este novo algoritmo da Google AI.  http://feedproxy.google.com/~r/blogspot/gJZg/~3/74zfVk2YBt4/experimenting-with-automatic-video.html

Metal Spheres Swarm Together to Create Freeform Modular Robots: Robots esféricos modulares capazes de se unir para formar estruturas complexas. Faz lembrar o T-1000, não faz? https://spectrum.ieee.org/automaton/robotics/robotics-hardware/freebots-spheres-swarm-robots

Who Gets Credit For Art Created By AI?: Na verdade, isto é uma não-questão. Arte gerada por IA não é clicar no botão e pronto. Implica treinar modelos, ou seleccionar dos já treinados. Os resultados também não são automáticos, há sempre um processo de selecção que assenta nas escolhas estéticas de quem usa o algoritmo. Mas discutir isto retira a aura de pós-humanidade que gostamos de atribuir à inteligência artificial.  https://www.forbes.com/sites/evaamsen/2020/10/26/how-we-talk-about-ai-affects-who-gets-credited-for-ai-art/#cf7684e1f49d

What it's like to get locked out of Google indefinitely: É o problema dos gigantes da internet. Se considerarem que violamos as suas muitas vezes opacas regras, bloqueiam-nos o acesso. E, com isso, perdem-se anos de informação pessoal e profissional. https://www.businessinsider.com/google-users-locked-out-after-years-2020-10

Ford Uses Terrifying Robotic Dogs to 3D-Map Factory: O título é clickbaity, mas a notícia é mais comedida. O intrigante é o uso de robots para digitalização 3D de uma fábrica, para tornar o processo de reequipamento mais eficaz. https://www.caranddriver.com/news/a33438246/ford-robotic-dogs-3d-map-factory/

Estudo | Robots podem roubar empregos ao sector do jogo e do turismo: Ok, esta é inesperada. Uma análise do possível impacto da robótica na indústria do jogo macaense. No fundo, tudo o que for automatizável, sê-lo à. https://hojemacau.com.mo/2020/11/04/estudo-robots-podem-roubar-empregos-ao-sector-do-jogo-e-do-turismo/

Disney Research Makes Robotic Gaze Interaction Eerily Lifelike: É de notar que este desenvolvimento técnico se aplica à animatrónica, onde os robots são programados com movimentos específicos. Mas não deixa de ter o seu quê de uncanny valley https://spectrum.ieee.org/automaton/robotics/humanoids/disney-research-robotic-gaze

Modernidade


Classic Paintings in Google Street View: Para os amantes de arte, há um certo frisson quando se está numa rua e nos apercebemos que já a vimos, num quadro num museu. Esta galeria que sobrepõe pintura clássica e imagens do Street View mostra-nos a colisão entre geografia e história de arte.
https://www.juxtapoz.com/news/classic-paintings-in-google-street-view/

The cheap pen that changed writing forever: Histórias da ubiqua esferográfica, que não se limitam à mais conhecida de Laszlo Biro. 
https://www.bbc.com/future/article/20201028-history-of-the-ballpoint-pen?ref=upstract.com&curator=upstract.com&utm_source=upstract.com&utm_medium=web

How to play 1-dimensional Chess: No clássico Star Trek, fomos introduzidos ao xadrez tridimensional. Agora, podemos jogar xadrez unidimensional, uma variante inesperada do jogo milenar. https://gumroad.com/l/1DChess

In Isolation, Listening To The World: Um mergulho na diversidade cultural e musical das rádios online, onde é possível ouvir sonoridades de todo o mundo. https://www.nytimes.com/2020/10/31/at-home/global-radio-stations.html

Former US Navy fighter pilot explains why TOPGUN fines aviators $5 each time they quote the iconic 1986 film 'Top Gun' starring Tom Cruise: Porque os militares não têm sentido de humor? Até têm, mas o importante é sublinhar a aparência profissional da escola Top Gun. Onde... os pilotos vão mais alto, até à zona do perigo, sempre com necessidade, necessidade de velocidade. Desculpem, este filme de história pateta, atores canastrões, militarismo exorbitante e fabulosas cenas aéreas é um dos meus prazeres culposos. https://www.businessinsider.com/why-navy-topgun-school-fines-people-for-top-gun-quotes-2020-9

City of London – October 2020: Londres, e todo o reino unido, regressam ao confinamento. Um último passeio pelas ruas da City, antes do recolhimento. https://alondoninheritance.com/londonvistas/city-of-london-october-2020/

Extremely obscure aeroplanes we have so far neglected: Aquelas aeronaves que voaram, mas raramente se ouvem falar. Algumas são decididamente inesperadas, como o avião desenvolvido unicamente para o instituto geográfico francês. Algo diz que não foi um sucesso comercial. https://hushkit.net/2020/10/31/extremely-obscure-aeroplanes-we-have-so-far-neglected/

“The New Europe”: Propostas para uma Europa unida, após a I Guerra. Uma união pan-europeia radial centrada em Viena. É curioso notar a ausência da península ibérica, escandinávia e ilhas britânicas desta utopia de europa unida. https://www.futilitycloset.com/2020/11/04/the-new-europe/