terça-feira, 27 de outubro de 2020

Comics: Wars; Goddess Mode; ArkWorld

Giampiero Casertano (2020). Wars. Graphic Sha Comics.

O trabalho de Giampiero Casertano, um dos desenhadores da equipe Dylan Dog, agora noutro registo, o das histórias de guerra. Mas não esperem relatos empolgantes dos campos de batalha. Estas histórias são bizarras e fantasmagóricas, verdadeiras weird war stories. No Afeganistão, uma patrulha soviética salva uma rapariga dos mujahedin para se descobrir numa cidade lendária, e é levada à morte pelos poderes da jovem. Nas Falkland, um oficial dos Royal Marines tenta perceber porque é que as patrulhas de um oficial Gurkha geralmente regressam sem sobreviventes, e voluntaria-se para uma missão arriscada, descobrindo que afinal o gurkha é uma criatura mítica nepalesa que se alimenta de sangue. Na invasão de Granada, uma patrulha americana é surpreendida por alguns resistentes grenadinos, e um dos soldados é salvo por um amigo que não vê há algum tempo. Esse amigo conta-lhe coisas que mais ninguém sabe, perdoa-lhe o ter sido roubado da mulher atraente pelo sobrevivente, e pede-lhe que viva a sua vida. Horas depois, num hospital de campanha, o sobrevivente descobre que o amigo foi abatido na primeira vaga da invasão. Resta-lhe regressar a casa, para uma mulher grávida, que não sabe que o marido é estéril. Três histórias estranhas, desenhadas no traço fluído de Casertano.


Zoe Quinn, Robbi Rodriguez, Rico Renzi (2019). Goddess Mode, Vol. 1. Vertigo.

Visualmente muito interessante, com um estilo colorido, luminoso e garrido que mistura estéticas cyberpunk, mangá e glitch. A história parte de uma excelente premissa. Num mundo futuro onde todos estão dependentes de uma inteligência artificial à escala global, detida por uma mega-corporação, para conhecimento, entretenimento e até sobrevivência, há uma convergência entre a realidade física e a virtual através de manifestações de misticismo. É pegar na ideia de código computacional como análogo às incantações de magia e incorporar numa história onde adolescentes combatem os demónios que se escondem no código virtual. O desenvolvimento narrativo é simplista, mas o traço e a cor mantêm-se sempre num elevado nível de exuberância.


Josh Blaylock, Travis Hymel, Jasen Smith /2020). ArkWorld #01.  Milwaukie: Devil's Due. 

Uma premissa curiosa, que pega nos mitos contemporâneos sobre teorias de antigos alienígenas e civilizações superiores da antiguidade. No presente, é normal descobrir-se artefactos tecnológicos milenares, mas essas descobertas são abafadas por uma organização secreta. No passado profundo, grandes civilizações que precederam a antiguidade vivem numa prosperidade assente em tecnologias deixadas por deuses antigos, cuja ciência mal compreendem. Mas há uma conspiração em marcha, e um jovem apaixonado ver-se-á metido no meio dela. Não é uma leitura extraordinária, mas é divertida. Brinca com ideias que geralmente estão associadas às alucinações dos fãs de teorias da conspiração, sem se levar muito a sério. Este é o inicio da série, serve para lançar as bases do mundo ficcional e despertar o interesse, e deixa em aberto o que virá a seguir.