quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Batman: The Dark Knight: The Master Race


Frank Miller, Brian Azzarello, Andy Kubert (2018). Batman: The Dark Knight: The Master Race. Nova Iorque: DC Comics.

Tendo em conta o caráter progressivamente ranzinza dos argumentos de Frank Miller, temi que este Master Race fosse levado muito à letra, nalguma aventura em que Batman combateria terroristas islâmicos ou liberais. Não segue esse caminho, felizmente, e esta é uma boa história da personagem, continuando o mundo ficcional de Dark Knight Returns. Continua a ser um futuro próximo onde os heróis estão proscritos. Os grandes isolaram-se e exilaram-se, mas começa a haver complicações quando a filha de Super-Homem e Mulher Maravilha procura as suas raízes alienígenas, explorando a fortaleza da solidão em que o pai se isolou, nos gelos árticos. Recebe um pedido de ajuda da cidade kriptoniana de Kandor, miniaturizada e mantida dentro de uma garrafa, e acredita estar a ajudar alistando os serviços de Ray Palmer para reverter a miniaturização. Algo que liberta os antigos kriptonianos, mas na verdade estes são uma seita religiosa que proclama a sua supremacia, assassina os conterrâneos que não os seguem, e exigem a submissão do planeta.

Entretanto, na cidade de Gotham, a sucessora de Batman é uma proscrita, ao combater a violência policial sobre as minorias. Mas quando a ameaça se torna premente, apenas o génio e inflexibilidade de Bruce Wayne dão uma hipótese contra os novos invasores. Algo que irá remexer nos brilhos do passado, e recuperar heróis no exílio. O que se segue são um conjunto de batalhas que envolvem os velhos heróis e as amazonas, que culminará na previsível derrota dos vilões, e no surgir de novos heróis - a sucessora digna de Batman, e a filha do Super-Homem, cuja aproximação ao racismo da sua herança kriptoniana colide com a honra clássica do seu lado de amazona e, ganhando humildade com a experiência, resta-lhe aprender a ser humana.

Uma história divertida, mas não excelente. Soa a tentativa de estabelecer uma nova continuidade DC dentro dos parâmetros do universo Dark Knight Returns. Nada de inesperado, as editoras são mesmo assim, testam mercados. O argumento a duas mão de Miller e Azzarello toca nalguns pontos interessantes, especialmente na forma como retratam o mundo da informação mediada por ecrãs televisivos, em si um dos aspetos mais interessantes da obra original. A visão dos heróis clássicos, mais envelhecidos, com algumas rugas, azedume e experiência é talvez um dos elementos intrigantes nesta série. No entanto, está demasiado dentro dos padrões dos comics de linha para se tornar verdadeiramente interessante. A linha narrativa é previsível, percebe-se logo nas primeiras páginas qual a direção que segue. Fiquemo-nos com o que é um divertido regresso a este universo, e pouco mais.