segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015
Comics
The Dying and The Dead #01: Hickman anda em grande. Após Manhattan Projects e East of West, séries que não terminaram, volta a aventurar-se na Image com uma prometedora série high weird. Conspirações, cabalas de homens poderosos, artefactos misteriosos e civilizações subterrâneas colidem neste novo título. Que, refira-se, está visualmente esplendoroso. Mais um a manter sob o radar.
The Multiversity Guidebook #01: Ufa, que já fazia falta. Mergulhar nos delírios de Grant Morrison sem um mapa a guiar estava a tornar-se demasiado penoso. O que sobressai deste guia é que põe a nu a avassaladora pesquisa que Morrison teve de fazer para povoar as suas cinquenta e duas Terras paralelas. Vai buscar de tudo, desde os clássicos Earth-2 aos mundos Elseworlds, as coisas muito estranhas dos anos 60 e 70 com os Bizarroworld e séries alternativas, cartoons televisivos ou os Tiny Titans. Recupera também nos seus mundos originais os personagens da Charlton Comics que Alan Moore metamorfoseou em Watchmen. Nem se esquece do Batman 1889 do Mike Mignola para criar uma Terra paralela steampunk. Mas a minha Terra favorita é esta Terra-33, onde não há seres com super-poderes mas que exerce uma estranha influência sobre todo o multiverso. Diz-se, até, que os sonhos dos habitantes desta Terra se materializam como realidade nas terras paralelas... yep. Só Morrioson para nos entreter com psicadelismo filosófico a questionar o tecido do real.
The Unwritten Apocalypse #12: Terminou. Ainda bem, porque o brilhantismo meta-ficcional da série foi esticada até aos limites. Por pouco não ia colapsando, vítima da sua popularidade. Mike Carey soube levar o barco e encerrou as pontas soltas neste arco com uns muito simbólicos doze números. E termina, de vez, com as aventuras de Tommy Taylor, o homem que tem um pé no real e outro na ficção. Depois de onze números que reúnem todos os personagens icónicos da série na luta contra a ameaça de dissolução total, Carey ata as pontas soltas da forma mais implacável possível, dando-nos um final feliz que não inclui o principal personagem, que desaparece da memória e dos livros, num esquecimento sacrifical auto-induzido que garante a continuidade da realidade. Como nota final Carey termina a história onde a começou, há anos atrás, mas com o perverso pormenor de a recontar sem a personagem-chave que unificava os episódios. Se por um lado esta série andou demasiado próxima de descarrilar por saturação, por outro o fino humor metaficcional vai deixar saudades.