O Profblog é uma leitura curiosa. Escrito por um docente da Escola Superior de Educação de Santarém, poderia ser um espaço de debate sobre os problemas da educação enquanto sistema. Curiosamente, não é o caso. A prosa caracteriza-se por um sectarismo profundo de propaganda mal amanhada, traindo uma visão vitoriana de uma sociedade em que alguns deverão ter privilégios merecidos e os restantes uma resignação tipo deus, pátria e família às tristes sortes que lhes calharem. Revela um particular ódio por qualquer ideia de entreajuda social ou de aposta numa sociedade mais justa. É pena. Ler argumentos contrários ao que se pensa ou acredita é importante, em nome do debate e desenvolvimento de ideias, mas quando os argumentos se resumem ao papaguear de ideias baseadas em míseros ódios pessoais, qualquer debate torna-se impossível.
A estranheza dos argumentos atingiu-me quando escreveu sobre o modelo de avaliação de docentes, afirmando que este premeia show-offs e não trabalho meritório. Em poucas palavras, traiu uma visão da educação baseada na memorização para testes e desvalorizou qualquer trabalho pedagógico que ultrapasse essa especificidade e dê aos alunos experiências diferentes e inovadoras. Altamente ofensivo para aqueles que, como eu, procuram equilibrar as necessidades do currículo com o estimular nos alunos de aprendizagens diferentes, mostrando-lhes ferramentas contemporâneas e utilizando o digital como elemento de criatividade. Mas há mais pérolas: um perfeito estado de negação das consequências dos problemas ambientais, uma visceral visão da esquerda que não ficaria nada mal nos panfletos nacional-socialistas, e uma opinião paradoxal da parte de um docente de uma instituição pública que forma futuros professores para a escola pública que mostra uma crença na total inutilidade da escola pública valorizando apenas as instituições privadas para preparar bem as crianças. Da última pérola que li só apetece perguntar: de certeza que o alargamento até aos dezoito anos é inútil? Porque não acabar com essa estupidez que é o alargamento da escolaridade obrigatória até aos quinze anos? Útil seria que a grande massa do lumpen soubesse apenas ler e escrever, e que houvessem escolas específicas para preparar aqueles que têm mérito (pais com condições económicas) para se tornarem a elite do país.
O nível de cretinice saído destes e doutros posts é tão elevado que se fosse escrito como comédia não seria tão divertido. Por mim, que fale à vontade. Liberdade de expressão ainda não é daqueles direitos sociais que os mais troikistas que a troika estão a tentar abolir. Ainda...