segunda-feira, 17 de outubro de 2011
Survival City
Tom Vanderbilt (2010). Survival City: Adventures among the Ruins of Atomic America. Chicago: Chicago University Press.
No mundo contemporâneo assolado por crises financeiras e ambientais, a noção de aniquilação atómica é uma memória distante. A quantidade de ogivas disponíveis ainda é grande e colocam-se perigos de proliferação em estados que inspiram pouca confiança, mas o peso da imagem de destruição total do planeta numa orgia de mísseis cruzando os céus em poucos minutos após uma chatice terminal entre os líderes de duas potências ficou remetido ao estatuto de curiosidade histórica. No entanto, subsistem vestígios: ainda vastos arsenais nucleares e conjuntos arquitectónicos desactualizados.
É na arquitectura muito própria da era atómica que o ensaio de Vanderbilt se centra. Visitando antigos bunkers de comandos, silos de mísseis descomissionados e abrigos de sobrevivência improvável à aniquilação total, o autor mergulha-nos na arquitectura de betão reforçado, aço e cálculos de sobrevivência a forças esmagadoras incomensuráveis. O resultado é uma viagem pela arqueologia recente por entre aldeias erguidas para testar os efeitos de explosões atómicas, silos de mísseis que agora são casas chic subterrâneas ou cavernas húmidas onde componentes electrónicos obsoletos se degradam, centros de comando ainda hoje em utilização, sintomas de um vasto complexo enterrado sob o solo americano construído para tentar a sobrevivência perante o impossível.